Entrevista: Samara Andrade mais uma mulher nas pistas!

Conversamos com a mais nova piloto que disputará este ano a Copa Kawasaki Ninja 600, confira!

Por Paulo Souza

Paulo Souza

Em meio a uma grande fase do motociclismo brasileiro novas categorias se iniciam a cada ano e cada vez mais pilotos estão ingressando no mundo da motovelocidade. Atualmente existem dois campeonatos nacionais em andamento com mais de sete categorias em disputa que vão desde motos de 250 cc até modelos superesportivos de 1000 cc.

Ao todo, já são mais de sete cidades divididas em cinco estados que recebem estas provas e a paixão se espalha por todo o Brasil. E se engana quem pensa que só homens colocam suas motos no grid, as mulheres estão cada vez mais presentes nas competições e disputam ombro a ombro com os pilotos.

A fim de conhecer melhor este universo feminino dentro das pistas entrevistamos a piloto Samara Andrade, 24, natural de Jundiaí, interior de São Paulo, que iniciou sua trajetória no ano passado na categoria 250/300 cc e este ano já pulou para as 600 cc. Confira!

Moto.com.br: Com quantos anos você começou a andar de moto? Quem deu o incentivo pra você pilotar pela primeira vez?

Samara Andrade: Aos 17 anos já tinha vontade de andar de moto, porém, não tinha idade para pilotar esse tipo de veiculo dentro da lei. Então comprei um ciclomotor de 49 cc, onde não exige o porte de CNH. Fiquei um tempo com ele, mas meus pais achavam perigoso, então abri mão do veiculo e optei apenas por tirar carta de carro aos 18 anos. Quando completei 19 anos comecei a namorar um rapaz que andava de moto e isso despertou novamente meu interesse por motos, ele então me ensinou a pilotar uma motocicleta de 125 cc. Resolvi então tirar habilitação para moto e adquiri uma 250 cc.

Moto.com.br: E quando você decidiu iniciar nas competições? Foi por vontade própria?

Samara Andrade: Com o decorrer do tempo fui trocando de moto e cheguei a ter uma 650 cc. Procurando uma alternativa para acelerar com segurança o que a moto proporciona, fui atrás de um curso de pilotagem, onde tive meu primeiro contato num autódromo. E adorei a experiência. Então decidi participar dos track days e abandonar a pilotagem de rua. Nos track days tinha um acompanhamento de um profissional, ele, vendo o quanto eu gostava de andar em autódromo me incentivou a participar do campeonato na categoria de base 250 cc.

Moto.com.br: Conte como foi estrear no SBK Series na categoria 250/300cc, a emoção, o que passou pela sua cabeça etc.

Samara Andrade: Foi uma experiência maravilhosa, com um resultado surpreendente.

MOTO.com.br: Como você conseguiu sua moto para competir na categoria de entrada? Quem realizava a manutenção para as provas?

Samara Andrade: A moto era da minha irmã mais nova, porém, como ela se mudou para estudar, a moto seria vendida, vi então a oportunidade de usá-la para competir na categoria a qual a moto se enquadrava. No inicio não tinha apoio de equipe, fazia a preparação e manutenção na oficina onde levava minha moto de rua, também era ajudada por amigos e família. Hoje faço parte da Equipe 'Duas Rodas Team Racing' que faz a manutenção e preparação da minha moto, além de todo o apoio antes e durante as competições.

Moto.com.br: Você teve ou tem dificuldades financeiras para competir?

Samara Andrade: Na motovelocidade os custos são muito altos, desde a compra de um par de pneus, equipamento de segurança, manutenção da moto, reparos e locomoção. Hoje, só é possível estar nas pistas, pois existem pessoas/empresas que me apoiam e acreditam em mim, como a DeMarchi - Açaí Sport, SAF- Rio de Janeiro.

Moto.com.br: Como você faz para treinar, só em track days ou dias que antecipam a prova? Qual a média de treinos por mês?

Samara Andrade: Procuro treinar sempre que possível nos dias de track day em Interlagos, dentro dos limites financeiros. Consigo em torno de dois dias no mês. A alternativa mais viável que encontrei foi o treino de supermoto, onde é realizado em kartódromo que o custo de pista é bem mais acessível.

Moto.com.br: Você possui outra atividade (ocupação) que não seja a motovelocidade, exemplo, trabalho, estudo etc.?

Samara Andrade: Além de treinar e competir na motovelocidade, trabalho como projetista/desenhista de móveis. Também faço uma preparação física com treinos diários.

Moto.com.br: O que você diria para incentivar as mulheres motociclistas a competir nos campeonatos nacionais?

Samara Andrade: As mulheres criam uma imagem de perigo dentro das competições, porém, muito pelo contrário, hoje está muito mais perigoso você ter uma moto de rua e fazer passeios nos finais de semana do que estar dentro de um autódromo com o equipamento de segurança adequado e um acompanhamento profissional de instrutores e equipes de apoio. Estou me preparando e num futuro próximo faremos treinos exclusivamente femininos, dando oportunidade às mulheres de conhecerem a emoção de estar em uma pista de competição.

Moto.com.br: Este ano você continuará na categoria 250/300 cc ou partirá para novos rumos?

Samara Andrade: Este ano vou competir na categoria 600 cc, na Copa Kawasaki Ninja ZX-6R, dentro do SuperBike Series, e gostaria muito de participar da prova Penélope na categoria Supermoto caso consiga um patrocinador.

Moto.com.br: A experiência de competir no ano passado foi positiva? Você atingiu os seus objetivos?

Samara Andrade: Foi um ano de aprendizagem, a cada prova era uma superação, tanto nos medos como na experiência.  Competi na categoria Light, onde se encaixam pilotos sem experiência de pista, foi um ano muito positivo.

Fotos: Sampa Fotos


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

Compartilhe:

Receba notícias de moto.com.br