Moto Clássica: Norton 500 de 1948

''La nostra Poderosa'', de Fabio Vianna, demorou três anos para ser totalmente reformada.

Por Leandro Alvares

Aldo Tizzani

As motocicletas sempre causam fascínio do público quando são usadas em filmes de ação. Bons exemplos não faltam: “O Exterminador do Futuro 2” (Harley-Davidson), “Missão Impossível 2” (Triumph), “Corridas Clandestinas” (Honda, Suzuki e Yamaha), “Motoqueiros Selvagens” (Harley-Davidson) e “Motoqueiro Fantasma” (motos customizadas).

Já o “Diários de Motocicleta”, dirigido pelo brasileiro Walter Salles, conta a história de dois jovens — Ernesto Guevara (Gael García Bernal) e Alberto Granado (Rodrigo De la Serna) — que partiram para uma grande aventura pela América Latina.

Nesta viagem, os moto-aventureiros usaram uma Norton 500, fabricada em 1939. Apelidada de “La Poderosa”, a inglesinha levou a dupla para conhecer os contrastes político, sociais e geográficos da América Latina.

Já que o assunto gira em torno do universo cinematográfico e também das motos clássicas, esta reportagem servirá de roteiro para contarmos a história de uma Norton 500, de 1948, que demorou três anos para ser totalmente restaurada. Essa raridade sobre duas rodas pertence a Fabio Vianna, vice-presidente da Paramount Home Entertainment Latin America.

Abandonada em um sítio no sul de Minas Gerais, Fabio só iria comprá-la se a moto estivesse funcionando. Depois de algumas tentativas, o motor da velha guerreira voltou a “pulsar”. Na época da ressuscitação, a Norton tinha câmbio de uma BSA (outra marca de moto inglesa), velocímetro da WV Variant e magneto de avião.

Reconstrução

Como em um “serial killer”, a reconstrução da Norton 500 foi feita em partes e dividida em várias frentes de trabalho. A desmontagem da moto foi feita na Moreno Motos. A Doby Motos fez a funilaria do tanque de combustível e também do reservatório de óleo. Já a Choppers Paint, a pintura total. Para finalizar, toda a parte elétrica ficou a cargo da Jacaré Motos.
 
Agora quem montou este grande quebra-cabeças foi Samuel Alleman. O mecânico-artesão fez algumas adaptações, entre elas, a utilização dos raios da Honda CB 750 Four e as barras que fixam o pára-lama nas rodas com hastes de retrovisores de caminhão.

Para ficar o mais original possível, o executivo da indústria do entretenimento teve de comprar várias peças no exterior: velocímetro, platinado, suportes, placa, lanterna e adesivos. O pneu “quadrado” da Metzeler veio da Alemanha. Câmbio, dínamo e magneto vieram de uma outra Norton.

O clímax deste épico foi ver a moto em perfeito estado, tanto visual como de funcionamento. “Esta é a minha jóia-rara. Não vendo minha Norton por dinheiro nenhum no mundo”, conta, orgulhoso, o executivo da Paramount, que ao longo de sua vida motociclística teve 17 motos. A primeira, aos 15 anos, uma Yamaha RX 80. Hoje, Fábio tem mais três motos: duas Honda XLX 350 para trilha e uma BMW R 1200 GS Adventure para viajar.

Características técnicas

A Norton 500 do executivo paulista está equipada com um motor monocilíndrico de 500 cilindradas, que gera 21 cv de potência. A clássica moto inglesa apresenta uma configuração motriz muito peculiar: motor, câmbio e cárter são totalmente separados. É engraçado, mas a moto de 1948 tem a mesma concepção de motorização que as Harley-Davidson “zero quilômetro”.
 
Outra característica marcante desta Norton é o quadro semiduro, já que a suspensão traseira não usa balança. O eixo da roda trabalha verticalmente dentro do amortecedor. O banco, como molas, também ajuda no trabalho de absorção dos impactos. Já na dianteira, a tradicional suspensão telescópica.
 
O primeiro contato com esta moto de cinema é de certo ponto estranho. O pedal de freio fica do lado esquerdo e o de câmbio do lado direito. Ou seja, são invertidos, se comparados com os padrões atuais. Para acionar a primeira marcha (para cima), é preciso que o motociclista dê um bom tranco com o peito do pé. Depois é só fazer uma viagem no túnel do tempo, se transportar para a década de 1950 e imaginar que está rodando pelas cercanias de Londres do pós-guerra.

“Piloto minha Norton praticamente todos os finais de semana”, conta o vice-presidente da Paramount Home Entertainment.

Fonte:
Agência Infomoto

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