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Opinião: O Brasil não pode mais crescer

19 de March de 2008

Os sucessivos recordes de trânsito no dia-a-dia do paulistano demonstram que a malha viária da cidade de São Paulo já não suporta o crescimento acentuado da frota de veículos, hoje na casa dos seis milhões. Este é o retrato emblemático de uma crise ainda maior, relacionada à falência da infra-estrutura de transporte e logística no país.

A situação se agrava se colocada diante do virtuoso crescimento econômico em curso, que demanda um novo ciclo de investimento, sob o risco de o Brasil não ter mais por onde crescer.

O quadro atual pode ser entendido a partir da constatação de que a expansão do PIB (Produto Interno Bruto), soma de todas as riquezas produzidas pelo país, tem reflexo direto no aumento brutal do número de veículos em circulação.

Basta dizer, por exemplo, que a frota de carros na capital paulista cresceu 25% nos últimos 10 anos, período em que a infra-estrutura viária foi ampliada em apenas 6%. A prioridade ao transporte individual acaba por gerar uma situação de colapso, a ponto de comprometer os investimentos feitos em estradas e no transporte público.

Mais do que nunca, é preciso pensar urgentemente em um projeto de competitividade para ganhar em qualidade. Afinal, sem a logística adequada aos desafios de ser um dos protagonistas da nova ordem econômica mundial, é improvável que o Brasil consiga escoar tudo o que produz, gerando uma espécie de ‘apagão logístico’. Ao não conseguir fazer frente à concorrência das demais nações emergentes, o país fica sob a ameaça de não embarcar nesta onda.

O obstáculo a ser enfrentado agora pressupõe criar condições de infra-estrutura para o Brasil não parar de crescer. Este novo ciclo de investimento, no entanto, não pode ter uma dimensão exclusivamente política, sob o risco de não envolver grande parte dos interessados.

Além da coalizão entre todos os níveis governamentais, o projeto de competitividade deve contemplar também os setores produtivos, os principais beneficiados por esta etapa de crescimento.

A participação da iniciativa privada deve, é claro, ser mediada pelo Estado, o que pressupõe conceder incentivos fiscais ou mesmo acelerar a implantação das PPPs (Parcerias Público-Privadas), uma saída que ainda caminha de maneira bastante incipiente. Entre deveres e obrigações, restaria aos empresários a garantia de que todo o investimento em logística seria compensado com os benefícios futuros.

As primeiras iniciativas de cooperação entre diferentes esferas de poder sinalizam um amplo caminho a ser percorrido. Em São Paulo, por exemplo, é louvável a parceria entre Estado e município, explicitada no investimento de R$ 1 bilhão que a Prefeitura deve fazer na ampliação da rede de Metrô, de competência estadual. É um primeiro passo, mas ainda insuficiente.

Para o Brasil ter condições de crescer no ritmo esperado — e possível —, é preciso dar vazão a este pacto de investimento em infra-estrutura em transportes.

Aldo Demarchi (DEM-SP) é deputado estadual e presidente da Comissão de Transportes da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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