Honda CBR 1000 RR-R:uma obra prima da engenharia, design e tecnologia!

CBR 1000 RR - R Fireblade, eu estava com medo! Estava?

Por Trinity Ronzella

De tanto falarem, pensei que fosse subir em um “touro louco”! O texto é longo mas pode ser legal, afinal não vou falar de uma moto qualquer, boa leitura!

Meu dia de experimentar uma super super esportiva que, basta ter dinheiro, uma boa quantidade dele, para encomendar e levar para casa, chegou! Mesmo eu não sendo um possível comprador.

Nem vou entrar em detalhes sobre as especificações técnicas da moto que é de outro planeta, o meu objetivo em pegar essa moto foi: Será que um pobre mortal como eu pode andar nessa moto, e usar ela para dar um passeio?

Foto: Divulgação - Honda CBR 1000RR R Fireblade -  

 

Pois bem, vou tentar explicar o uso dela fora das pistas, apenas curtindo, até porque, nosso colaborador Igor Pinfield fez o teste dela nas pistas e ficou doido! O teste dele vc assiste CLICANDO AQUI. O Fabinho Japa foi o mais valente do time, fez um rolê de 1000km com ela e mais, levou a patroa na garupa! Pensando bem aqui, acho que a patroa dele foi a mais valente, se existir maior prova de amor, do que fazer o Rastro da Serpente e a Serra da Graciosa, levando uma mochilia na garupa do Fabinho,  desconheço! Mas vamos lá…

Um desejo + uma conta gorda + um bom tanto de juízo + espaço na garagem, é "só" o que precisa para botar essa incrível moto estacionada em casa! Sim, ela é incrível!

Não sou muito das speeds, prefiro as trails e bigs mas, as vezes é gostoso rodar com as “Jaspions”. Dessa vez foi em dose dupla pois, estava de Yamaha R3 com a qual fiz a matéria de turismo em São Francisco Xavier, é só dar um clique aqui!  Logo em seguida estou subindo na CBR…

Bom, eu escutei muita coisa a respeito da moto que confesso, fiquei preocupado. “É indomável”, “Tem que tomar muito cuidado”, “chega uma hora que ela dispara”, e por aí vai…

 

Foto: Divulgação - Deu trabalho mas consegui!

Devido a isso, arrumei uma roupa de speed emprestada sem nunca ter usado na vida algo do tipo. Resumindo, para entrar e sair dessa roupa foi uma acontecimento! Até gravei! Quando consegui colocar os dois ombros para dentro da roupa, o sentimento que tive é que nunca mais sairia dali de dentro! E isso foi só um teste! Feito isso, era hora de tirar a roupa! Meu pai amado! Eu abri o zíper e tentava tirar o ombro para fora, e quem disse que ele vinha? Em algum ponto da estrada que leva a informação do cérebro para o braço, tinha um desvio ou queda de barreira, pois a informação não chegava! Eu meio que “jogava” ele para frente para ver se ele “pulava fora” da roupa. Tentei puxar a ponta da manga por trás do corpo, com a outra mão, sem chances, achava que iria deslocá-lo! Sei que é uma questão de hábito, jeito e flexibilidade mas, naquele momento não havia adquirido nenhuma dessas habilidade e apelei, chamei meu filho para ajudar. Virei piada né?

Feito isso, era preciso descansar depois de tanto exercício com a roupa, pois no dia seguinte iria pegar a linda CBR!

Lá estava eu diante da máquina, com o macacão vestido e andando esquisito. O Wendel foi me fazer a entrega da moto e perguntou: O que você quer saber da moto? Minha resposta: Onde liga, acelera, freia, e desliga. E só!

Aí você me pergunta, porque só isso? Eu respondo: O objetivo é fazer um uso “civil" da máquina, tentar imaginar que, apesar de ser uma moto diferenciada, ela está ao alcance de todos com uma conta bancária gorda, ou seja, não é limitado a quem vai para as pistas para correr ou participar de um Track Day, queria justamente saber se uma pessoa “normal" poderia comprar essa moto para dar um passeio de domingo por exemplo. E me dei a missão de cumprí-la

 

Foto: Divulgação - CBR 1000RR-R Fireblade - Santos

Na entrega, o Wendel me perguntou em qual tipo de modo de pilotagem queria a moto, e eu respondi: "No mais manso.”- tamanho era meu receio.

Feito isso, mesmo com o aviso que ela ficaria “xoxa" demais, parti para Marginal Pinheiros com aquela sensação de "segurança" absurda, natural para nós motociclistas que nos aventuramos em São Paulo por pura necessidade de chegar as rodovias pelas Marginais, em meio a marginais! 

Olhando nos retrovisores o tempo todo, tenso e com a moto “xoxa”, não deu 5 km e já havia mudado para o modo "Sport do capeta” pois pensei dentro do capacete: "Já não mando nada em casa, na moto pelo menos, quem controla o acelerador sou eu e, se eu quiser/precisar acelerar com força, o farei, e sem dó do bolso, pois as multas estão caras! Mas a decisão é minha". Pensei comigo:  "Ela não é uma mula que, do nada,  sai em disparada e você precisa se segurar, muito pelo contrário, ela se mostrou mansa quando eu queria e desembestava quando eu queria também, ou seja, bem mais segura que uma mula!". 

Foto: Divulgação - CBR 1000RR-R Fireblade

Impressionante que, nesse mesmo modo “mula desembestada", ela consegue ser dócil e permite uma tocada confortável até mesmo na Marginal a 60km/h. Precisa  de um tempo para acostumar e entender como a moto se comporta, mas, algumas coisas a gente já “pega o jeito” rapidinho.

As mudanças de faixa não foram problemas, é só uma questão de “puxar a rédea” da maneira correta que ela, levemente, muda de direção com uma facilidade enorme, simples assim. O elasticidade do motor permite que vc percorra toda a extensão da Marginal até a entrada da Bandeirantes em primeira ou segunda marcha (se quiser obviamente), tamanha a elasticidade e, obviamente do som vindo do Akaprovic roncando gostoso, baixo mas enérgico, como se estivesse em ebulição. Se quiser obviamente, é só dar uma “cutucadinha de espora" que a mula desembesta! Mas fui mais tranquilinho em quinta e sexta marchas, usando o torque do motor confortávelmente.

Entrei na estrada e já fiquei mais aliviado! Pistas largas, trânsito mais rápido, mais vento, enfim, mais tentador! Coloca sexta marcha e esquece! Ela vai de sessenta, a não sei quanto, nem em quanto tempo e nem quero saber, só sei que vai! Uma delícia!

Foto: Divulgação - CBR 1000RR-R Fireblade

Impressionante o quanto chama a atenção! De mais velhos, jovens e até crianças, via os olhares acompanhando minha passagem  e , muitas vezes, tiravam o pé para esperar eu chegar, só de ver os dois “zóinhos” acessos aproximando! Ela realmente é bonita demais! Me sentia “o piloto” nesses segundos, pois nas horas restantes, me sentia o sedentário, velho e enferrujado. Porque? Simples…

A posição de pilotagem dessa máquina é “jogada" lá pra frente. O guidão está abaixo do topo das bengalas uns 3 dedos! Quando reparei isso ao pegar a moto pensei….ferrou! Esses meses forçados sem exercícios iriam cobrar o preço. Bingo!

O tronco fica apoiado nos dois punhos e ante-braços mas, impossível não usarmos a lombar para ajudar na sustentação, ou seja, quer andar com esse tipo de moto, academia e foco nessas regiões, simples assim!

A posição das pernas também são bem dobradas e mais para trás, ou seja, mais peso para os punhos.

Mas não enxerguei isso como problema, é uma deficiência atual minha a falta de exercícios que, somada a falta de prática com essas motos speeds, acabei  sentindo músculos nas costas que nem imaginava que existiam, até agora escrevendo essa matéria por sinal eles estão ali, me lembrando do dia! E tem mais a roupa…

 

Foto: Divulgação - CBR 1000RR-R Fireblade

Dentro da cidade não tem jeito, a usina que move essa máquina está o tempo todo rosnando e isso, esquenta. Parou o ar sobe e vai esquentando tudo. Nesse ponto a roupa ajudou muito pois é um isolante que, mesmo quente, proteje. Usei ela no dia seguinte, com uma roupa de "passeio", ou seja, uma calça jeans com proteções, camiseta e jaqueta. Fiquei mais flexível e confortável, até porque iria pilotar em baixa velocidade para concluir essa matéria, foi tranquilo.

Consumo era uma curiosidade que eu tinha e muita gente me pergunta, pois bem, no modo “mula desembestada” não faço idéia de como é mas, pilotando a passeio os números surpreenderam.

Primeiro dia fui a Campinas e voltei, o consumo foi de 20,2 km/l, praticamente marginal e estrada. No dia seguinte, fui para Santos e rodei bem na cidade. Até chegar em Santos estava marcando no painel 22km/l, óbvio, descida da serra e velocidade baixa, acelerando só na casquinha. Na cidade o consumo já caiu bem, os quase 10km rodados em Santos já baixou a média mas, no resumo, achei ótimo, até porque eu, pobre mortal, senti uma dorzinha no coração ao abastecer com gasolina a R$ 7,50, mas valeu a pena!

Foto: Divulgação - CBR 1000RR-R Fireblade

Enfim, o texto ficou longo mas acho que tá valendo, vamos as considerações finais:

Tem grana, tem vontade de ter uma moto do caramba e quase exclusiva, tem saúde (muito importante) para isso, porque não ter? Se esse for o motivacional para voltar para academia ou um personal, mais um ponto positivo. E sim, ela serve para dar um rolê de final de semana, apesar de ter um DNA totalmente Race! E foi muito prazeiroso! Só precisa de um pouco de paciência para ajeitar o esqueleto em cima da moto e o ganho de "intimidade" é rápido. Meu segundo dia com a moto já foi muito mais gostoso! A eletrônica está lá para ajudar, porém, não deposite toda sua fé e confiança nos chips, fios, plugs, tomadas e outras coisas mais, pratique, ande de moto, faça treinamentos, cursos e o que for preciso para te deixar mais hábil, confortável e confiante, independente da idade, afinal, não sei vocês, mas para mim a vida é uma só!

 

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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