Entrevista: Indy Muñoz, uma piloto veloz e radical
Pilotagem competitiva nas competições e controle no comando de motos poderosas são suas grandes paixões
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aladim Lopes Gonçalves
Brasília, a capital federal e o centro político do Brasil, não tem registros de terremotos, mas desde a chegada da piloto Indiana Kiiomi Muñoz Gomes por lá as estruturas do planalto central vêm sendo abaladas pelo seu talento nas pistas e por apresentações especiais cheias de manobras radicais e carregadas de emoção. Com apenas 24 anos, 1,50 m e 49 kg, Indy Muñoz ou Indy199, como é conhecida no cenário da motovelocidade, deixa muito marmanjo de boca aberta ao dominar máquinas poderosas com motores de 1000cc e que pesam mais de 200 kg. Com um imenso talento no controle de motos - que vem desde o berço - ela transita com desenvoltura em três modalidades esportivas: supermoto, motovelocidade e wheeling (empinadas). Apesar de disputar competições há pouco tempo, os resultados estão chegando na forma de muitos troféus e títulos, como campeã brasileira de wheeling e bicampeã brasiliense de motovelocidade. Aproveitando o potencial das redes sociais, a piloto ficou bastante conhecida em vídeos na internet, sempre pilotando e acelerando máquinas poderosas em manobras de extrema coragem.
Indy Muñoz também é um bom exemplo da globalização no mundo das duas rodas. Nascida na República Dominicana, filha de pai argentino e mãe colombiana, radicada e apaixonada pelo Brasil, ela sonha grande e pretende ser uma grande piloto com títulos nacionais e internacionais para levar a bandeira do Brasil pelos principais circuitos do mundo. Descubra mais dos planos e da história de Indy Muñoz nesse descontraído bate papo realizado com a piloto no intervalo de seus treinamentos de moto. E para saber mais do dia a dia dessa piloto radical é só acompanhar a sua agenda de eventos no Facebook (fb.com/indymunoz199).
MOTO.com.br: Conte um pouco da sua história e sua trajetória de motociclista e piloto.
Indy Muñoz: Comecei no mundo das motos desde muito cedo, com alguns meses de idade já participava de shows acrobáticos no circo do meu pai. Era um circo diferente, focado nas manobras com moto, equilíbrio, globo da morte, pirâmide humana etc. Aos 8 anos de idade já fazia manobras sozinha numa RD 135 durante as performances no circo do meu pai (El Zorro), após perdermos o circo nos juntamos à equipe Tonim Bala Moto Show. Finalmente nos estabilizamos em Goiânia e fizemos apresentações por todo o Brasil. Em 2007 comecei a treinar bicicross, que me rendeu alguns títulos goianos, depois me interessei pelo Wheeling. Comecei a treinar com o intuito de diversificar as manobras. Já em 2012, conheci meu marido e me mudei para Brasília. Ele descobriu em mim o dom para motovelocidade, começamos a treinar, e no ano seguinte (2013) me tornei campeã Brasiliense e Bicampeã em 2014, Categoria 1000cc. Neste mesmo ano comecei também a competir no Supermoto. Foram três corridas no Supermoto Brasil cup, duas em 3º Lugar e uma em 1° Lugar. No final de 2014 participei do Campeonato Brasileiro de Supermoto e terminei e 5º lugar na competição geral. Em 2015 pretendo disputar o Superbike series, em categoria ainda não definida.
MOTO.com.br: O que você mais gosta de fazer ou te dá mais adrenalina, disputar competições ou fazer apresentações radicais? Qual sua manobra favorita ou a mais perigosa?
Indy Muñoz: Ambas as modalidades me proporcionam prazer, adrenalina e realização. Andar a 300 km/h numa superbike, fazer curvas bem perto do chão, andar de uma roda ou surfar em pé no tanque da moto me garantem muitas doses de emoção e perigo dos quais não consigo viver sem.
MOTO.com.br: Como é sua preparação física e os cuidados na alimentação no dia a dia para enfrentar as competições?
Indy Muñoz: Treino na academia três vezes por semana. Mantenho uma alimentação saudável e balanceada. Também não como carne vermelha. Quando não estou dando aulas de pilotagem, aproveito para treinar nas motos.
MOTO.com.br: Como você lida com a questão da vaidade feminina, já que a vida de piloto e de quem anda de moto envolve mecânica, manutenção, preparação e a poluição que faz parte das grandes cidades?
Indy Muñoz: Sou supervaidosa, sempre levo minha maquiagem para as competições e apresentações. Antes de subir na moto e colocar o capacete eu retoco a maquiagem e o batom, só não consigo manter as unhas sempre feitas, pois também gosto de mexer nas motos. Pegar na massa, sujar as mãos de graxa. (risos)
MOTO.com.br: Como você vê essa fase que o motociclismo está vivendo no Brasil, com maior interesse nas competições por parte de organizadores, patrocinadores, apoiadores e público?
Indy Muñoz: A fase atual está boa, mas longe do ideal. As competições estão de alto nível, os organizadores estão de parabéns, pois sei que não e fácil organizar um evento. Existem dois grandes campeonatos de motovelocidade no Brasil e o grid está cada vez mais cheio, mas fico decepcionada com a falta de patrocínio. Muitos talentos das mais variadas modalidades se perdem com falta de apoio. No Brasil, o foco é carnaval e futebol. Vejo que cada vez mais o público comparece nas arquibancadas, e isso e bom para todos.
MOTO.com.br: Feras nas motos como as pilotos Shayna Texter, Kacy Martinez, Ana Carrasco, Elena Rosell, Laia Sanz e outras, como a brasileira Sabrina Paiuta, mostram que as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço e destaque no motociclismo. Como você vê esse cenário lá fora e aqui no Brasil?
Indy Muñoz: Sim, as mulheres estão buscando seu espaço nas pistas. Quase não existem competições femininas, então temos que competir de igual pra igual com os homens. No Brasil e no mundo existem mulheres de altíssimo nível, mostrando que temos força e capacidades iguais.
MOTO.com.br: Você acompanha os campeonatos de motovelocidade lá fora como MotoGP e Mundial Superbike e também as competições no Brasil? Tem algum piloto que você se identifica mais, ou você busca o seu próprio estilo de pilotagem?
Indy Muñoz: Acompanho sempre o MotoGP e aprendo muito assistindo as corridas. Mas desde criança sou muito fã do Travis Pastrana, por isso uso o numero 199. Também me inspiro muito no meu irmão, Kioman Muñoz, que é piloto de motocross.
MOTO.com.br: Que planos e sonhos você tem para seu futuro no motociclismo?
Indy Muñoz: Meu sonho é me consagrar uma excelente piloto e conquistar muitos títulos na motovelocidade, no supermoto e no stunt wheeling. Pretendo este ano competir no SuperBike Series, mas ainda estou sem patrocínio, e é muito difícil manter-se no esporte.
- Confira o vídeo radical de Indy Muñoz na sua moto
Vídeo: Divulgação
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