Matchless volta à ativa com releitura de modelo clássico

Lendária marca inglesa de motos apresenta uma nova Model X equipada com protuberante motor V2 de 1900cc

Por Aladim Lopes Gonçalves

Carlos Bazela

A Matchless nasceu na Inglaterra na década de 1920 e atingiu feitos notáveis no motociclismo. Em 1937, por exemplo, a segunda geração da Model X era capaz de chegar aos 130 km/h, número impressionante para a época. Entretanto, a marca encerrou suas atividades em 1966 e, em 2012, voltou à ativa, mas como uma grife de roupas. Agora, a Matchless prepara seu retorno triunfal ao segmento que a consagrou com uma moto totalmente nova. Uma releitura da antiga Model X com o clássico motor de dois cilindros em “V” que a transformou em ícone na Europa.

Batizada de Model X Reloaded, a moto tem um visual que impressiona. As formas retrô alusivas ao modelo de antigamente podem não ser uma unanimidade nos padrões de beleza, mas certamente chamam a atenção. A releitura traz grandes para-lamas e enormes círculos pretos prendendo as roda de 16’’ na dianteira e 17’’ na traseira. Embora a frenagem seja feita por discos com pinça de 12 pistões na frente e seis pistões atrás, o visual lembra muito os tambores de antigamente.

Os escapes também chamam a atenção pelas “barbatanas” nas pontas, comuns em modelos do início do século XX. Os canos se ligam a um propulsor de dois cilindros em “V” de 1916 cm³ feitos pela norte-americana S&S. Já na rabeta, toques modernos, como o assento, que finaliza o dorso da moto, uma vez que a lanterna traseira e o suporte de placa estão afixados no para-lama traseiro, seguindo as novas tendências de design.

Inovação retrô
O fato de o visual ser inspirado em uma moto do passado não quer dizer que a Matchless não tenha achado espaço para inovar. O garfo dianteiro invertido, por exemplo, recebeu duas barras de apoio ligadas à roda e criou uma espécie de link com o sistema de amortecimento. De acordo com a marca, a função da peça é manter a aderência da roda ao solo.

Já na balança traseira, dois amortecedores absorvem impactos e ajudam a reduzir a tensão torcional feita sobre o chassi. Um deles está colocado na vertical, abaixo do assento e o outro na horizontal, embaixo da moto de forma semelhante ao que a Harley faz com os modelos da família Softail.

Os faróis duplos também são outra boa sacada. Afixados em estruturas móveis independentes, eles – ou apenas um dos dois – podem ser deslocados para frente ou para baixo. Além do estilo diferenciado, a novidade pode melhorar a iluminação em condições adversas, uma vez que próximo ao para-lama dianteiro, o conjunto funciona como farol de neblina.

As pedaleiras e o guidão também são ajustáveis e podem girar em 40º e ser reposicionadas para oferecer uma pilotagem mais esportiva ou mais confortável. O mesmo acontece com os semi-guidões, que oferecem tanto ajuste de altura como de inclinação, podendo ser virados mais para trás, como nas café racers de antigamente. O assento segue a mesma receita e pode ser configurado entre 740 e 800 mm de altura.

Do pano ao Aço
A Matchless nasceu como fabricante de motocicletas em 1899 pelas mão de Henry Collier. Em 1907, seu filho Charlie imortalizou a marca ao vencer a categoria monocilindro no primeiro TT da Ilha de Man, uma das provas mais antigas do motociclismo mundial. Tudo ia bem até as vendas declinarem por conta das dificuldades do pós-guerra e a marca ir à falência em 1966. Em 1987, o empresário e entusiasta Les Harris tentou reerguê-la, mas não obteve sucesso e a produção da Matchless G80 acabou sendo encerrada no início da década de 1990.

Mais de 20 anos se passaram e a Matchless ressurgiu com novos donos, a família Malenotti. Sob o nome de Matchless London, a marca ressurgiu como um selo de roupas ligado à luxuosa grife Belstaff. Com acesso a peças publicitárias que incluíam rostos como James Dean e Marlon Brando, fãs das motos Matchless, as coleções apresentadas refletem o gosto pelo motociclismo e a moto como estilo de vida, como acontecia na década de 1930. No final de 2014, o designer Franco Malenotti, entretanto, resolveu que era hora de voltar à fabricação de motocicletas e desenhou a Model X Reloaded com inspiração no modelo mais icônico da marca.

O projeto contou com as bênçãos dos descendentes de Henry Collier e um deles, John Keller, demonstrou o orgulho ao ver o renascimento da fabricante de motos. “Minha família está orgulhosa em ver que a lenda da Matchless está sendo revivida e, mais importante, mostrada para as novas gerações”, disse ele. Ainda sem previsão de chegada ao mercado, estima-se que a nova Model X Reloaded devera custar entre 50 mil e 55 mil Euros. Ou seja, algo entre R$ 150 mil e R$ 165 mil.


Fonte:
Agência Infomoto

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