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Especial: A moto trabalha e o cavalo descansa

15 de January de 2016

Que a motocicleta tomou o lugar do cavalo, do jegue e do jumento é fato inegável. Na região Nordeste, por exemplo, há grande quantidade destes animais abandonados perambulando na zona rural ou perto de rodovias. Números do Departamento de Trânsito (Detran) do Ceará dão conta que mais de 10 mil animais foram apreendidos vagando pelas estradas do estado em 2012. 


Situação contrária pode ser observada no interior de São Paulo, onde as motos também tomaram o lugar dos cavalos. Porém, o equino passou de ferramenta de trabalho a peça fundamental em atividades de entretenimento, lazer ou simplesmente se tornou um animal de estimação.

 
Esse fato liga pessoas de idades e profissões distintas como o ferrador Leonardo Pinheiro Neto, 27; e o jardineiro Margarido Siqueira, 72. Eles são exemplos de pessoas que trocaram cavalos pelas motos, mas nenhum deixou de lado o amor pelos animais.

O ferrador

No início de sua carreira, o ferrador de cavalos Leonardo Pinheiro Neto se deslocava para haras, fazendas e sítios com sua carroça. Muitas vezes tinha que ferrar seu próprio cavalo para ir ao destino e, assim, demorava muito tempo no deslocamento. Entre idas e vindas, Leo descobriu a versatilidade da moto. Criativo, o ferrador até instalou uma bigorna, de quase 50 kg, na rabeta da sua Honda NX 150 Bros, além de carregar todas suas ferramentas.


“Optei pela moto em função de sua agilidade e economia. Só para comparar, gasto por ano cerca de R$ 400 na compra de pneus. Para selar um cavalo, o investimento é de R$ 1.200, isso sem computar ração, veterinário etc. Claro que na moto há ainda o custo de manutenção com trocas de óleo e relação, além de alguma lâmpada queimada. Mas nada comparado ao cavalo, cujo cuidado é diário”, explica o jovem ferrador. Apesar de trocar sua carroça pela moto, seu antigo companheiro de quatro patas ainda está com ele.

O jardineiro

A história do jardineiro Margarido Siqueira, que mora em Atibaia, cidade a 80 quilômetros da capital paulista, segue a mesma linha. Ao longo de seus 72 anos, desde os cinco cuidando de cavalos, seu Margarido viu na moto a possibilidade de chegar mais rápido aos locais onde trabalha. O jardineiro chegou a ter 12 animais. Hoje tem apenas uma égua. “Não monto mais nela. A ‘Matraca’ virou animal de estimação. A minha moto, uma antiga XL 125cc, não precisa de ração, né?”, compara o bem humorado jardineiro, dono de uma simplicidade e sabedoria ímpar.


Ao que parece os cavalos do interior de São Paulo têm melhor sorte que os jumentos do Nordeste, abandonados às margens das rodovias. Segundo dados da Polícia Rodoviário Federal, apenas em um mês, foram apreendidos mais de 45 animais na região de Caruaru, agreste de Pernambuco. Apenas para lembrar, tratar bem os animais não é opção e sim obrigação. Em caso de abandono, o proprietário responderá por maus-tratos o que é um crime ambiental, de acordo com a Lei Federal 9605/98.



Fotos: Agência INFOMOTO

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