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Cesvi divulga estudo sobre ABS para motos no Brasil

17 de July de 2013

Aladim Lopes Gonçalves

Andar da moto pelas ruas, avenidas e estradas do país poderia oferecer menos riscos de acidentes para os motociclistas se os veículos de duas rodas fossem equipados com freios ABS (antitravamento), dispositivo que passa a ser obrigatório nos automóveis a partir de 2014 no Brasil.

Para o Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária), o número de mortes de motociclistas no trânsito poderia ser significativamente reduzido se as motos, assim como os carros, fossem equipadas com os freios ABS, o que poderia contribuir para reduzir os dados agravantes da CET-SP (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo) na cidade de São Paulo em 2012, com 438 mortes (média de 1,2 morte por dia).

Para reforçar os benefícios dos freios ABS nas motos, o Cesvi divulgou números do instituto americano IIHS (Insurance Institute for Highway Safety), que revelam que os acidentes fatais poderiam ser 37% menores em motos com ABS se comparadas com os mesmos modelos sem o dispositivo. Já no caso de colisões, o número de acidentes seria 23% menor.

Além disso, há outras vantagens como a possibilidade de redução nos acidentes em função da redução do espaço de frenagem, pois a atuação do freio ABS pode ajudar a queda dos motociclistas, com experiência ou não na condução de veículos de duas rodas.

O problema é que no Brasil a taxa de instalação do sistema nas motocicletas é de apenas 17% - e ele só pode ser encontrado em modelos com motorização superior a 250 cilindradas que em 2012 representavam menos de 13% do total de motos vendidas no País.

Diante desse cenário, o Cesvi elaborou um estudo para identificar a situação das motocicletas brasileiras quanto ao uso do ABS, tomando por base os modelos vendidos no Brasil e a disponibilidade do sistema para cada um. Foram analisadas 357 versões de 199 modelos produzidos por 38 fabricantes. Desse montante, 16 modelos são movidos a eletricidade.

O gerente técnico do Cesvi, Emerson Feliciano, explica que as motocicletas foram divididas na pesquisa em três categorias e apenas as dez mais vendidas de cada categoria foram analisadas: City, Scooter/Club e Trail/Fun. Juntas, elas representaram 95,5% dos emplacamentos de 2012 e mostraram que o cenário ainda tem muito a melhorar.

“Para cerca de 74% das motos o ABS é um item não disponível. Isso se deve, em parte, ao custo médio do equipamento de R$ 2.700, praticamente a metade do preço de uma moto compacta.” No Brasil, o ABS para motos ainda é um dispositivo proveniente de importação, mas futuramente pode produzido no país por grandes empresas do setor, como Bosch e Magneti Marelli.

Dos dez modelos mais vendidos da categoria City, que representaram quase 55% dos emplacamentos realizados no ano passado, apenas 5% possuem ABS como opcional. Os demais não possuem o dispositivo nem como opcional. Estão inclusos no grupo das City motocicletas de 125 a 300 cilindradas de cinco montadoras.

Já entre as Scooters e Clubs, representadas por motonetas e ciclomotores entre 50 e 125 cilindradas, dos dez modelos mais vendidos, nenhum tem ABS, seja opcional ou como item de série. Os dez mais vendidos deste grupo, composto por sete empresas e 14 diferentes versões, representaram quase 25% dos emplacamentos de motocicletas, motonetas e ciclomotores em 2012.

Por fim, na categoria Trail/Fun, composta pelas máquinas com apelo aventureiro, e com motorização entre 125 e 700 cilindradas, os dez modelos mais vendidos representaram, no ano anterior, cerca de 16% das vendas. Desse total, 85% não possui o ABS como opcional e não há nenhuma versão com o item de série. O grupo Trail/Fun é representado por cinco montadoras, que oferecem 13 versões de motocicletas.

“As motocicletas de preço mais elevado são aquelas que mais oferecem o sistema antitravamento. Até por conta das altas cilindras, que variam entre 650 e 2300, os valores destas máquinas podem alcançar até R$ 109 mil, tornando o impacto do custo do ABS quase imperceptível e mais viável economicamente para os fabricantes”, diz Almir Fernandes, diretor executivo do Cesvi.

Ainda segundo o executivo, apesar de o Brasil não pactuar com as metas europeias, cuja obrigatoriedade do ABS para motos passa a vigorar em 2016, a disseminação do equipamento nos automóveis deve refletir positivamente para o campo das duas rodas.

“O consumidor vai perceber o benefício e cobrará o uso do dispositivo também nas motos. Por isso, informações como as elaboradas por este estudo almejam orientar os consumidores na hora da compra, oferecendo a ele dados de qualidade e que colaborem para a proteção de seu bem maior, que é a vida”, salienta Almir Fernandes.

Durante a apresentação do estudo o Cesvi realizou na sua sede, na cidade de São Paulo, uma simulação da frenagem de motocicleta com e sem ABS em pista para demonstrar as diferenças no veículo de duas rodas. O técnico responsável pelo teste, Flávio Elias, conta que a moto, equipada com suporte e rodas laterais, fez seis passagens com velocidades entre 35 km/h e 50 km/h, a primeira série com piso seco e a segunda série com piso molhado e obstáculos. A moto foi conduzida nas provas pelo piloto Lucas Paschoalin.

Na primeira passagem é acionado apenas o dianteiro (com e sem ABS), na segunda, apenas o freio traseiro (com e sem ABS) e na terceira, com frenagem combinada do freio dianteiro e traseiro (com e sem ABS). O espaço de frenagem foi marcado com uma distância entre 2 e 14 metros. Na média das passagens, sem ABS a moto apresentou descontrole nas frenagens e precisou usar uma distância na pista entre 6 e 8 metros e com ABS, mostrou mais estabilidade nas frenagens e precisou usar uma distância na pista entre 2 e 4 metros.

- Confira o vídeo do teste de frenagem com e sem ABS em piso molhado do Cesvi Brasil

Para ver os vídeos e mais detalhes, clique aqui.

Fotos e vídeo: Aladim Lopes Gonçalves

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