Mercado: Falta de crédito ainda preocupa

Abraciclo e marcas aguardam recursos para o sistema financeiro para alavancar as vendas.

Por Leandro Alvares

Arthur Caldeira

As medidas anunciadas pelo governo federal no início desta semana para estimular a economia, mais especificamente a redução de 3% para 0% (zero) da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) válida para motocicletas de até 150cc, já começam a surtir efeito. Ao menos no preço sugerido.

A isenção da contribuição, que incide na venda de motos das indústrias para as concessionárias, entrou em vigor no dia 1º e já fez com que as principais fábricas reduzissem os preços. No mesmo dia, Honda e Yamaha divulgaram novas tabelas com o “desconto” de 3% em seus modelos de até 150cc. Ontem, foi a vez da Suzuki anunciar diminuição nos preços.
 
Como representante das principais fábricas, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) divulgou um comunicado afirmando que acredita que a redução de preços deve estimular as vendas, porém não arrisca previsões.

“O crédito para o consumidor de motos continua difícil. A intenção de compra existe, porém a aprovação da ficha cadastral está mais complicada. Além disso, o número de parcelas caiu. Antes era possível financiar uma moto nova em até 60 meses. Agora o máximo é em 48 vezes e com uma entrada que chega a até 30% do valor da moto. Isso dificulta a aquisição”, declarou em entrevista por telefone o diretor executivo da Associação, Moacyr Alberto Paes.

“Todas essas medidas devem reduzir o impacto da crise sobre o setor”, disse Paes referindo-se também às medidas de incentivo fiscal tomadas pelo governo do Estado do Amazonas, como redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além de isenção do ICMS de 25% sobre a energia elétrica.

Em 23 de março, a Suframa, órgão responsável pela Zona Franca de Manaus já havia isentado às fábricas da Taxa de Serviços Administrativos (TSA), incidente sobre a aquisição de componentes, partes, peças, insumos e materiais de embalagem, oriundos do mercado nacional e do exterior, pelas indústrias do setor.

O incentivo estadual faz parte de um acordo para a manutenção de empregos na Zona Franca de Manaus, onde estão instaladas Honda, Yamaha e outras fábricas de motocicletas.

Crédito é o principal problema

Apesar da isenção do imposto federal, o mercado de motocicletas acredita que ainda faltam medidas que facilitem o acesso ao crédito. “Repassamos para o consumidor a redução da Cofins, mas ainda falta uma maior flexibilidade nos financiamentos para reaquecer o mercado”, declarou o diretor de Relações Institucionais da Honda, Paulo Takeuchi, fazendo coro com a Abraciclo, associação também presidida por ele.

Durante o anúncio das medidas tomadas pelo governo federal, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge também reconheceu que, apesar da redução da Cofins, os problemas do setor de motocicletas, como crédito e aprovação cadastral para financiamentos, continuam e devem ser solucionados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

“O governo afirmou que está trabalhando para diminuir o spread bancário e anunciou recentemente medidas que garantirão maior captação de verbas pelos bancos menores”, revelou Paes. “Esperamos que essas medidas aumentem, de fato, as vendas”, completou.


Fonte:
Agência Infomoto

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