Família Agrale e sua história no off-road brasileiro
Conheça a história da fabricante brasileira de motocicletas Agrale, que fez sucesso na década de 1980
Por Paulo Souza
Por Paulo Souza
Paulo Souza
A década de 1980 foi sem dúvidas a grande fase das motos off-road no Brasil, onde diversas fabricantes lançaram seus modelos no mercado nacional impulsionando as vendas e consequentemente o crescimento deste segmento.
A então fábrica brasileira de tratores e caminhões AGRISA, decidiu no anos de 1983 começar a fabricar ciclomotores com um acordo de cooperação técnica e comercial com a empresa italiana Cagiva. A partir de então iniciou o processo de construção dos modelos e após pouco mais de um ano chegam no mercado as motocicletas Agrale SXT 16.5 e Elefant 16.5.
Ambos os modelos compartilhavam a mesma mecânica, porém tinham detalhes diferenciados, como, por exemplo, o tanque de combustível com capacidade de 11 litros na SXT e 16,1 litros na versão Elefant. O design era muito semelhante há modelos da Cagiva e representaram um avanço em relação aos modelos Honda XLX 250R e Yamaha DT 180, que eram comercializados na época.
O que gerou bastante confusão e muitos ainda se enganam é em relação a sua motorização. Os dois modelos da Agrale eram equipados com motor de 125 cm³ de dois tempos com arrefecimento à água, que desenvolvia 16,5 cv de potência e torque de 1,72 kgf.m. A partir daí que surgiu o seu nome, que indicava sua potência e não o motor com 165 cm³ como muitos falavam.
O seu baixo torque era uma das suas limitações, de saída era meio fraca e tinha que manter sempre o giro alto no motor. Com isso a fabricante decidiu lançar um ano mais tarde a linha de 190 cm³ com a SXT 27.5, Elefant 27.5 e Dakar 30.0. Assim como nas primeiras versões os números indicavam a potência dos modelos e não a cilindrada.
As novas versões estavam bem mais ágeis e o torque aumentou para 2,52 kgf.m na SXT e Elefant e 2,6 kgm.f na versão Dakar, que também recebeu novas palhetas de admissão e outro escapamento.
O conjunto de freios era inédito em modelos de uso misto (trail) equipada com freio a disco na dianteira desde sua primeira versão. As suspensões, que já eram modernas passou a ter maior curso e deixou a moto ainda melhor. As novidades não pararam por ai, as últimas versões também receberam pedais retrateis e indicador de marcha no painel.
Mesmo com todos estes atributos a marca gaúcha nunca chegou a ter uma quantidade significativa do mercado brasileiro e a concorrência aumentava a cada ano com a chegada de novos modelos, como, por exemplo, a Honda XLX 350R. Para tentar sobreviver a Agrale lançou em 1988 a denominada Série 2.
Esta nova série fez grande sucesso e teve muitas peças revistas para aumentar a qualidade e robustez, entre elas pistão, anéis, biela, radiador, válvula termostática, filtro de ar e vedação da bomba d´água. Assim surgia a versão SXT 27.5 E preparada de fábrica para as competições de enduro.
Foram vendidas cerca de 7.000 unidades no primeiro ano e a partir de então se tornou comum nas trilhas brasileiras, misturando-se com as DT 180, que também fez grande sucesso na época.
As outras Agrales começaram a perder espaço e então a marca decidiu lançar a Elefantre. A versão contava com o mesmo motor da Dakar, com a opção de partida elétrica, e recebeu novo sistema de freio a disco e uma nova suspensão dianteira, além de mudanças no visual.
A partir de então a Agrale passou a oferecer uma versão mais popular para competir com as RDs 135 e as Cgs, lançando a SST 13.5, como motor de 125 cm³ arrefecido a ar com 13,5 cv de potência. Os freios eram a tambor e a suspensão traseira com duas molas, tudo para baratear a moto, passando a descaracterizar a marca, que sempre teve componentes diferenciados.
Com a oferta de motos expandida a Agrale enfrentou um problema com o governo federal, que através do CIP (Conselho Interministerial de Preços) congelou o preço das motos até 150 cm³. Isso fez o preço dos modelos 16.5 ficam defasados, inferiores até a SST 13.5. Assim a montadora descartou a linha simplificada e lançou a Elefantre 16.5, em outubro de 1989.
Visualmente era idêntica a 30.0, porém, com motor de 125cm³, ela garantiu a liderança de vendas da marca. Em 1992 esta versão recebeu partida elétrica, que tinha sido retirada e seu nome passou a ter um assento no ultimo “e” para facilitar a leitura para os brasileiros.
Já a verdadeira 30.0 reduziu sua potência para 26,5 cv para adequar-se as medições da época. Ela recebeu diversos novos itens e se destacava pelo design e ousadia, característicos da marca. Chamava a atenção também pelas cores dos modelos top de linha, entre elas destaque para a última versão da 27.5 EX, amarela com o quadro rosa.
A partir de 1994 quando voltaram as importações a Agrale começou a importar outros modelos, entre eles a Husqvarna WR 250 e a Cagiva Super City 125. Sua produção de motos durou até o ano de 1997 e hoje já se tornou raridade encontrar algum modelo circulando pelas trilhas e principalmente nas ruas.
A tecnologia italiana aplicada na Agrale foi muito importante para o desenvolvimento de modelos nacionais e com certeza os trilheiros mais velhos nunca irão esquecer esta marca, que fabricava os motores dois tempos tão divertidos de pilotar!
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