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Especial: Esperança no fim da prova

23 de July de 2008

Leandro Alvares

O esporte a motor sobre duas rodas não poderia ficar de fora nesta semana de comemorações referentes ao Dia do Motociclista. Para representar a categoria, falamos com um dos grandes ícones da motovelocidade, o multi-campeão nacional Gilson Scudeler.

Mais do que belas palavras relacionadas ao tema desta série de reportagens, o veterano piloto de 41 anos destacou as ações que vem desenvolvendo em prol do motociclismo do país. No caso, a criação de uma categoria de base para a motovelocidade brasileira.

“A motocicleta não é somente um meio de locomoção. É emoção, prazer e sinônimo de liberdade. Só é preciso saber utilizá-la da maneira correta, com consciência e muita segurança”, afirmou o líder do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade, categoria Superbike.

“Eu amo motos e ando também fora das pistas. Meu grande receio é com relação à falta de segurança. Os riscos de assalto são cada vez maiores e eu não me sinto seguro nas ruas”, criticou Scudeler, que destacou também o papel e necessidade dos motociclistas em lutarem por melhores condições para a classe.

“Quem pode mostrar que a motocicleta é um veículo saudável e prazeroso somos nós mesmos, motociclistas. Temos de ganhar nosso espaço com ações positivas”, disse o competidor, cuja contribuição está sendo pensada e desenvolvida há algum tempo, com grandes chances de sair do papel no ano que vem.

“Como muitos já sabem, este deve ser meu último ano como piloto. Quero dedicar mais tempo à minha família e também ao projeto ‘Fábrica de Campeões’, um campeonato-escola para a formação de jovens pilotos”, revelou.

“A proposta é fazer uma competição de custo zero para os participantes. Forneceremos tudo: moto, equipamentos, preparação mecânica, pneu, combustível, etc. Os pilotos terão apenas que se preocupar em acelerar”.

Nos planos de Scudeler, o projeto Fábrica de Campeões deve ser apresentado oficialmente até o fim do ano e estrear para valer em 2009. “Faremos uma seletiva em um autódromo para selecionar 24 pilotos que vão disputar a temporada, com calendário de seis etapas. As motos serão de 150cc, da marca Honda. O campeão terá apoio do Team Scud para dar seqüência à carreira”, antecipou.

“Esse trabalho irá muito além da simples realização de corridas, pois queremos preparar os pilotos em todos os sentidos. Sendo assim, palestras, orientação de psicólogos, preparação física e até a maneira de como se portar diante da imprensa serão trabalhos constantes que faremos com a garotada”, detalhou Gilson.

“Eu não estou inventando nada, apenas querendo trazer para o Brasil o que existe há muito tempo lá fora. Até porque matéria-prima nós já temos e de grande qualidade. Só precisamos lapidá-la”, acrescentou.

Antes de se dedicar por completo à Fábrica de Campeões, Scudeler terá pela frente mais três etapas do Brasileiro de Motovelocidade, a última trinca de GPs em sua longa e vitoriosa carreira.

“O piloto na verdade não quer parar. Vai parar mesmo para poder se dedicar ao projeto e também para ter mais tempo com a família”, confessou. “Tenho mais três corridas e uma meta de encerrar o ano com 100% de aproveitamento. Não vai ser fácil, mas farei o possível para conseguir”, avisou o hexacampeão Brasileiro, vencedor das três primeiras etapas do torneio.

Quando pendurar o capacete, Gilson espera trabalhar também para criar provas de Endurance no Brasil, prática comum e tradicional em outros países. “Quero além disso ajudar a trazer eventos importantes para o nosso país, como uma etapa do Mundial de Superbike. Os organizadores têm interesse de correr aqui. Só precisamos da homologação de um autódromo”, ressaltou.

Trajetória vencedora

A carreira de Gilson Scudeler no universo das duas rodas teve início em 1987, com motos de 125 cilindradas. Seis anos mais tarde, já com um currículo vitorioso, o piloto embarcou para a Europa, onde permaneceu por sete anos.

No Velho Continente, Gilson acumulou diversas proezas, como o título de campeão Português nas categorias Supersport e Stocksport, além de conquistas em tradicionais eventos, como a vitória na etapa de Braga do Campeonato Europeu de Superbike, a pole position nas 24 Horas de Montjuic (Espanha), entre outras façanhas.

“Felizmente tive ótimos momentos na motovelocidade, tanto no Brasil como no exterior. Minha única frustração foi ter perdido a chance de disputar o Campeonato Europeu de Superbike em 1996, quando estava em ótima fase da minha carreira”, confessou o corredor.

Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, o Mundial de Motovelocidade jamais esteve nos planos do paulista. “Nunca sonhei em correr na MotoGP por ter chegado velho à Europa, com 26 anos. Sempre fui muito realista e meu grande sonho foi disputar o Mundial de Superbike”, declarou.

Desde seu retorno efetivo ao Brasil, Scudeler passou a vencer quase tudo por aqui. A última vez em que não fechou o ano como campeão foi em 2001. De 2002 a 2007 foram seis títulos consecutivos, conta que tem tudo para ser ampliada em 2008, na última temporada deste astro das pistas.

“Vamos ver como eu me sinto quando parar de correr. Minha decisão já está tomada, mas nada me impede de brincar de vez em quando. Talvez uma corrida aqui, outra ali...só para me divertir um pouco”, finalizou entre risos.

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