A pandemia de Covid-19 trouxe uma transformação profunda em diferentes setores, e o mercado de motos usadas não ficou de fora. Com restrições de transporte público, aumento das entregas por aplicativos e instabilidade econômica, a moto deixou de ser apenas uma opção de lazer ou deslocamento para se tornar, de fato, uma ferramenta de trabalho e independência.
O impacto foi tão forte que, em muitos períodos de 2020 e 2021, as motos usadas chegaram a valorizar em vez de depreciar, algo raro para veículos.
A explosão da demanda por motos
Três fatores principais explicam o salto nas vendas de motos usadas durante a pandemia:
- Aplicativos de entrega em alta – milhares de brasileiros buscaram nas plataformas de delivery uma nova fonte de renda, aumentando a procura por motos de baixa e média cilindrada.
- Medo do transporte coletivo – muitas pessoas preferiram ter sua própria moto para reduzir riscos de contaminação.
- Custo menor em comparação ao carro – com orçamento apertado, a moto usada passou a ser vista como a solução mais acessível para mobilidade.
Dados da Fenabrave mostram que, em 2021, as transferências de motos usadas cresceram mais de 17% em relação a 2019, ultrapassando 6 milhões de unidades.
Preços em alta: quando moto usada virou “ouro”
A combinação de alta demanda com baixa oferta fez o preço das motos disparar.
- Problemas de produção – as fábricas pararam ou reduziram ritmo, afetando a entrega de motos novas.
- Atrasos no licenciamento – dificultaram o giro de estoque em concessionárias.
- Pressão sobre seminovas – motos com poucos anos de uso passaram a custar quase o mesmo que modelos zero km.
Resultado: em 2021 e parte de 2022, motos usadas valorizaram de 10% a 20% acima do normal. Em alguns casos, uma CG ou Biz usada era vendida mais cara do que o preço sugerido para a nova.
Perfil dos compradores mudou
Outro reflexo da pandemia foi a mudança no perfil de quem buscava motos usadas:
- Antes: majoritariamente homens jovens, com foco em custo-benefício e lazer.
- Durante a pandemia:
- trabalhadores de aplicativos, precisando de motos baratas e resistentes,
- famílias adquirindo uma segunda moto para fugir do transporte público,
- consumidores mais velhos, que buscavam alternativa ao carro.
Isso ampliou o público do mercado de usados e consolidou a moto como veículo de massa no Brasil.
A moto como ferramenta de renda
Nunca ficou tão claro que a moto pode ser instrumento de sobrevivência econômica. Muitos trabalhadores que perderam empregos formais encontraram nos aplicativos de entrega uma saída.
- Modelos como Honda CG, Pop e Biz, além de scooters como Yamaha NMAX, foram os mais procurados.
- O fator decisivo era baixo custo de manutenção e alta durabilidade.
- Muitos lojistas passaram a oferecer condições facilitadas, como consórcios rápidos e parcerias com fintechs.
Tendência de digitalização das vendas
A pandemia também acelerou a digitalização:
- Plataformas online de classificados e portais especializados em motos usadas ganharam força.
- Vídeos de apresentação, fotos detalhadas e atendimento por WhatsApp se tornaram padrão.
- Soluções como o C6 Auto, ampliaram o acesso, com aprovação online e prazos estendidos.
Essa mudança permanece até hoje e trouxe mais agilidade e transparência ao mercado.
Desafios enfrentados no período
Apesar do aquecimento, nem tudo foi positivo:
- Golpes e fraudes cresceram com o aumento das vendas online.
- Falta de peças de reposição gerou dificuldade para manter motos usadas em dia.
- Altos juros dificultaram o acesso ao crédito para muitos compradores.
Esses obstáculos exigiram atenção redobrada de lojistas e consumidores.
Pós-pandemia: como ficou o mercado?
Com a retomada gradual da economia, algumas tendências se consolidaram:
- O mercado de usados segue aquecido, ainda que com preços mais estáveis.
- A procura por motos usadas continua forte em cidades, tanto por profissionais quanto por estudantes.
- O consumidor está mais exigente: busca histórico de manutenção, garantia estendida e financiamento flexível.
Ou seja, a pandemia pode ter passado, mas o impacto no comportamento de compra veio para ficar.
O que esperar para os próximos anos
Especialistas do setor apontam algumas projeções:
- Mais profissionalização dos lojistas – com atenção à experiência online e credibilidade.
- Integração com bancos digitais – financiamento e consórcios cada vez mais rápidos.
- Demanda contínua por baixa cilindrada – motos até 160 cc seguem dominando, com destaque para CG, Biz, Pop e scooters compactas.
- Valorização maior da manutenção preventiva – já que consumidores querem prolongar a vida útil da moto usada.
O legado das motos pós-pandemia
A pandemia transformou o mercado de motos usadas no Brasil de forma definitiva. Se antes era visto como uma alternativa secundária, hoje é um pilar do transporte e da economia.
Mais pessoas passaram a enxergar a moto não apenas como veículo de lazer, mas como solução de mobilidade e geração de renda.
👉 Para o motociclista que busca comprar ou vender, ficou a lição: informação, manutenção em dia e negociação segura são essenciais.
O impacto da pandemia mostrou que o mercado de motos usadas é resiliente e continuará relevante para milhões de brasileiros nos próximos anos.