CBR 1000 RR SP chega para oferecer controle total nas pistas
Nova versão especial da superesportiva traz componentes de grife e menos peso para fazer bonito em trackdays
Por Paulo Souza
Por Paulo Souza
Carlos Bazela
Para os japoneses, somente é possível levar algo ao limite com muito refinamento. No caso de uma superesportiva, esse conceito consiste em dar ao piloto controle total para superar limites e, principalmente, o relógio. Pensando dessa forma, a Honda reuniu componentes de grife e até processos diferenciados de fabricação para criar a versão SP da CBR 1000RR Fireblade, que embora seja homologada para rodar por vias normais, foi planejada para levar o piloto ao limite entre as curvas e retas de um circuito fechado.
Para distinguir a Fireblade SP da versão Standard apenas pelo visual, é necessário mais do que uma olhada superficial. Embora o esquema tricolor HRC apareça em uma ordem diferente na versão especial, ele continua com os mesmos tons de branco, azul e vermelho característicos da Honda. No entanto, a ausência das pedaleiras e assento da garupa, em conjunto com as rodas douradas, são os traços mais marcantes nas diferenças estéticas entre as duas versões da superesportiva.
As mudanças visuais, entretanto, se resumem a isso. Os cortes na carenagem para dissipação de calor se mantém rigorosamente iguais aos da CBR 1000 Standard. O formato e o posicionamento do escape ao lado direito e até o suporte para a placa e também não são diferentes dos da moto que já conhecemos, ou mesmo do modelo 2014 apresentado ao lado dela na última edição do Salão de Milão, na Itália, em novembro passado.
Mecânica caprichada
Se a Honda não mexeu no visual nessa versão especial de sua superesportiva, na parte mecânica ela compensou. Retrabalhado, o propulsor tetracilindrico de 999,8 cm³ agora é capaz de gerar até 181 cv de potência máxima a 12.250 rpm, enquanto o torque máximo é de 11,6 kgf.m obtidos nas 10.500 rpm. De acordo com as novas especificações, a CBR 1000 RR SP, assim como o modelo Standard de 2014, está dois cavalos mais potente do que a versão que vemos hoje rodando no Brasil.
Mesmo compartilhando potência e torque da versão Standard, o propulsor da Fireblade SP passa por um cuidado a mais na hora da fabricação. Antes de serem montados, os pistões são pesados e aqueles que ficam o mais próximo do meio entre as tolerâncias máximas e mínimas são escolhidos para montar o motor. De acordo com a Honda, isso aumenta o equilíbrio do conjunto em situações onde os giros são maiores, como é o caso das pistas.
Na versão SP, os discos duplos dianteiros de 320 mm de diâmetro passam a ser mordidos por pinças Brembo de quatro pistões, enquanto a roda traseira traz disco simples de 220 mm de diâmetro mordido por pinça de pistão único. Os freios ABS com a tecnologia de frenagem combinada continuam disponíveis como opcional em alguns países, enquanto outros mercados comercializam a moto apenas na versão completa. E, para quem acha que ABS não é coisa de pista, o sistema vem sendo utilizado desde 2010 no Campeonato Alemão de Motovelocidade e, desde 2011, pela equipe Honda TT Legends, que participa das provas do Campeonato Mundial de Endurance e Road Racing.
A regulagem do sistema de freios combinados, aliás, é um legado das pistas para versão SP, uma vez que foram ajustados para concentrar menos força na roda dianteira quando o pedal traseiro é acionado. Além de fazer com que o ABS funcione de maneira mais gradual e suave, dependendo da força com a qual o piloto pisa, o freio dianteiro não é acionado, permitindo pequenos ajustes na velocidade, úteis em entradas de curva, por exemplo. A nova regulagem do sistema combinado também permite que o freio traseiro seja liberado mais rapidamente quando o piloto solta o dianteiro. Assim, o ângulo de inclinação é mantido mais facilmente durante a curva.
Ciclistica racing
Além dos freios Brembo, a CBR 1000RR SP traz outros componentes com origem nas pistas. É o caso da balança traseira de alumínio, derivada da MotoGP e das suspensões Öhlins, distribuídas nas configurações monoamortecida Pro-Link com ajuste a gás e 96 mm de curso na traseira e na dianteira, bengala invertida (upside-down) totalmente ajustável com curso de 120 mm. O garfo da SP também é um pouco mais grosso do que o da Showa, utilizado na versão standard da CBR.
O quadro de dupla trave em alumínio também recebeu mudanças para se adequar aos conjuntos Öhlins e oferecer a melhor resposta possível do conjunto ao piloto. Já na parte traseira da moto, temos um subquadro mais leve. A perda de peso é notada, uma vez que a peça não precisa suportar o assento e as pedaleiras da garupa. Isso se reflete no peso total da moto: 199 kg em ordem de marcha, exatamente um quilo a menos do que a versão convencional da superesportiva.
Manter a estabilidade da CBR SP fica por conta de uma nova mesa feita em aço – ao invés de alumínio –, que apresenta maior rigidez. Para não comprometer o peso, todavia, a peça foi usinada com elementos vazados. Há também a segunda geração do amortecedor eletrônico de direção (HESD), que monitora a velocidade e regula a força de absorção dos impactos sofridos O sistema minimiza possíveis mudanças repentinas no ângulo da direção e ainda a deixa mais leve de ser conduzida em velocidades mais baixas.
Em relação ao modelo de 2013, tanto a versão SP quanto a convencional da CBR 1000 mostradas em Milão apresentam uma posição de pilotagem mais agressiva. As pedaleiras recuaram 10 mm para trás, enquanto os semi-guidões estão mais abertos, mais baixos (em 1°, mais especificamente) e mais à frente em 5°. As rodas aro 17” também estão prontas para a pista, mas vem de fábrica calçando um jogo de pneus de rua, o Pirelli Diablo Supercorsa SP com medidas 120/70-ZR17 na frente e 190/50ZR17 atrás.
Esportividade custa caro
Toda a esportividade da CBR 1000RR SP, entretanto, tem preço. Em Portugal, por exemplo, onde a versão especial é vendida nas duas opções, os preços são de 17.400 euros para a moto básica e 18.400 pela equipada com C-ABS, que correspondem a cerca de R$ 56.800 e R$ 60 mil, respectivamente. A título de comparação, as versões Standard e com ABS da CBR 1000RR Standard são vendidas no país europeu por 14.600 e 15.600 euros, respectivamente. Os valores equivalem a algo próximo de R$ 47.720 para a moto básica e R$ 52.290 para a versão com ABS.
Fotos: Divulgação
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