Sem querer, me apaixonei pelas duas rodas

O internauta Ricardo Avelino conta como começou a andar de moto, na garupa de sua mulher.

Por Roberto Brandão

Ricardo Avelino de Oliveira

Sempre achei muito interessante esse mundo sobre duas rodas, porém tinha pavor de ao menos chegar perto de uma moto. Todo esse pavor eu devia ao fato de minha mãe ser avessa a essa história de moto. Sempre me contava (e me conta ainda) histórias de pessoas que perderam a vida andando de moto, que ficaram paraplégicos, que ficaram com alguma seqüela advinda de um acidente de moto e por ai vai.

Dou total razão pelo fato dela se preocupar com isso, ainda mais em tratando do nosso trânsito, onde ninguém respeita ninguém, onde todos brigam pelo melhor espaço na rua, onde regras parecem não existir. E a mesma pergunta sempre vem à tona, porém sem uma resposta definitiva: Quem é o culpado, o motociclista ou o motorista de carro? A verdadeira resposta é que um quer ser mais que o outro. O respeito, a educação e o valor a vida parecem não ter importância quando o assunto é o trânsito.

Essa minha paixão por motos começou de verdade no final do ano de 2006, quando conheci minha atual namorada. Ela tinha moto (tem até hoje) e sempre me convidava para uma volta, mas eu sempre negava. Dizia que tinha pavor de moto e que ela jamais iria me ver em cima de uma. Ela morava numa casa, aqui na minha cidade, que não tinha garagem. Então, para guardar a moto, ela utilizava a casa de uma amiga, que ficava um quarteirão de distância da casa dela.

Quando ela ia levar a moto nessa casa, ela descia em cima da moto e eu a pé do lado acompanhando. Essa rotina continuou por uns três meses. Ela sempre dizia para eu subir na moto e como sempre, eu negava e continuava acompanhando a pé, ao seu lado.

Numa noite quente de novembro, daquelas que é impossível ficar dentro de casa, ao sair de um curso que na época eu fazia, resolvi parar em uma chopperia com meus amigos. A minha namorada já estava lá com as amigas. Eu não sou de beber, mas aquela noite estava convidativa. Acabei abusando do chopp.

A certa hora da noite, aquela inesperada chuva de verão atinge nossa cidade. Foi uma correria só. Ao saber que ela estava de moto, tentando bancar o cavalheiro (já com umas na cabeça) ofereci de imediato a chave do meu carro e falei para ela que iria com a moto para ela não se molhar. É obvio que ela não deixou. A chuva diminuiu e fomos embora (ela de moto e eu de carro).

Chegamos a casa dela e ela foi tomar um banho e tirar a roupa molhada. Eu fiquei na sala esperando. Quando ela terminou, algo tomou conta de mim e sem pensar fiz-lhe uma pergunta: Me leva para dar uma volta de moto? Ela não acreditou e não de bola. Eu insisti e ela acabou me levando dar uma volta na garupa às duas horas da manhã. Juro que no começo fiquei morrendo de medo, pois o asfalto ainda estava um pouco molhado. Mas aos pouco fui relaxando e acabei curtindo a volta. Desci da moto com as pernas tremendo.

No outro dia, já com o efeito do álcool zerado, fiquei com aquilo na cabeça. Será que foi o álcool que me deu coragem para andar de moto? Imediatamente liguei pra minha namorada e fui ate a casa dela. Chegando lá, pedi para que fosse buscar a moto porque eu queria que ela me levasse para outra volta. Ela não tava acreditando no que estava ouvindo e mais do que depressa descemos à casa da amiga para buscar a moto.

Fiquei apaixonado ao sentir o vento e a sensação de liberdade que a moto nos trás e pude constatar que eu estava começando a gostar dessa historia. Depois de um tempo andando na garupa, pedi para deixar eu ir dirigindo. Ela não queria deixar pelo fato de não saber andar e não ter habilitação. Mas depois de muita insistência ela deixou. Fui devagarzinho e andei um bom tempo. Pronto, não adiantava mais. A paixão pela moto já estava confirmada.

Esperei as festas de fim de ano passarem e as famosas contas do começo do ano acabarem e me matriculei numa Auto Escola somente para tirar carta de moto. Em junho de 2007 chegou a minha habilitação categoria AB. No dia seguinte, me dirigi até uma concessionária e já encomendei a minha moto. Uma semana depois do pedido, ela chegou, para o desespero da minha mãe e alegria da minha namorada.

Dirigir moto é uma delicia. É um prazer sem igual. É sentir o verdadeiro significado da palavra liberdade. Mesmo assim, não me esqueço das “famosas” histórias que minha mãe contava. Mas sempre piloto equipado, devagar e muito atento, buscando sempre a paz no trânsito. Essa é minha história.

O “motonauta”  Ricardo Avelino de Oliveira participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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