Setor de duas rodas tem reação tímida

Apesar da redução da Cofins, mercado espera ampliação do crédito para voltar a crescer.

Por André Jordão

Aldo Tizzani

Desde 1º de abril, as motocicletas até 150cc estavam isentas do pagamento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A medida, que valia até 31 de junho, fez com que as vendas do setor crescessem 9% no período. Mas, assim como fez com os incentivos ao mercado de automóveis, o governo federal prorrogou a isenção da Cofins por mais 90 dias, até setembro.

No balanço do primeiro semestre foram emplacadas 765.734 motocicletas, 134.369 só em junho, segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Comparando os acumulados de 2009 e de 2008, as vendas do setor de duas rodas tiveram uma retração de 19,49%. De maio para junho, a queda foi bem menor, de apenas 0,28%. Mesmo com a isenção da contribuição, a reação do mercado ainda é tímida.

Outro fator que deve dar uma “injeção de ânimo” no setor de duas rodas é a liberação de R$ 100 milhões para os motofretistas pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Dentro de um mês, a linha de crédito estará disponível para os motociclistas profissionais por meio da Caixa Econômica Federal.

“Agora está sendo estudada pelo banco qual a melhor forma de tornar disponíveis os empréstimos para o consumidor final. Após a definição destes detalhes, os motofretistas já poderão comprar seu veículo de trabalho com financiamento de 100% do valor, ou seja, sem ter que dar entrada”, comemora Moacyr Alberto Paes, diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

Cada motofretista poderá financiar o veículo em 24, 36 ou 48 meses, respeitando o teto financiável de até R$ 8.500,00.  “O consumidor majoritário do segmento duas rodas é das classes C e D, e sofreu com a exigência de entradas no valor de 20% para a compra de motocicletas. Esperamos, com essa liberação, uma mudança no quadro e um segundo semestre bem mais aquecido”, completa o diretor da entidade.

Pois o maior entrave para a retomada do crescimento, segundo Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, ainda é a falta de crédito. “O setor enfrentou dificuldades devido à falta de capacidade cadastral dos consumidores de motocicletas. De dez fichas enviadas aos bancos, sete são reprovadas. Hoje, a restrição é muito grande por parte das instituições financeiras”, explica Reze.

Redução da Cofins

Com relação à prorrogação da isenção da Cofins, Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, afirma que o impacto é muito pequeno: aproximadamente R$ 200,00 no valor final do produto. “Não repercute muito no volume de vendas, até porque não há uma grande redução no valor das parcelas do financiamento. A reação efetivamente se dará quando o consumidor também tiver uma maior confiança na estabilidade econômica”, conclui o presidente da Fenabrave, dizendo que qualquer ação elaborada para reaquecer o mercado é altamente positiva.

Já Paulo Takeuchi, presidente da Abraciclo, afirma que após a redução da Cofins as vendas de motocicletas cresceram 9%, no comparativo com os três primeiros meses do ano. “A manutenção da medida é importante para que o setor continue se recuperando e deve contribuir para que saiamos fortalecidos dessa crise”, declarou Takeuchi. Confiante na retomada do crescimento, o presidente da Abraciclo completou: “a medida será mantida até setembro, quando, normalmente, já temos um aumento nas vendas e um aquecimento do setor”.


Fonte:
Agência Infomoto

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