André Pinto Garcia
No último dia 18 de março, por volta das 16h00, quando ia buscar minha esposa no trabalho, fui parado na avenida dos Bandeirantes (SP), no cruzamento com a avenida Luiz Carlos Berrini e a rua Funchal.
Jamais na minha vida, graças a Deus, tive uma arma mirada para a minha cabeça e nunca imaginei que essa arma seria de um policial. Isso mesmo, um policial. Que com muita truculência me abordou, desligou minha motocicleta, mandou eu tirar o capacete e colocar as mãos na cabeça para eu levar uma geral.
Que o policial deve fazer o seu trabalho, não tenho dúvida. Além disso, pago muitos impostos para ter segurança. Que o policial vive sob tensão e encontra-se no “fio da navalha”, também tenho consciência. Mas não admito ser abordado de tal maneira, não sou bandido e sequer cometi qualquer atitude suspeita. Estava tão somente pilotando minha motocicleta.
Liguei a moto para colocá-la em ponto morto, tirei o capacete e não coloquei as mãos na cabeça; identifiquei-me. Numa discussão rápida com os dois PMs, pude constatar que todos são bandidos até que se prove o contrário.
Pergunta: se a arma tivesse disparado, quem educaria e sustentaria meus três filhos? Nem mencionarei o drama emocional. O mais interessante foi ouvir dos policiais que eu não estava respeitando-os e que existe advogado bandido tentando justificar tal truculência.
Aliás, a pequena discussão surgiu quando me apresentei como advogado. Assim como me apresentaria como médico, dentista, administrador, ou qualquer outra profissão. Foram segundos de desespero, nos quais tentei demonstrar que era do bem.
Perguntaram-me se eu era mais do que os outros para não tomar uma geral. Por fim, autorizei a geral, mas estava com muita pressa e atrasado. Sei que existe um procedimento para se revistar um cidadão, começando por uma abordagem respeitosa, na qual a pessoa possa se identificar.
Da forma como foi feita, sinto que a atitude dos policiais foi para denegrir a imagem do cidadão. Uma ação que, além de desrespeitosa, é traumática e configura abuso de autoridade.
Parece que quem dirige a Policia Militar está equivocado. E o responsável pela Polícia Militar do Estado de São Paulo é o Governador José Serra.
Quer risco maior do que um policial rodoviário abordar um veículo que, normalmente, vem em alta velocidade e tem toda uma estrada pra fugir? Já fui abordado por policial rodoviário inúmeras vezes, inclusive em excesso de velocidade, confesso, e jamais tive uma arma apontada pra qualquer parte do meu corpo.
Diante de minha reação, ambos os policiais foram embora antes mesmo de eu ligar minha motocicleta. Desde o ocorrido, não há policiais militares naquela região, que tem alta incidência de assaltos.
Não tem sido fácil ser cidadão. Por um lado temos medo da delinqüência, que cresce abruptamente, diante da omissão estatal. De outro, a polícia que ao invés de ganhar nosso respeito faz de tudo para ganhar nossa repugnância.
O “motonauta” André Pinto Garcia participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
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