Lu Thomaz
Lu Thomaz
Em tese, coração ralado em curva mal feita cura com porre de Jack ou viagem de moto, com a primeira opção não obtive o efeito desejado, aliás, muito pelo contrário, então parti para a outra opção: Patrick reserva minha vaga na varanda da Leda.
Ainda dentro da caixa de constatações (não reclamo, só constato) informo que em novembro a resposta foi NÃO, para os meus desejos mais importantes, diante deste cenário, achei que precisava mesmo era pegar estrada em viagem solo e tomar um banho de mar.
Mochila arrumada – aquela com os malditos cacarecos que sempre levo e nunca uso, tudo amarradinho na garupa da Preta, destino Ilhabela, litoral norte de São Paulo.
Sábado de manhã, o sol parecia que não ia dar as caras, mandei uma bicada de café para dentro e segui pelo Anchietão, peguei a saída para a Imigrantes, e rapidamente cheguei ao litoral, de lá segui as dicas do Renatão Lobo Mau : “Primeiro vai seguindo sentido Guarujá, tem um farol na pista, pega para a esquerda, se passar por cima da ponte, errou” ....
Desta vez fiz por gosto ir pela Rio-Santos para curtir a estrada que vai beirando o mar.
Estava justamente a pensar que sempre trago uma bandana “reserva” mas que desta vez esqueci e maldizendo os deuses por isto, algumas outras caraminholas me passavam pela cabeça.
Em sentido contrário veio uma CB 400 inteirinha e o piloto me cumprimentou, como se fazia nos velhos tempos, gostei.
Fiz uma parada para abastecer onde julgo ser mais ou menos o meio do caminho – Riviera de São Lourenço – pedi um café e uma coxinha (não importa em qual boteco da galáxia eu esteja, vou querer café e coxinha),
Aproveitei para ir ao banheiro, tá bom, é muita informação, mas é para contar que achei uma bandana vermelha... pendurada atrás da porta.
Bandana com cara de nova, agradeci a dádiva à Nossa Sra da Graxa, amarrei a bandana no cinto e segui viagem na maior cara larga.
Curti a estrada e passei pelas praias badaladas do litoral norte paulista, com direito a uma garoa rápida um pouco depois da Riviera, no mais teto baixo, sem chuva.
A sessão nostalgia ficou por conta da praia de Boissucanga (“Boichuvanga”) quando passei pela Padaria da Ponte não pude deixar lembrar do saudoso evento do Lobos MC que sempre reunia a bikerzada da melhor qualidade.
De Boissucanga para Maresias tem aquela famosa serrinha com muitas curvas , belos cotovelos e paisagens luxuriantes.
Respeitei o limite da via – 60 km/h, e 40 km/h mas imaginei os meus heróis, o Eullão e o Jacaré dando um show naquelas curvas, mas como eu sou eu ... o bonito mesmo, é chegar sem cair e nem morrer, então me contive...
A estrada requer bastante cuidado, pois até Caraguá, é curva sem miséria e muito sobe e desce, o visual é lindo, mas não é muito seguro parar para fotografar ou curtir a paisagem pois há pouco ou nenhum acostamento, eu também, não tenho muita paciência para fotos...
Na espera da Balsa conversei com o casal Sérgio e Lu que a bordo de uma Boulevard também resolveram curtir o sábado, eles vieram pela Tamoios e pegaram a maior chuva ...me dei bem vindo pela Rio-Santos.
Desembarquei na Ilha, não lembrava nem o nome da praia e muito menos o nome da rua onde o Ick mora, Só sabia que era sair da Balsa e ir para a esquerda, parei no posto e o frentista adivinhou o nome da rua AlgumacoisaINA Oliveira onde eu queria chegar me ensinou o caminho, cheguei facinho.
Fui recebida pelo Ick, Cacá , Maria Flor (filhota do casal), Leda e o Sujeira, a Cacá passou um café fresquinho ficamos de converse na varanda da Leda, preparamos um rango e seguimos para a Vila pois alguém tinha que trabalhar.
O Ick abre a IlhaBela Inck - Loja de Tatoo todo fim de semana e capricha nas cores.
Demos um role na Vila e jogamos âncora lá no studio onde já de caso pensado, aproveitei para fazer umas tatoos também, não posso ir à Ilha e voltar sem nenhum “rabisquinho”.
Minhas tatoos ficaram prontas na madruga, fechamos “o lojinha” e a Leda nos recebeu em casa com pipoca de panela.
No domingão dormi até acordar e estava um dia maravilhoso e vento gelado, resolvi tomar um banho de mar, não gosto de água fria, nem de praia , sol e areia, mas devidas às circunstancias achei prudente tomar um banho de mar para espantar o voodu, que estava um marzão gelado, estava.
Depois foi mochila na garupa e estrada de novo, o bom é que moto não pega fila na balsa, a viagem de volta foi bem boa também, respeitei a estrada, as curvinhas são caprichadas.
Subi pela Anchieta só pelo gostinho das curvas conhecidas, não tinha trânsito e vim bem.
No topo da serra já fazia aquele frio tradicional da Sweet Home São Bernardo.
Lá pelas 19h30 eu já estava em casa, viagem de moto é sempre uma viagem solitária, bom para avaliar situações, colocar os “arquivos” em dia, pensar na vida, pedir bandanas aos deuses, deixar alguma tristezinha teimosa largada no acostamento e curar coração ralado.
Tá bom, não cura de tudo, tudo, mas que é bom demais, isto é!
Making-off
Você, mina biker ou garupinha, sua bandana vermelha está sob meu poder.
Trem Sobrenatural – diz que vocês fizeram um viajão para Foz do Iguaçu no último feriadão, acho que as fotos são tudo Photoshop e a galera ficou escondida em casa, êita que tô com dor de cotovelo do viajão de vocês, mas adorei que me ligaram de madrugada para desejar feliz aniversário.
A Via Anchieta, é uma das minhas estradas favoritas, de um jeito ou de outro o Anchietão sempre me leva pra casa.
Saudações Encardidas,
Lu Thomaz é uma motociclista inveterada, encardida e “harleyra” de carteirinha, uma verdadeira apaixonada por motos clássicas. Assumiu o guidão em 2001 e não largou mais. Hoje é uma grande colecionadora de viagens e causos sob o ponto de vista feminino. Blog: http://blogdaencardida.blogspot.com Email: luencardida@gmail.com
IlhabelaInk
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