Tiradentes (MG) resgata história com Museu da Moto
Acervo de 85 motos exibe desde modelo belga de 1909 até uma das primeiras Honda CG 125. Biblioteca e espaço para restauração estão nos planos
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Desde os 15 anos, Rômulo Filgueiras coleciona tudo que está relacionado ao mundo das duas rodas: miniaturas, revistas e livros. Depois vieram chaveiro, apontador, imã de geladeira, sempre com a temática moto. Hoje, aos 57 anos, o comerciante mineiro tem mais 3.000 itens. Com o passar do tempo, a paixão pelas motos – que é hereditária, já que os pais rodavam na década de 1950 a bordo de Java 175cc 1956 – se tornou obsessão e deu origem ao recém-inaugurado Museu da Moto de Tiradentes (MG). O acervo particular conta com 85 motos – 66 expostas, algumas sendo finalizadas outras em fase de restauração. Há réplicas, modelos históricos, militares, agrícolas, Vespas e Lambretas.
Montado em um casario que fica a 300 metros da estação ferroviária, ponto turístico da cidade, o museu tem sete cômodos que somam 360 metros quadrados de área e cria toda uma atmosfera saudosista. Além das motos, o espaço traz miniaturas, peças, placas e utensílios em formato de motos.
Acervo abrangente
O acervo mineiro apresenta exemplares nacionais e importados de extrema relevância à cultura motociclística. Destaque para a FN, de 1909, com side-car feito em vime. A moto belga traz motor monocilíndrico com menos de 5 cv de potência, farol a carbureto e, como diferencial, transmissão por eixo-cardã, sistema que ficou imortalizado nos modelos BMW. Aliás, no museu mineiro há vários modelos da marca alemã fabricados entre as décadas entre 1950 e 1980.
Há ainda uma Indian Chief 1946 com câmbio manual e uma Harley-Davidson Flathead 1947, com suspensão Springer (molas aparentes) na dianteira. Outras raridades ficam por conta de exemplares fabricados na Hungria, Belarus, Rússia, Inglaterra e na extinta Tchecoslováquia. Muitas dessas marcas se perderam no tempo.
O Museu da Moto de Tiradentes exibe também a 29ª moto Honda produzida no Brasil. Segundo Rômulo Filgueiras, a CG 125 “bolinha” modelo 1976 é a mesma usada pelo rei Pelé na campanha de marketing do lançamento da moto.
O acervo conta ainda com uma réplica do Celerífero (1790), veículo de madeira de tração humana, com roda de carroça e que só se movimentava em linha reta. Rômulo Filgueiras também está providenciando a réplica de uma Draisiana, de 1813. Feito em madeira, o veículo já contava com guidão, sistema de endurecimento da direção e com regulagens da altura do assento. Só como analogia, seria a moto dos “Flintstones”, desenho animado sucesso nas décadas de 1970 e 1980.
Cultura da moto
O próximo passo do Museu da Moto de Tiradentes é ter uma biblioteca para pesquisa e ainda uma sala de restauração. Em função de toda esta literatura será possível remontar uma moto como se fosse zero quilômetro, seguindo os padrões de originalidade conforme as publicações e catálogos de época.
“Além apresentar a evolução tecnológicas das motos, temos o prazer de ‘reacender a chama’ do motociclismo, já que muitas pessoas que passam por aqui têm alguma história, algum laço, alguma boa recordação sobre duas rodas. Queremos preservar as máquinas e amplificar estas boas histórias”, conta, emocionado, Rômulo Filgueiras, que é um misto de garimpeiro e historiador quando o assunto é o mundo das duas rodas.
Hoje, o Museu da Moto abre suas portas conforme a agenda de eventos da cidade mineira. Por isso, para conferir as datas de funcionamento siga a página do museu no Facebook: fb.com/museudamotomg. O endereço é av. Gov. Israel Pinheiro, 35, Tiradentes (MG). Ingresso: R$ 10 para adultos. Crianças não pagam.
Outros museus de moto no Brasil que valem a visita
Além do Museu da Moto, aberto recentemente na charmosa Tiradentes (MG), há outras coleções particulares muito interessantes expostas em todo o Brasil. Confira algumas delas:
- Gallery 275 – Petrópolis (RJ)
Quer conhecer motos fabricadas no Brasil entre as décadas de 1970 e 1990. O Museu de Motos “Gallery 275”, que fica em Petrópolis (RJ), conta com um acervo mais de 100 motos – de 50 a 1.100cc. No galpão de 600 metros quadrados é possível encontrar algumas raridades, entre elas, as Yamaha YB50, DT125 e R5 250; as Honda SS50, ST70 e CJ 250; as Suzuki A50, A100 e integrantes da família GT (185, 250 e 380). Além do único exemplar no Brasil da Kawasaki A1 1970 Special 250cc.
“Isso aqui é uma parte importante da história da motocicleta no Brasil. Isso aqui é minha vida. Aqui tem muito amor, dedicação e horas de trabalho”, finaliza Guaraci Silva, dono do acervo.
O “Gallery 275” fica na Rua Cândido Portinari, 275, Bairro Mosela, Petrópolis (RJ). Informações, acesse gallery275.com.br ou ligue para (24) 2235-8512. Ingresso: R$ 15.
- Museu de motocicletas BMW – Curitiba (PR)
Em junho de 2011 foi inaugurado o Museu de Motocicletas BMW Curitiba (PR). Com dois andares, cada um com 350 m², o É considerado um dos cinco principais do mundo em termos de tamanho e qualidade de sua coleção. O local reúne um acervo de 40 motos que fazem uma viagem pela história que vai de 1923 até o ano 2000. É considerado um dos cinco principais do mundo em termos de tamanho e qualidade de sua coleção.
A moto mais antiga é uma R 32, ano 1923, a primeira moto fabricada pela BMW. A coleção traz ainda o revolucionário C 1, scooter com capota produzido em 2000 e a primeira G 650 GS produzida no Brasil. Outro destaque fica por conta da R 17, ano 1937, modelo mais raro do Museu BMW de Curitiba. Apenas 430 unidades da R 17 foram produzidas.
O museu só abre para grupos fechados de no mínimo 20 e no máximo 40 pessoas com agendamento prévio. Fica na rua José Naves da Cunha, 144, Seminário. Informações e visitas, acesse: colecaobmwcuritiba.com.br.
- Museu Duas Rodas – Visconde de Mauá (RJ)
Já no Museu Duas Rodas, que fica na região de Visconde de Mauá (MG), é possível conhecer mais veículos antigos entre motocicletas, ciclomotores, bicicletas motorizadas etc. A coleção que abriga mais de 90 modelos teve início na década de 1970 e hoje é um dos acervos mais representativos do País. Pena que as veículos ficam em um galpão estreito, onde as motos ficam apertadas, quase uma em cima das outras.
Entre os destaques traz a primeira motocicleta quatro cilindros em linha industrializada no mundo; uma FN de 498 cm³ de capacidade cúbica, além de dezenas de motos de competição.
Há ainda vários modelos de marcas distintas, entre elas: Ducati, Norton, DKW, Moto Guzzi, Vespa, Java, Harley-Davidson, Wanderer, Velo Solex e Csepel. Alguns exemplares são do início do século passado. Vale o passeio, já que o museu fica dentro de um parque de esportes de aventura. Museu Duas Rodas s/nº - Alcantilado - Visconde de Mauá (MG). Informações, acesse: museuduasrodas.com.br.
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