De onde saíram tantas motos?
Fico impressionado com a quantidade de motos rodando a trabalho e também, como tem aumentado o número de usuários a lazer.
Por Trinity Ronzella
Por Trinity Ronzella
Em um passado não muito distante…
As CB 400 chegaram em 1980 e onde morava, Mogi Mirim, dois amigos dos meus pais compraram uma de cada cor. Me lembro que ficava encantado mesmo com apenas 10 anos.
Naquela época, ter uma moto era algo mega aventureiro, desafiador, arriscado, ou seja, se você tivesse uma moto, você era diferentão! E era!
Lembro que “viajava” para Campinas (50km) e raramente encontrava uma ou duas na estrada de pista simples e ficava super admirado! Pronto… o DNA foi ativado e estava se multiplicando.
Final da década de 80 já estava desesperado por uma Mobilete, Garelli e até uma Mini Panther servia (moto dobrável da época), já estava com as pernas bem treinadas de tanto andar de bike.
Em 88, com 18 anos, finalmente consegui a primeira moto. Uma CB 400 II dourada, linda! E aí começou!
Lembro do primeiro passeio “Circuito das Águas” que saiu de Campinas e foi até Serra Negra e voltou para o estacionamento do Carrefour, fiz o passeio todo! Encontrávamos poucas motos nas estradas e mesmo na cidade, não tinham muitas rodando. Moto ainda era “muito perigoso”!
Logo em seguida entrava no mundo off road. As trilhas me levaram a competições, equipes e viagens. A primeira foi para o Nordeste, depois Patagônia e em seguida Bolívia, Peru, Chile e Argentina.
Na época era tudo na raça! Mapas, sem tecnologia, sem reservas, ligações em orelhões (que hoje com certeza seria incendiado só por ter esse nome, seria bulling), mandava notícias por cartas que muitas vezes chagavam depois de mim, enfim, o objetivo é dar uma idéia de como era a realidade a 30 anos atrás pois, em tão pouco tempo, mudou de uma tal maneira que chega a ser difícil de imaginar esse passado recente.
Os dias atuais…
Hoje estamos de um jeito que parecem ter passados 200 anos em vários sentidos, quer ver?
O número de motos circulando atualmente é absurdamente grande em todo território nacional. Para se ter uma ideia, até outubro de 2021 foram fabricadas 1.004.983 unidades de motocicletas no PIM (polo Industrial de Manaus).
A variedade de marcas e modelos não param de crescer e atinge todos os gostos e desejos.
Quando falamos em ser um veículo perigoso, atualmente as motos estão muito mais seguras em todas as categorias.
Tecnologia… isso então, nem temos o que falar, hoje existe. O que falávamos ser tecnologia 30 anos atrás não dá para comparar com os dias atuais.
E a versatilidade que se implantou? Atualmente, mesmo muitas vezes com razão, criticamos os serviços que utilizam as motos mas, somos dependentes. As motos fazem a diferença para o Brasil funcionar melhor, mesmo que ruim.
E a parte do lazer não ficou para trás! O número de pessoas que viajam e passeiam com suas motos, mesmo que indo tomar um café na padaria ou no Serrazul é muito grande, existe essa cultura com raízes fortes! Fico impressionado com o número de pessoas com pouca ou nenhuma experiência que aparecem nos cursos de pilotagem com motos de 100 mil reais, sendo a primeira moto da vida.
As pessoas hoje em dia sonham em comprar uma moto e ir para Ushuaia, San Pedro do Atacama, assistir um Moto GP na Argentina! Estamos falando de milhares de quilômetros sobre um veículo que muitos nunca pilotaram. E vai além. A primeira moto raramente é uma 125, 250, 300 cilindradas, as pessoas já começam com quase ou acima de 1000 cilindradas! Vejo cada vez mais isso acontecer!
A motocicleta virou um objetivo creio que, devido a tantos relatos de pessoas “comuns" contando histórias de passeios e viagens incríveis.
Por outro lado, o surgimento de empresas que vendem esse sonho de “viajar de moto” colaborou demais para esse aumento, cada vez mais estruturados e com mais opções de datas e destinos, as pessoas ainda tem a opção de alugar uma moto, nem precisa ter!
As fábricas estão se ligando nisso e estão participando de eventos “de experiência”, onde o cliente paga uma taxa para experimentar um ou uns modelos específicos de moto, e tem dado certo e bons resultados.
E o futuro…
O futuro que já é presente nos direciona para as motos elétricas…
Apesar da demora para chegarem por aqui, estamos vendo ocorrerem mudanças em outros setores nesse sentido, quer um exemplo?
Os novos prédios de alto padrão que estão subindo, de um tempo para cá, já trazem como “normal" as tomadas nas garagens e algumas outras funcionalidades nesse sentido. Em outra realidade, nas estradas do Tio Sam existem roteiros possíveis de serem realizados com motos elétricas devido a estrutura disponibilizada durante o percurso. É fato que não é a perfeição como sonhamos, pois roda-se menos por dia devido ao tempo levado para recarregar as baterias mas, mesmo aqui no Brasil já existem muitas idéias para isso se resolver, como posto de troca de bateria por exemplo. Aparentemente uma solução simples e lógica.
O que me preocupa…
Toda essa tecnologia que os veículos estão recebendo, e as motos não estão fora, na minha maneira de pensar e pelo que tenho visto, colabora muito para que a pessoa não precise ter habilidade e segurança, ou melhor, que a pessoa “ache” que não precise. Canso de ouvir coisas como: “minha moto é segura, pois tem ABS”, “entro na curva sem medo pois tem controle de tração”, “só preciso usar um freio pois ele distribui”…e não foram poucas vezes que ouvi isso.
A preocupação vem porque as pessoas estão jogando a responsabilidade na tecnologia e não se preocupando em aprender o uso correto a ponto de não “ativar" esses recursos.
Estão negligenciando a própria segurança achando estarem seguros.
O ponto é; o ABS funciona desde que saibam usar, e o mesmo acontece com o controle de tração, freio combinado, assistente disso e daquilo, modos de pilotagem, enfim, mas quem comanda é quem está em cima da moto.
Por essas e outras vamos rodar em segurança e procurar evoluir e melhorar nossa pilotagem, existem diversos cursos disponíveis no mercado para ajudar nesse sentido. Aprender nunca é demais e, nesse caso ainda, é necessário e salva vidas!
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