Especialistas discutem o rumo do setor

Com palestras rápidas e didáticas, evento colocou em pauta o futuro do trânsito brasileiro.

Por André Jordão

Lucas Rizzollo

A Abraciclo (associação que reúne os fabricantes de motocicletas) reuniu a imprensa especializada para um ciclo de palestras. Durante o evento, realizado em 17 de novembro na Câmara Americana de Comércio, foram abordados temas como a história das motos, o meio ambiente, além da apresentação de um panorama geral sobre a participação da moto no trânsito, a questão do motofrete e a segurança viária.

O diretor do Denatran (Departamento Nacional de Transito), Alfredo Peres da Silva, disse que o evento não poderia ter sido realizado em hora mais propícia, já que os números deste segmento são cada dia mais expressivos. “Em 1998, a frota de duas rodas representava apenas de 11% do total. Hoje, são 25% dos veículos circulantes no País”, contabiliza o chefão do Denatran.

Para diretor executivo da entidade, Moacyr Alberto Paes, o intuito do encontro é fornecer informações atualizadas sobre o mercado de motos. “O principal objetivo desta reunião entre amigos foi criar um elo melhor, que mais qualidade, entre a imprensa que cobre o setor de duas rodas e os especialistas de cada área, seja nas questões que abrangem pilotagem segura ou consciência ambiental”, explicou Paes.

Aumento da fiscalização

O primeiro palestrante foi Paulo Cesar de Macedo, coordenador de controle de resíduos e emissões do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Durante sua apresentação foi possível verificar que com a criação do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) em 2002, a moto saiu do posto de veículo poluidor – vilão da história – para veículo eficiente. “O que a indústria de carros levou 12 anos para se adaptar às regras ambientais, as motos fizeram o mesmo trabalho na metade do tempo”.

Outro tópico abordado por Macedo foi as novas fases do Promot. A primeira vai obrigar as montadoras a garantir uma maior durabilidade das taxas de poluentes. A segunda fase prevê a realização de testes por amostragem, diretamente na linha de produção. As novas resoluções devem entrar em vigor em 2014 e 2016, respectivamente.

Quem também busca uma maior fiscalização é o presidente do Sindimoto-SP (sindicato dos mensageiros, motociclistas, ciclistas e mototaxistas) Gilberto Almeida. Ao contrário do que muitos pensam, os trabalhadores sobre duas rodas também buscam uma maior fiscalização por parte do poder público. Segundo Giba, como é mais conhecido, “quem tem a moto regularizada e com a placa vermelha tem gastos extras e poucos benefícios”. Ficou claro também que a profissão cresce como opção para jovens de baixa renda.

Preenchendo espaços

O assessor jurídico de trânsito Marcelo Araújo mostrou como muitos problemas atuais tiveram origem no passado e falta conhecimento de causa na elaboração das regras de trânsito. “É contra producente tentar proibir a circulação de motos entre os carros. Sempre que existir um espaço vazio ele será ocupado”, observou o advogado que, de maneira clara, mostrou que se a moto ficar na mesma posição que um carro, o espaço lateral entre duas motos será suficiente para caber exatamente um carro. Em sua explanação, o assessor jurídico também enumerou outras incoerências no código nacional de trânsito. Para Pedro Corrêa, jornalista e consultor em segurança no trânsito, é preciso disseminar a cultura da segurança. “A ONU decretou que entre 2011 e 2020 será a década mundial de ações de segurança no trânsito”.

Outro palestrante que deu uma verdadeira aula de conhecimento técnico foi o coordenador de Engenharia Automotiva da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), Ricardo Bock. Para o professor, o governo só toma medidas reais de segurança quando percebe que é mais barato investir na prevenção de acidentes do que no socorro aos acidentados. Bock colocou à disposição das montadoras brasileiras a equipe de estudantes de engenharia da FEI para ajudar no projeto e na execução de uma motocicleta elétrica 100% nacional.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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