Vendas começam 2009 em baixa
Em janeiro foram emplacadas 124 mil motos, 14,78% inferior ao mesmo período de 2008.
Por Leandro Alvares
Por Leandro Alvares
Aldo Tizzani
Os números de emplacamentos divulgados nesta semana pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave) revelam que o mês de dezembro registrou aumento de vendas só no setor de automóveis, com um crescimento de 5,11% em relação a dezembro. No total, foram comercializados 158.255 carros, reflexo da redução da alíquota de IPI e IOF.
Já o setor de duas rodas continua em queda. No primeiro mês do ano foram emplacadas 124.067 motocicletas, um recuo de 14,78% se compararmos com o mesmo período de 2008.
Apesar das turbulências do mercado, a venda de motocicletas no último mês fez deste janeiro o segundo melhor da história, só perdendo para janeiro de 2008. “A retração do setor é motivada pela análise mais criteriosa das financeiras na aprovação das fichas cadastrais, o que tem limitado o volume de financiamentos e, consequentemente, as vendas”, afirma Sérgio Reze, presidente da Fenabrave.
Segundo o representante dos distribuidores de veículos, o Brasil tem hoje uma economia estável. Além disso, não há bancos em dificuldades, muito menos a indústria automobilística com problemas, pedindo dinheiro ao Governo. Na visão dele, há certa falta de comunicação.
De um lado o consumidor quer comprar, porém o crédito está restrito. De outro, os bancos querem mais garantias. “Para termos um maior volume nas vendas do setor de duas rodas é preciso destravar o financiamento”, destaca Reze.
Na visão do empresário o problema não está na falta de procura, muito menos no preço da moto, mas sim na ampliação das linhas de crédito. “Precisamos criar um mecanismo que garanta o pagamento da dívida, por exemplo. Algo atrelado ao seguro desemprego ou outro tipo de seguro que esteja vinculado à aquisição da motocicleta”.
Mudança de hábito
Em função dos altos juros e também das regras restritivas de crédito, o mercado de duas rodas deu uma desacelerada. “Hoje, o consumidor está mais exigente. Ele visita a concessionária, vê a moto, pede uma simulação de financiamento, mas mesmo assim continua reticente”, explica Antônio Carlos Canova, vendedor da concessionária Yamaha Siri Motos da capital paulista.
Para ele, janeiro foi melhor que dezembro, mas ele concorda que está difícil conseguir financiamento. “Até setembro de 2008 vivemos em uma bolha de consumo. Todos podiam comprar uma motocicleta. De dez fichas enviadas para a financeira, nove eram aprovadas. Hoje as coisas mudaram, só duas recebem resposta positiva”, explica. Ressalta ainda que aumentaram as vendas à vista.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Antônio Carneiro Neto, vendedor da concessionária Honda Comstar (SP) acredita que não foi o perfil de consumidor que mudou, mas sim as regras ficaram mais rígidas. “Hoje, de dez fichas enviadas para análise, três, quatro são aprovadas”, conta o vendedor. Carneiro também afirma que muitos clientes da marca estão esperando a chegada dos novos modelos 2009.
Dados do setor
Em 2007 foram emplacadas 1.708.640 motos, ano passado 1.925.514 e para 2009 a projeção é de 1.958.248 novas motocicletas circulando por ruas, avenidas e estradas. Representando um crescimento tímido, de apenas 1,70%. Na visão de Sérgio Reze, se o mercado de duas rodas produzir os mesmos resultados de 2008, o “setor está no lucro”.
No ranking das montadoras, a Honda reina absoluta. Só em janeiro a montadora vendeu 88.544 motos, o que representa 71,37% do mercado. Já a Yamaha tem 11,98% do mercado no primeiro mês do ano, com 14.863 unidades emplacadas.
Em terceiro lugar vem a Suzuki com 6.664 motos vendidas (5,37%). No vácuo está a Dafra, com 5.776 motos comercializadas em janeiro (4,66%). Para fechar o ranking, a Sundown com 3,46% de participação no segmento e 4.291 motos vendidas.
Já que o assunto são as vendas, o veículo mais vendido no país ainda é a Honda CG 150 Titan. No primeiro mês do ano foram emplacadas 31.726 unidades da popular da Honda. Muito à frente do VW Gol (17.876), o carro mais vendido do Brasil.
Na sequência vêm as Honda CG 125 Fan (27.676) e a Biz 125 (11.993); a Yamaha YBR Factor (9.191), a Honda CBX 250 Twister (4.355) e a NXR 150 Bros (6.487), além da Suzuki Yes 125 (4.129) e Honda Pop 100 (3.047).
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