Faça o seguro de sua moto e ande com mais segurança

Entenda como funciona a conta que define o preço do seguro para motos e descubra como fazer um bom negócio

Por Aladim Lopes Gonçalves

Guilherme Silveira

Você para com sua custom de R$ 50 mil no semáforo, ao lado de uma esportiva de 600 cc do mesmo valor. Logo percebe que o dono da moto não está sossegado: parece atento a qualquer moto com garupa se aproximando.

Esta insegurança tem fundamento: a carenada de quatro cilindros talvez não seja segurada. Caso tenha uma apólice, é uma exceção à regra: motos mais esportivas, mesmo “0 km”, são caras de segurar, mesmo nas empresas de grande porte. Algumas seguradoras, inclusive, nem mesmo aceitam segurar deste tipo de moto. Os motivos são muitos, como você confere a seguir.

Diversos estilos e tribos
Atualmente, ao contrário do que se possa pensar, as motocicletas pertencem a um grupo de risco razoavelmente baixo. Segundo Anderson Oliveira, gerente de produtos diferenciados da Mapfre Seguros: “Pode parecer exagero, mas se tomarmos o mercado de seguros no Brasil como um todo, as motos têm apresentado menores incidências (de roubo e acidentes) em relação aos automóveis. O mercado amadureceu”, relata.

Tanto Oliveira, como Carlos Silveira, da Rider Seguros, corretora especializada em seguro para motocicletas, relatam que os diferentes tipos de motos e “tribos” ditam boa parte do custo para um seguro. As custom, apesar de caras (vide Harleys e estradeiras como a Triumph Bonneville), continuam como a categoria de moto mais acessível para segurar. Geralmente são usadas para lazer, suas peças de reposição têm valor razoável e são menos visadas para roubos.

Esses são fatores que influenciam no baixo valor do prêmio, como é chamado o quanto você paga anualmente para segurar um bem. Além disso, seus donos costumam ter perfil maduro e mais ajuizado. São normalmente indivíduos acima dos 35 anos – o que se traduz em baixos índices de sinistros graves. Uma Harley-Davidson Street Glide Special, por exemplo, uma touring de 1.600 cm³ vendida por R$ 76.900, tem prêmio de irrisórios R$ 2.631 – veja tabela com perfil cotado.

Bigtrails e scooters também mostram perfis tidos como atraentes e acessíveis para segurar. Nakeds ainda mantêm valor razoável, mas o valor do prêmio de suas versões carenadas e esportivas chegam a ser proibitivos.

Dependendo da localidade, o valor de uma apólice de uma superesportiva pode chegar (e até superar) 20% do valor da moto. Isso leva em conta a alta taxa de roubos e também sinistros, bem acima dos tipos mais “pacatos” de motos. Na tabela abaixo há dois exemplos interessantes: Honda CBR 600 RR e Triumph Daytona 675R.

Quem achar a apólice integral cara, existe a possibilidade de segurar apenas 80% do valor venal da moto – com base na tabela FIPE. No caso das custom ou de bigtrails, pode-se inclusive segurar todos os acessórios instalados para que, em caso de roubo, a seguradora faça o ressarcimento do valor gasto com a personalização.

Seguindo a cartilha dos seguros de automóveis, as empresas disponibilizam apólices novas para motocicletas com até dez anos de idade. Boa parte das seguradoras oferece planos específicos para motos menores, de até 500 cm³, caso do Mapfre Duas Rodas. Mais simples em relação ao Special (500 cm³ para cima), oferece assistência mecânica, guincho e R$ 20 mil de “verba” para quitar danos a terceiros.

Porém, motos pequenas normalmente carregam onerosas apólices de seguro. Tome como exemplo uma Honda XRE 300, que custa R$ 14.530, e tem prêmio de R$ 3.922. O valor é bem superior se comparado a uma grande big trail como a BMW R 1200 GS (R$ 69.900), com apólice anual de R$ 2.818.

Rastreadores, por sua vez, ainda podem dar desconto de até 10% na hora de fechar um seguro, dependendo da empresa seguradora. Em outras, como a Rider, não há abatimento algum, por conta da facilidade em encontrar o equipamento em uma moto e também da inventividade dos gatunos. Hoje ladrões fazem uso até mesmo de um aparato (apelidado de “capeta”), que inibe o sinal do rastreador.

Perfil conta (muito)
O perfil do condutor leva em conta diversos fatores, em especial sua idade e o CEP de onde reside. O quanto se roda semanalmente e os locais em que visita com a moto (e seus horários) também são dados importantes para qualquer seguradora colocar o resultado da conta na ponta do lápis.

Quem costuma usar a moto para se locomover até a faculdade, por exemplo, pode esperar por um valor muito maior no prêmio, em função do alto índice de roubos e furtos nestas áreas e seus “bolsões” de estacionamento para motos.

Tempo de habilitação é outro fator avaliado, assim como ocorrências de acidentes anteriores, e até mesmo o fato do segurado ser casado ou não. Segundo Carlos Silveira, motociclista e dono da corretora de seguros Rider, “entendemos que um motociclista solteiro ou mesmo separado tem hábitos diferentes de outro que é casado. Não é mito, é pura estatística!”, explica. E completa: “da mesma forma que hoje, CEPs do ABCD paulista são mais caros para segurar qualquer moto”. Há dois anos, ele relata que a Zona Leste de São Paulo era uma das regiões campeãs em roubos e furtos, situação mais amena atualmente.

A formulação do prêmio anual do seguro também compreende que a faixa etária mais crítica é dos 18 aos 26 anos, começa a melhorar para o bolso após os 30 anos e baixa consideravelmente após 35 anos completos. Quem tem filhos maiores ou próximos de completar 18 anos também sentirá certo aumento no valor do seguro. “Inevitavelmente, uma hora o jovem vai querer rodar com a moto, tendo ou não o consentimento dos pais”, relata Oliveira, da Mapfre.

Com base neste tipo de informação, e por meio de um minucioso questionário dado ao futuro cliente, as seguradoras analisam o perfil – que vai variar entre baixo e alto risco. Hoje o cruzamento de todos os dados coletados é feito por um software, que calcula o valor da apólice de seguro da moto.

Diferenças que parecem pequenas podem ser primordiais no custo do seguro: “mesmo que você e um amigo tenham uma moto idêntica e morem na mesma rua, é quase impossível de receberem o mesmo valor para segurá-las”, completa Oliveira. Em outras palavras, quanto melhor for o seu perfil (e o da sua inseparável máquina) mais compensador fica fazer um seguro.

Franquia
O valor da franquia de cada moto remete diretamente ao custo de peças e mão-de-obra para o seu reparo, geralmente usando oficinas credenciadas às próprias marcas. Portanto, costuma ser maior em modelos com carenagens e/ou muitos detalhes frágeis.

Observe com atenção, pois muitas vezes o seguro pode até ser barato, mas a franquia, cara. Bom exemplo é de Anderson Oliveira, da Mapfre, “conheço mais de um caso de seguro que incidiu em perda total após a moto sofrer uma queda parada na garagem”. Vale lembrar que eram superesportivas, e que para se chegar a uma perda total, o conserto deverá ultrapassar 75% do valor da moto.

Danos a terceiros
Na maioria das modalidades de seguros, normalmente há um valor fixado para ressarcir danos a terceiros. Para motos grandes, o valor é fixado em R$ 50 mil e pode chegar a R$ 2 milhões, desde que o segurado solicite este incremento e pague a diferença na apólice. De pouco tempo para cá, algumas seguradoras tem incluído na apólice um valor entre R$ 5 e R$ 10 mil para danos morais. Serve por exemplo, para ressarcir prejuízos do terceiro envolvido em acidente, por conta de veículo sinistrado.

Cotação de seguros(*)

Fotos: Divulgação e Reprodução


Fonte:
Agência Infomoto

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br