Renascidas das cinzas

Conheça algumas marcas seculares de motocicletas que faliram e voltaram à ativa apostando no motociclismo

Por Paulo Souza

Conheça algumas marcas seculares de motocicletas que faliram e voltaram à ativa apostando em sua rica história no motociclismo

Roberto Brandão Filho

Na história das motocicletas, as marcas europeias e americanas aparecem como as mais importantes, pois criaram a cultura do motociclismo. Porém a tradição e a história não foram suficientes para suportar a concorrência das motos japonesas, que se espalharam pelo mundo na década de 1960, e muitas dessas fábricas do início do século XX foram à falência. No entanto, com dinheiro de investidores muitas delas ganharam fôlego e voltaram à vida, fabricando novos modelos com a essência do passado. Conheça algumas histórias sobre as marcas seculares que estão de volta à vida e poderão até chegar ao Brasil.

Norton Motorcycles
A inglesa Norton Motorcycles começou suas atividades na cidade de Birminngham, em 1898, com James Lansdowne Norton produzindo correntes para bicicletas e motocicletas. Quatro anos depois, em 1902, a marca passou a fabricar motos utilizando motores de outras empresas como base. Em 1908, a Norton passou a produzir motocicletas completas, ou seja, com seus próprios motores.

No entanto, como a maioria das fabricantes européias, a Norton não resistiu à competitividade das companhias japonesas (Honda, Yamaha, etc) e faliu em meados da década de 1970. Depois de diversas tentativas de renascimento, finalmente, em 2009, a marca se reergueu após ser adquirida por Stuart Garner, um empresário inglês, fã da marca. Depois de um processo de reestruturação da empresa, a Norton Motorcycles voltou a produzir em uma fábrica próxima a Donington Park (famoso circuito britânico) em 2010. Dois anos depois, com o aumento lento, porém gradativo, da produção de três versões da clássica Norton Commando (Commando 961SF, Commando 961 Café Recer e Commando 961 Sport), a empresa expandiu seus negócios pela Europa e também para os Estados Unidos.

Moto Morini
As marcas italianas estão entre as mais famosas do mundo, ainda assim foram as que mais sofreram com a competitividade japonesa, muitas delas fechando as portas. Um exemplo é a Moto Morini, fundada em 1937 por Alfonso Morini, na cidade de Bolonha. A Morini ainda conseguiu manter-se na ativa até 2009, quando a marca foi liquidada e suas últimas motos leiloadas em 2011.

No começo de sua história, Alfonso Morini construiu motocicletas junto com Mario Mazzetti, com o nome de MM. Em 1987, a Moto Morini foi comprada pela Cagiva e em 1996 foi adquirida pelo Texas Pacific Group, que também estava no controle da Ducati. Já em 1999, os direitos do nome Moto Morini foram comprados pela Morini Franco Motori Spa, empresa de um sobrinho de Alfonso Morini, fundada em 1954.

Em março de 2012, uma boa notícia. A Moto Morini anunciou sua volta ao mercado com a produção de uma edição especial, chamada Rebello 1200 Giubileo. Agora, em 2014, a marca já conta com cinco modelos em sua linha de produção, com vendas espalhadas pela Europa. Todas as novas motocicletas, ano 2014, compartilham o mesmo motor V Twin de 1.200cc, capaz de gerar 135 cavalos de potência.

Horex
Tradicional fabricante alemã de motocicletas, a Horex foi fundada em 1920 por Fritz Kleemann, depois que o jovem sonhador instalou um motor de 63cc de apenas um cavalo de potência em um quadro de bicicleta pré-fabricado. Daí, em 1923, nasceu um sonho. Utilizando as letras “HO”, uma abreviação de Bad Homburg, cidade alemã onde a marca surgiu, e a palavra REX, nome da loja de jarras de vidro de seu pai, o jovem Kleemann, de 24 anos, fundou a Horex.

Naquele momento, a Horex construía as motocicletas e utilizava motores de quatro tempos da Columbus. Em 1925, as duas empresas se fundiram e, a partir daí, a Horex passou a fabricar suas motos por completo. Assim como aconteceu com diversas outras marcas européias, a segunda grande guerra interrompeu a produção de motos da Horex. No entanto, em 1948, a companhia retomou os trabalhos e começou a produzir um dos modelos mais icônicos de sua história, o SB 35 Regina, com motor de um cilindro e 350cc.

Já em 1956, devido às quedas das vendas dos novos modelos, a Horex descontinuou a produção de motocicletas e começou a fabricar ciclomotores, scooters e peças para a Daimler-Benz (fabricante de automóveis alemã). Em 1960, a Daimler-Benz comprou a Horex e a produção de motocicletas foi encerrada.

O retorno da marca aconteceu em 2010, durante o Intermot, tradicional Salão de Motos que acontece em Colônia, na Alemanha, quando a Horex apresentou um novo modelo, a Horex VR6 Roadster. Mais tarde, no final de 2013, a marca anunciou mais duas versões da motocicleta, adicionando as Horex VR6 Classic e VR6 Café Racer 33 LTD à sua linha de produtos na Europa. Atualmente, há concessionários da marca na Alemanha, Suíça e na Áustria.

Indian Motorcycles
A bancarrota de grandes marcas não foi um fenômeno exclusivamente europeu. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos com a Indian Motorcycles fundada em 1901 – cujo nome até 1923 era Hendee Manufacturing Company. A marca foi a primeira fabricante de motocicletas dos Estados Unidos, cuja sede original ficava na cidade de Springfield, no estado de Massachusetts. Em 1906, uma motocicleta Indian foi equipada com o primeiro motor V2 fabricado nos Estados Unidos. Pouco tempo depois do início de sua história, na década de 1910, a marca já havia se tornado a maior fabricante de motocicletas do mundo.

Em 1916, a Indian focou seu trabalho no envio de mais de 40 mil motocicletas para as forças armadas aliadas durante a primeira grande guerra. Em 1919 foi criada a Scout com motor V2 em versões de 600 a 1200 cm³. Outro ícone da marca, a Indian Chief, foi fabricado entre 1922 e 1953. No entanto, 1953 foi o último ano de atuação da Indian Motorcycles. Após a segunda Guerra Mundial, para a qual a marca também enviou motocicletas, a Indian sofreu para reintroduzir seus modelos no mercado e, após muita batalha, anunciou a falência no fim de 1953.

Desde então, a marca passou na mão de diversos empreendedores que tentaram, sem sucesso, recolocar a Indian no mercado de motocicletas. Até que, em 2011, a Polaris Industries – principal fabricante de UTVs e ATVs dos EUA e dona da Victory Motorcycles - adquiriu os direitos da empresa e reergueu a lendária Indian Motorcycles. Logo que assumiu as atividades da Indian, a Polaris anunciou a produção de um novo motor, o Thunder Stroke 111 – um V-Twin com cilindros a 49° de 1811cc capaz de produzir 15,3 kgf.m de torque – e prometeu um novo modelo, a Indian Chief.

Então, em 2013, a empresa honrou sua palavra e também surpreendeu. Ao invés de lançar apenas uma nova motocicleta, apresentou uma família inteira durante o tradicional encontro motociclístico de Sturgis, no estado da Dakota do Sul, nos Estados Unidos. Compartilhando o mesmo motor, mas oferecendo estilos diferentes, a Indian revelou os modelos Chief Classic, a Chief Vintage e a Chieftain, que já estão sendo vendidas nos Estados Unidos. De acordo com a Polaris, a Indian Motorcycles deve chegar ao Brasil em breve, talvez ainda este ano.

Fotos: Divulgação


Fonte:
Agência Infomoto

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