Garupa pode ser proibida em São Paulo

Medida polêmica adotada na Colômbia também está sendo discutida no Rio de Janeiro.

Por Leandro Alvares

Mais uma polêmica envolvendo os motociclistas brasileiros veio à tona ontem, na cidade de São Paulo, com a informação de que a Câmara Municipal deverá analisar em fevereiro um projeto de lei que proíbe o transporte de pessoas na garupa durante os dias da semana na capital paulistana.

A proposta, que já foi aprovada pelos vereadores em votações realizadas em 2002 e 2003, mas vetada em 2004 pela então prefeita Marta Suplicy (PT), voltou a ser repercutida pelo vereador Jooji Hato (PMDB), que pretende derrubar o veto.

“As motos são hoje um problema de segurança e devem ser enfrentadas como tal”, afirmou Hato, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

“Tenho a assinatura de 50 vereadores apoiando a medida e preciso de 28 votos para derrubar o veto. A medida só não foi ainda aprovada porque alguns vereadores estão bloqueando a pauta de votação”, destacou o vereador, que também já disse ter conversado sobre o assunto com o prefeito Gilberto Kassab (DEM).

Na conversa, Kassab teria sugerido que Hato buscasse seu objetivo pelas vias de fato, ou seja, tentar derrubar o veto na Câmara; algo que o parlamentar promete fazer na volta do recesso, no próximo mês.

De acordo com uma pesquisa feita pelo Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), 61,5% dos 15 mil casos de crimes contra o patrimônio cometidos nas regiões oeste e central e em parte da zona sul da cidade tiveram a participação de motociclistas.

O mapeamento considerou os meses de novembro e dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Em 9.225 dos casos de roubos e furtos, os bandidos utilizaram motocicletas para assaltar ou fugir.

Apesar dos números expressivos, as categorias representantes dos motoboys da capital criticaram a proposta apresentada pelo parlamentar do PMDB. “Antes de apresentar em plenário, acho que primeiro ele deveria mudar a Constituição”, afirmou Ernane Pastore, presidente da Associação dos Mensageiros, Motociclistas e Mototáxis de São Paulo. “Quero ver a Câmara aprovar, com 1 milhão de motos fazendo barulho no dia da votação”, ameaçou.

Para Aldemir Martins de Freitas (Alemão), presidente do Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas de São Paulo, trata-se de um enorme preconceito contra os motoboys. “O vice do sindicato estava em uma moto na Faria Lima quando tocou o celular. Ele colocou a mão na camisa para atender. A motorista ao lado entrou em desespero e acelerou, passando o sinal vermelho. O que ela faria se tivesse uma arma?”

Na tentativa de conseguir apoio para seu polêmico projeto, o vereador Jooji Hato destacou ser um motociclista de longa data — é proprietário de uma Honda Hornet 600cc — e que decidiu apresentar a proposta há dez anos, depois de ter sido assaltado duas vezes por motoqueiros. Em uma das ocasiões, segundo ele, estava com o filho e teve de se atirar no chão.

No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB) também sugeriu, no início desta semana, a proibição do garupa nas motos, a fim de reduzir a criminalidade no Estado. Essa medida extrema já foi adotada na Colômbia, onde, além da proibição do garupa, os motociclistas foram obrigados a estampar a placa da moto no colete e no capacete.

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br