Honda: a jornada da maior fabricante de motos do mundo

a consquista das aldeias indianas, e a jornada que moldou uma lenda sobre duas rodas em um pais que cresce muito a cada ano e são apaixonados por Duas Rodas.

Por Marcio Viana

Em 2025, mas precisamente no mes de maio, a Honda atingiu um feito que poucas marcas na história da indústria automotiva ousaram sonhar: 500 milhões de motocicletas produzidas em todo o mundo. O marco foi celebrado na Índia, país que hoje é não apenas o maior mercado de motos do planeta, mas também palco de uma das histórias mais fascinantes da gigante japonesa.

Mais do que números, essa trajetória é sobre paixão, persistência e a conexão entre culturas tão diferentes, mas unidas pelo amor às duas rodas.

Primeiros passos: anos 1980 e as parcerias estrategicas - A relação da Honda com a Índia começou nos anos 1980, quando o país ainda vivia sob uma economia planejada que exigia joint ventures com grupos locais. Foi aí que nasceram duas alianças históricas:

  • Hero Honda (1984), em parceria com o Hero Group, dono da maior fabricante de bicicletas do mundo.

  • Kinetic Honda (1984), ao lado da Kinetic Engineering, então líder em ciclomotores.

Essas parcerias abriram as portas da Honda para o gigantesco mercado indiano, e a Hero Honda, em especial, se tornaria sinônimo de motocicleta para milhões de consumidores.

Mas em 1999 tudo mudou: novas regras permitiram a entrada de empresas estrangeiras com 100% de controle. A Honda aproveitou a brecha e fundou a Honda Motorcycle & Scooter India (HMSI), sua subsidiária própria para fabricar e vender motos na Índia.

 

Activa: o Scooter que virou lenda - O primeiro grande sucesso da HMSI veio em 2001 com o lançamento da Honda Activa. O scooter conquistou os centros urbanos rapidamente e, em apenas 15 meses, ultrapassou a marca de 100 mil unidades vendidas. Pouco depois, já dominava mais de 50% do mercado de scooters indiano.

Foi um divisor de águas: o Activa não só ajudou a Honda a conquistar a confiança do consumidor local, como também abriu caminho para novos modelos e para a consolidação da marca no maior mercado de duas rodas do mundo.

 

Foto: CB 160 Unicorn

CB 160 Unicorn e a expansão para o coração do mercado - Em 2004, cinco anos após sua fundação, a HMSI apresentou sua primeira motocicleta, a Unicorn. Até então dedicada apenas aos scooters, a empresa finalmente entrava no segmento que representava a maior fatia do mercado indiano.

O resultado foi explosivo: em 2005, apenas um ano depois, a Honda já havia alcançado a marca de 1 milhão de motos produzidas na Índia.

 

O rompimento com a Hero e a busca por indentidade - O ano de 2010 foi marcado por uma decisão estratégica de grande impacto: a Honda vendeu sua participação na Hero Honda, encerrando a joint venture e dando origem à atual Hero MotoCorp.

Mas o rompimento trouxe um desafio enorme: muitos consumidores ainda confundiam as duas marcas. Nas aldeias e regiões rurais, era comum ouvir que Honda e Hero eram a mesma coisa.

Foi aí que nasceu a campanha “Honda é Honda” — uma iniciativa ousada para reforçar a identidade global da marca. Comerciais de TV com o astro de Bollywood Akshay Kumar, outdoors, ônibus envelopados e até vídeos de Fórmula 1 ajudaram a reposicionar a Honda como uma marca única, global e independente.

 

Diwali: o Natal das motos indianas - Para entender a força do mercado indiano, basta olhar para o festival hindu Diwali, realizado entre outubro e novembro. Durante o período, especialmente no dia de Dhanteras, considerado de sorte para comprar bens duráveis, as vendas de motos chegam a ser dez vezes maiores que em um dia normal.

Para aproveitar essa onda, a Honda precisou se adaptar: estocar motos em galpões improvisados, garantir logística extra e até reforçar oficinas para lidar com a explosão de revisões logo após o festival.

 

A missão mais dificil: Conquistar as areas rurais - Se nas cidades a Honda já era líder com seus scooters, no interior o desafio era outro. Cerca de 75% do mercado indiano estava nas áreas rurais, dominadas por motos pequenas e resistentes, usadas como transporte diário em regiões com estradas precárias e pouca infraestrutura.

Foi então que nasceu a “Rural Strategy” — uma operação quase militar para levar a Honda aos lugares mais distantes do país.

Os relatos são impressionantes: viagens de cinco dias por estradas esburacadas, noites dormidas em carros por falta de pousadas, banhos frios e negociações longas com líderes locais, os famosos Sarpanch, que tinham o poder de decidir se uma concessionária seria ou não aberta em sua aldeia.

“Nas áreas rurais, a informação corre de boca em boca. Precisávamos visitar os mesmos vilarejos várias vezes até conquistar a confiança das pessoas”, lembra Takashi Watarai, representante da Honda no norte da Índia entre 2010 e 2015.

Em alguns lugares, abrir uma concessionária não fazia sentido. A solução foi levar caravanas itinerantes, caminhões que funcionavam como lojas e oficinas temporárias nas praças das vilas. Em regiões agrícolas, os funcionários chegavam até a participar de feiras de tratores para apresentar suas motos.

“Venda sem serviço não tem valor, especialmente no interior”, completa Koji Takahashi, que cuidou do pós-venda entre 2015 e 2020. Por isso, a Honda sempre fez questão de expandir também a rede de manutenção junto com as vendas.

 

500 milhões de motos: um marco global - Essa soma de persistência, adaptação cultural e paixão resultou em um feito histórico. Em maio de 2025, a Honda celebrou 500 milhões de motocicletas produzidas no mundo — um número que impressiona qualquer apaixonado por motos.

E nada mais simbólico do que essa celebração ter acontecido na Índia, país que se tornou o maior palco da marca e onde a HMSI, em 25 anos, já produziu mais de 70 milhões de unidades.

 

Muito alem de uma fabricante - Olhando para essa história, é fácil perceber que a Honda não se tornou a maior fabricante de motos do mundo apenas pela engenharia impecável ou pela eficiência de suas fábricas. O segredo foi a capacidade de se conectar com pessoas, culturas e necessidades locais, sem perder sua identidade global.

na Índia, onde as baixas taxas de emprego feminino são uma questão social, a HMSI promoveu a criação de um local de trabalho onde as mulheres pudessem trabalhar confortavelmente, incluindo suas unidades de produção.

 

Com a meta de aumentar a proporção de mulheres entre todos os funcionários para 30% até 2030, a HMSI está constantemente promovendo iniciativas para atingir essa meta em toda a organização.

 

A Honda visa proporcionar aos clientes indianos "a alegria da mobilidade livre e agradável" por meio de seus produtos, bem como a "alegria de expandir seu potencial de vida".

 

A Honda continua a enfrentar desafios para continuar sendo uma empresa que os clientes na Índia desejam que exista.

De Tóquio a Nova Délhi, de São Paulo a Rajasthan, a marca carrega sempre a mesma essência: liberdade, confiança e emoção sobre duas rodas.

Para o motociclista brasileiro, essa trajetória é uma inspiração. Afinal, seja nas ruas movimentadas de Mumbai, nas estradas de terra do interior da Índia ou nas avenidas das nossas cidades, o prazer de pilotar é universal. E a Honda, com seus 500 milhões de motos, provou que a paixão pelas duas rodas não conhece fronteiras.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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