Acontece
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Texto: Luiz Mingione
Com um histórico respeitável no Rally Paris-Dakar, 3º lugar na sua primeira participação em 1985 com 362 carros, 135 motos e 55 caminhões, segundo em 1988 que largaram nada mais nada menos que 311 carros, 183 motos e 109 caminhões, e 1989 ficou em segundo novamente, quando o recorde de 209 participantes chegaram ao final dos 473 que largaram. O hoje, Sr. Franco Picco, vai participar do seu 30º Rally, entre Dakar e outros. Parece que para ele a aposentadoria está eternamente adiada, o lendário piloto de 66 anos vai pilotar um protótipo Fantic XEF 450 Rally.
A Fantic XEF 450 Rally Desenvolvida como uma motocicleta específica para o Dakar e os grandes Rally’s, o modelo foi construído a partir da motocicleta de enduro da marca italiana a XEF 450, que tem o motor e o chassi baseado na Yamaha WR450F uma motocicleta que tem uma longa experiência Dakariana, desde 2010 com a introdução da categoria reservada aos motores monocilíndricos de 450 cc.
Os engenheiros da Fantic desenvolveram para a XEF 450 Rally um chassi de alumínio e um motor DOHC 450cc com refrigeração líquida e quatro válvulas EURO 5, com pouco mais de 50cv de potência, câmbio de 5 marchas e suspensões Kayaba com ajustes específicos e curso de 310 mm na dianteira e 317 na traseira. O tanque de combustível foi posicionado inteiramente no centro, abandonando assim qualquer tanque posterior, que tem como resultado uma melhor e constante distribuição do peso, e também com um esvaziamento progressivo do tanque durante a etapa, o tanque único tem 30 litros, o suficiente para um dia de competição.
A experiência do italiano Franco Picco, piloto oficial da Fantic Motors para o Dakar 2022 contou muito no desenvolvimento final da XEF 450 Rally. Picco, nascido em 4 de outubro de 1955 em Vicenza, Itália, é provavelmente um dos pilotos em atividade que mais se beneficia com sua longa experiência de competição no deserto.
Sua primeira participação na grande aventura do maior Rally do mundo foi em 1985, apareceu na largada do Paris/Dakar quase por acaso, com o objetivo de treinar intensamente a pilotagem na areia para sua participação no campeonato mundial de motocross. Mas decidiu continuar sua carreira no Dakar após o terceiro lugar na geral em sua estreia, e algumas vitórias em etapas. Tornou-se imediatamente piloto oficial da Yamaha e, durante a segunda metade dos anos oitenta, conquistou dois segundos lugares em 88 e 89, um quinto e um décimo nas outras edições do Dakar, bem como duas vitórias no Rally dos Faraós em 86 e 92. Foi quando decidiu deixar temporariamente as competições em duas rodas de 1996 a 2009, para participar de corridas ao volante de carros, ou em caminhões de assistência no Rally.
Em 2010 porém, ele voltou às origens, voltando a pilotar uma motocicleta para disputar o Dakar da Argentina, no qual conquistou a categoria Maratona e 23º lugar na geral. Nos anos seguintes, até 2017, participou da prova com diferentes veículos: motos, quadriciclos e caminhões. Durante os anos de 2018-19-20 participou da África Eco Race (Mônaco-Dakar), terminando a corrida duas vezes em décimo lugar e uma vez em quinquagésimo quarto.
Em janeiro de 2021 regressa ao Dakar nas motos na categoria Original by Motul, classe que por regulamento, exige que o piloto seja o único capaz de prestar assistência na moto. Na corrida como piloto privado, Franco Picco fechou o 27º Dakar aos 65 anos, na 43ª posição geral, segundo lugar entre os pilotos italianos e 11º no Original da Motul.
No Dakar 2022, Franco Picco retorna ao status de piloto oficial da fábrica Fantic com a XEF 450 Rally e agora não precisará mais fazer a manutenção da sua moto durante a prova, ele vai ter a sua disposição um mecânico da fábrica italiana, um massagista, um caminhão de apoio com peças de reposição, e não vai mais precisar dormir em uma barraca, terá um motorhome para passar as noites no deserto. Ele merece ou não?
As expectativas do próprio Franco Picco…
“Sempre disse aos organizadores do Dakar e do Africa Eco Race que era uma pena que as duas corridas fossem na mesma época. Ultimamente eu tinha escolhido o Africa Race porque as corridas na América do Sul tinham se tornado muito técnicas, como o maxienduro e com pouca areia, enquanto na África Eco Race havia me reencontrado com o deserto, a areia e as dunas onde comecei minha história nos Rallys. Agora estou feliz que haja a possibilidade de voltar ao Dakar em 2022 com uma equipe de fábrica e na Arábia Saudita.
Se, conforme anunciado pelos organizadores, houver muita areia, vamos nos divertir, diz Franco Picco. No ano passado, os longos trechos de pedras em etapas foram difíceis, não podíamos pilotar rápido sem correr riscos, e fomos submetidos a severos testes físicos e mecânicos.
Vamos nos divertir e fazer a moto evoluir, o primeiro objetivo é chegar ao final da prova, acumulando experiência, mantendo o ritmo certo, nunca muito lento também para evitar o risco de acabar entre carros e caminhões, e talvez até para trazer alguma satisfação. Ainda vai ser uma corrida muito divertida, como foi em 2021, mas desta vez acho que vai ser menos cansativa porque vou beneficiar de um uma equipe de apoio da fábrica.
Imediatamente me apaixonei por essa nova aventura, a recepção calorosa da Fantic me estimulou muito. Conheço o Mariano Roman (CEO da marca italiana) desde os tempos do motocross e o acordo para este projeto foi imediato. Temos trabalhado na moto nos últimos meses, mantendo-a em segredo até sua apresentação no Salão de Milão em novembro de 2021, apesar da grande curiosidade de todos.
Gostei de trabalhar ao lado dos técnicos e de todos os que trabalham duro para desenvolver a XEF 450 Rallye. Experimentei a moto muito tempo e fiquei muito feliz, agora é a hora de testá-la nas dunas. Agradeço a Fantic pela grande oportunidade que me oferece e estou orgulhoso de trazer para a prova o lançamento de um produto italiano de longa tradição, que nos últimos tempos tem colhido sucessos comerciais e desportivos a todos os níveis”.
Estaremos de olho!