As medidas anunciadas pela Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo essencialmente buscam melhorar a gestão do trânsito e embutem a perspectiva de melhorias dos corredores de transporte urbano sobre pneus.
Trata-se de ações com alguma importância para reduzir um pouco os efeitos do crescimento acelerado do número de veículos nas ruas, o que acarreta longos congestionamentos e entraves para a mobilidade da maioria das pessoas nas cidades.
Outras medidas podem e devem ser tentadas, inclusive formas que restrinjam ou desestimulem o uso de automóveis e motos. Porém, voltando aos termos do que disse o vice-presidente da AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô), Emiliano Stanislau Affonso Neto, em entrevistas recentes sobre os pedágios urbanos e rodízios de placas de veículos, estas serão soluções paliativas, que não resolvem a situação.
“Será preciso definitivamente colocar a questão da mobilidade urbana dentro de uma visão de abrangente, incluindo os grandes sistemas de transporte de massa que dão conta de movimentar as grandes metrópoles”, acentua.
A AEAMESP tem reafirmado ser preciso também tornar nacional a questão do travamento urbano. As cidades são os pólos mais dinâmicos da economia e não podem perder competitividade, sob risco de trazer problemas para a própria competitividade do país.
Para a diretoria da entidade, é preciso defender com mais vigor a idéia de que os grandes sistemas de transporte urbano e metropolitano devem receber recursos da União. Países como a Espanha, Coréia e China estão tratando de ampliar suas respectivas malhas de metrôs a partir de grandes investimentos feitos pelos respectivos governos centrais.
A cooperação nesta hora pode tirar dessa questão grave o caráter eleitoral — neste caso, contraproducente — que tende a assumir. Naqueles três países, além do investimento do poder central, se consolidou uma união muito grande de todos os níveis de governo, em alguns casos, também com o auxílio da iniciativa privada.
Como ficou claro da 13ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, em 2007, mesmo os Estados Unidos mudaram a antiga visão de deixar o transporte coletivo em segundo plano, e estão colocando recursos federais significativos em projetos de infra-estrutura de transporte público urbano, com contrapartidas estaduais e locais.
Recentemente, o governo paulista anunciou um investimento de R$ 16 bilhões nos próximos quatro anos para aumentar a rede do metrô, requalificar os trens urbanos e adquirir novas composições e sistemas.
No metrô carioca, o operador privado promete investir na ampliação da rede para aumentar a oferta. O metrô de Brasília (DF) informa que vai inaugurar novas estações e também quer aumentar o número de passageiros transportados. Já o governo federal anunciou investimentos para construir ou ampliar os metrôs de Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS).
A AEAMESP reconhece que tais iniciativas são importantes para ampliar ou recondicionar os sistemas sobre trilhos, mas assinala que os esforços até significam apenas diminuição de um atraso de décadas. É preciso garantir as fontes de recursos permanentes para o setor e assegurar que tais recursos sejam efetivamente investidos, independentemente de questões conjunturais ou da vontade política de um ou de outro mandatário.
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