Radiais ou convencionais: qual pneu escolher?

Pneumáticos são os itens mais importantes de sua moto, mas existem diferenças entre as diferentes tecnologias

Por Aladim Lopes Gonçalves

Roberto Brandão Filho

Pode não parecer, mas os pneus de sua motocicleta são um dos equipamentos mais importantes – se não o mais – para uma pilotagem segura e confortável, tanto na cidade quanto nas estradas ou circuitos. Atualmente existem dois tipos de “calçados” para moto: o convencional (ou diagonal) e o radial. Suas diferenças vão além do nome, mas muita gente desconhece este fato. Então, como escolher o melhor pneu para sua motocicleta?

Radial versus Convencional
Há alguns anos, a tecnologia de pneu radial ainda não havia chegado à maioria das motocicletas do mercado nacional, por ser mais caro de produzir e desenvolver, e também por ser utilizado com maior freqüência nas motos de alta cilindrada. Já os pneus de construção diagonal são mais comuns por isso, chamados de convencionais. Esse tipo de tecnologia pode ser encontrada na maior parte das motocicletas de baixa cilindrada e nas de uso off-road.

No entanto, com as vendas de motos de média e alta cilindrada aumentando a cada ano, as fabricantes de pneus estão oferecendo cada vez mais opções de pneus com os dois tipos de construção. E não só isso. Estão procurando mesclar segurança, conforto e durabilidade na construção de seus pneus.

Mas, quais são as diferenças, vantagens e desvantagens de cada tipo? Antes de entrarmos nesse mérito, temos que compreender a maneiracomo cada pneu é construído e para que tipo de utilização foi desenvolvido.

Construção
A nomenclatura de cada pneu diferencia sua construção e isso não significa que um seja melhor que o outro, mas sim que eles têm aplicação e uso diferenciados. O pneu é chamado de convencional quando a carcaça é composta por lonas sobrepostas e cruzadas umas em relação às outras (daí alguns chamarem os pneus de diagonais). Os cordonéis que compõem essas lonas são fibras têxteis (tecido). Neste tipo de construção, a lateral dos pneus, os flancos, são solidários à banda de rodagem. Quando o pneu roda, cada flexão dos flancos é transmitida à banda de rodagem, conformando-a ao solo.

Já nos radiais, além da estrutura têxtil, uma cinta de aço é disposta paralelamente à linha central da banda de rodagem; os fios metálicos formam um ângulo de 0° com a linha central. A “leitura” do piso é obtida através dessa cinta de aço. Por ser uma carcaça única, não existe fricção entre lonas – apenas flexão – o que evita a elevação da temperatura interna do pneu, aumentando assim sua durabilidade e desempenho.

Principais diferenças
Os pneus convencionais, utilizados na maioria das motocicletas do mercado nacional, têm uma variedade maior de aplicação. Podem ser usados em motos de menor capacidade cúbica, em motos próprias para o off-road, mas também em trails, como na Yamaha XT 660R. Os calçados convencionais são mais resistentes a impactos e conseguem aguentar maior carga na banda de rodagem. Por outro lado, a banda de rodagem tem um desgaste mais rápido (menor quilometragem), já que a temperatura interna do pneu é alta por conta da fricção entre as lonas e a má condução de calor do material têxtil; suas deformações podem prejudicar a estabilidade da motocicleta.

Já os pneus radiais são indicados para motos que atingem altas velocidades e precisam de desempenho, estabilidade e aderência nas retas e nas curvas. E isso ocorre graças à maior rigidez das cinturas de aço na banda de rodagem e à maciez dos flancos laterais.

Além disso, a superfície de contato é maior, melhorando a aderência, tração, capacidade para absorver imperfeições do piso e poder de frenagem. Os pneus radiais apresentam também uma maior resistência a perfurações, devido às cinturas de aço que o protegem. O fato das lonas não se friccionarem evita um aumento de temperatura dentro do pneu. Aliando este benefício a sua rigidez, a durabilidade é aumentada, economizando mais dinheiro a longo prazo.

Tecnologia avançada
Com uma maior procura dos motociclistas brasileiros por desempenho e com o surgimento das “mini-esportivas” de 250 e 300 cc, marcas como Michelin e Pirelli foram as primeiras a desenvolver pneus radiais para motocicletas consideradas de baixa cilindrada. Uma evolução no mercado, já que alguns anos atrás esse tipo de pneu estava disponível apenas para motos maiores.

Assim como o mercado, as motos também evoluíram. Sendo assim, as fabricantes de pneumáticos tiveram que encontrar novas tecnologias para a construção de seus calçados. Uma novidade no mercado nacional é a tecnologia “Dual Angle 2AT” (duplo ângulo) da Michelin, presente no recém-lançado mundialmente Pilot Road 4 GT (para motocicletas grã-turismo). A novidade mescla a construção diagonal com a radial.

“Segurança, durabilidade e prazer em dirigir são itens que se devem levar em conta na hora de produzir um pneu. Se o pneu tende muito para durabilidade, provavelmente irá perder em desempenho. Se o pneu é desenvolvido pensando em aderência – como os de pista – ele perderá a durabilidade. Essa balança é difícil equilibrar e as novas tecnologias da Michelin englobam todas essas características”, disse Gabriel Caldas, gerente de marketing da Michelin na América do Sul.

Com isso em mente, a nova tecnologia, voltada para motocicletas grã-turismo – como a BMW R 1200RT, a qual vem equipada com o pneu Pilot Road 4 GT de fábrica – une o que há de melhor em cada tipo de pneu. Sendo assim, segundo a marca, a tecnologia 2AT oferece a capacidade de carregar carga extra – como passageiro, bagagens –, aderência ao asfalto em todas as condições e bom desempenho em alta velocidade do pneu radial. Além disso, garante maior quilometragem dos pneus, algo importantíssimo para motocicletas desse segmento, que são projetadas para longas viagens.

Escolha do pneu
Antes de comprar um novo pneu para sua motocicleta, lembre-se que cada estrutura, seja radial ou convencional, foi pensada para utilizações diferentes. Portanto, nada melhor que usar como base as informações presentes no manual de proprietário da motocicleta. Utilizar um pneu que não seja o ideal para sua motocicleta pode comprometer sua segurança e mudar completamente o comportamento de sua máquina.

Diferenciar a estrutura do pneu pelo lado de fora é bastante complicado. Para facilitar a visualização, os fabricantes utilizam códigos. Por exemplo, o pneu traseiro da Honda CG 150 é o Pirelli City Demon nas medidas 90/90 - 18. O “-” indica que se trata de um pneu convencional (ou diagonal). A “grã-turismo” BMW R 1200 RT, por exemplo, vem equipada com o pneu Michelin Pilot Road 4 GT 190/50 R 17. O “R” sinaliza que o pneu tem estrutura radial. Já os números referem-se à largura (em milímetros), altura e o aro da roda, respectivamente.

Fotos: Divulgação


Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br