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IPT faz testes com jaquetas com airbags para motociclista

15 de August de 2017

Uma equipe técnica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas ( IPT ), da USP ( Universidade de São Paulo ), anuncia o desenvolvimento de uma série de testes a fim de atestar a qualidade e o desempenho de  coletes e jaquetas com airbags (sistema de amortecimento de quedas e impactos para motociclistas), visando prover parâmetros às entidades regulatórias e garantir a segurança dos usuários desse tipo de equipamento.

Quando se fala em motocicletas como meio de locomoção, o quesito segurança é o primeiro a se destacar. E não é para menos: segundo o estudo Retrato da Segurança Viária no Brasil , divulgado em 2014 pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, os motociclistas representam 37% das mortes e 56% dos feridos em acidentes no Brasil .

O estudo, feito no âmbito do Qualimint – programa de qualificação técnica para aprimoramento de produtos do Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do IPT – e em parceria com a empresa Inflajack , contemplou duas linhas de pesquisa diferentes.

A primeira área de estudo envolveu a criação de métodos de ensaios para avaliação dos coletes e jaquetas infláveis produzidos pela empresa, enquanto a segunda tratou da viabilidade técnica da instalação de câmeras e GPS nos coletes , opção voltada mais ao atendimento de necessidades do mercado coorporativo.

Os ensaios de qualidade e desempenho, criados por profissionais do Laboratório de Tecnologia Têxtil, incluíram testes de resistência do tecido, solidez da cor à luz, repelência à água (em caso de chuva) e resistência à abrasão, este último focado no desempenho do colete e jaqueta em atrito com o asfalto. Além deles, também foram desenvolvidos ensaios relacionados ao insuflamento das bolsas de airbag inseridas nos coletes – esses de função primordial para o funcionamento do sistema em caso de queda ou colisão do motociclista.

“Primeiramente foram feitos testes de tração no cabo que prende a jaqueta ou colete à moto, cuja função é acionar o gatilho que insuflam as bolsas de airbag quando a pessoa é ejetada da motocicleta. Avaliou-se a força necessária para que isso ocorresse”, explica Gabriele Paula de Oliveira, pesquisadora do laboratório. “Também se determinou, por microfilmagem, o tempo que as bolsas de airbag levavam para inflar e desinflar, além do período de ele permanecer inflado".

Os processos e diretrizes foram criados seguindo as metodologias definidas pela Normativa Europeia EN 1621-4:2013 . Atualmente no Brasil, as normas gerais de segurança para motociclistas – determinadas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) – e específicas para trabalhadores que utilizam motocicletas – definidas pelo Ministério do Trabalho – ainda não estabelecem a obrigatoriedade do uso de jaquetas e coletes com airbags, e, também por essa razão, o número de fabricantes é escasso. Segundo a pesquisadora, um dos objetivos do projeto foi criar parâmetros para que tanto empresas quanto órgãos regulatórios possam produzir ou exigir itens com qualidade e alto desempenho no mercado, a fim de garantir a segurança do usuário .

“Hoje, a Contran 356 define alguns parâmetros obrigatórios relacionados ao conforto, à ergonomia, à etiquetagem, às instruções de utilização e, principalmente, ao material retrorefletivo em coletes e jaquetas , que é a parte mais importante da norma porque torna o motociclista visível no trânsito”, diz Gabriele Paula de Oliveira. “ Ainda não há uma legislação no Brasil para coletes e jaquetas com airbags, mas eles já são comercializados e utilizados por alguns setores, como agentes de trânsito, SAMU e Corpo de Bombeiros . A legislação para esse tipo de material é importante, pois garante uma segurança adicional ao trabalhador e ao usuário comum”, avalia.

Monitoramento e TI 
Buscando agregar inovação ao produto, o projeto junto à Inflajack envolveu um segundo trabalho, que visou estudar a viabilidade técnica para a implantação de câmeras com GPS nos coletes infláveis. Isso porque a demanda por esse serviço, semelhante às câmeras instaladas em viaturas policiais, seria interessante a empresas com funcionários motociclistas .

“ Instalar um equipamento capaz de filmar o trabalho do funcionário e, ao mesmo tempo, de localizá-lo no espaço, torna possível utilizar as informações obtidas para o treinamento de novos funcionários, esclarecimento dos fatos e auxílio rápido em caso de acidentes e também para monitoramento e gestão , a fim de garantir que as atividades solicitadas pela empresa são realizadas corretamente”, elenca Alessandro Santiago, pesquisador da Seção de Automação, Governança e Mobilidade Digital do Instituto.

Nessa parte do projeto, foram testados alguns equipamentos como câmeras e baterias – a ideia era que o colete tivesse uma autonomia de carga de oito a 12 horas e fosse recarregável – e feita uma pesquisa por softwares que pudessem ser alimentados e geridos com as informações de imagem e localização fornecidas pelas câmeras. Alessandro Santiago conta que os resultados apresentaram alguns obstáculos para a implantação da tecnologia imediatamente, mas que são favoráveis em termos técnicos.

“Em termos tecnológicos, é plenamente possível e viável. O empecilho é o modelo de negócios. É uma tecnologia usada fora do Brasil, mas com equipamentos de custo elevado e utilidades específicas. Aqui, seria preciso avaliar exatamente o custo-benefício dos equipamentos com relação à atividade em que serão aplicados”, explica o pesquisador.

Para ele, o mais importante no projeto foi a aplicação de tecnologias e soluções de áreas variadas em um ramo novo, capaz de abrir novos mercados. “Quando se investe em um produto consolidado, que oferece mais segurança ao usuário, e incorpora a ele funcionalidades adicionais, outras tecnologias, a empresa acaba ganhando market share. Dessa forma, ganha também visibilidade, um novo espectro de trabalho para o seu produto. Isso é inovação”, finaliza.

Fotos: Inflajack, Alpinestars e Dainese/Divulgação

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