Bom momento do mercado impulsiona novidades em Colônia

Aumento nas vendas de motos na Alemanha estimula fábricas em novos modelos que foram apresentados no Intermot

Por Paulo Souza

Arthur Caldeira, de Colônia (Alemanha)

Diferentemente das duas últimas edições do Salão Internacional de Motocicletas de Colônia (Alemanha), quando a crise financeira de 2008 ainda assombrava o mercado de motocicletas europeu, neste ano os fabricantes estavam mais otimistas. Com isso, o Intermot 2014 foi palco de diversos lançamentos para todos os gostos. “Viemos nos recuperando nos últimos anos e, em 2014, já registramos um crescimento de 8,4% nas vendas de motos na Alemanha”, comemorou Reiner Brendicke, diretor executivo da IVM, associação do setor de duas rodas na Alemanha, na abertura do Intermot 2014, que celebra 50 anos em Colônia.

Um dos motivos apontados por Heiner Faust, diretor de vendas e marketing da BMW que também é presidente da IVM, foi a mudança nas regras de habilitação da Comunidade Europeia. “O fato de que os motoristas de automóveis habilitados antes de 1980 possam pilotar nos ajudou, assim como os habilitados na categoria A2 podem pilotar motos de até 45 cavalos também contribui para o aumento nas vendas internas, já que em 2012 muitos fabricantes focaram nesse segmento”, afirmou Faust.

O aumento do interesse dos jovens também foi apontado como outro fator que impulsionou as vendas. “A licença A1 para até 18 anos e a atualização da A2 fez com que mais jovens se interessassem por motocicletas. E isso nos surpreende, pois hoje há muita distração, como smartphones e tablets, mas os jovens mostraram que eles estão online, mas querem estar na estrada”, conclui Brendicke.

Com as vendas crescendo e o faturamento também, os fabricantes tiveram caixa para investir em novidades no Salão de Colônia. Embora os lançamentos tenham englobado desde motos elétricas a superesportivas de 300 cavalos, duas tendências ficaram claras: a onda retrô vem com força total, como deixaram claro Ducati e Yamaha; e as adventure touring, como a nova Honda VFR 800X Crossrunner e a atualização da família Kawasaki Versys, mostraram. Mas ainda houve uma bignaked Suzuki, uma super bigtrail KTM e outras novidades que você confere a seguir:

Suzuki
A Suzuki trouxe diversas novidades para o Salão de Colônia. Entre elas, a bignaked GSX-S 1000 e a sport-touring GSX-S 1000F. Construídas sobre a mesma base, ambas são equipadas com um propulsor de quatro cilindros em linha de 999 cm³ e derivado da superbike GSX-R 1000. Embora tenham capacidade cúbica elevada, os novos modelos seguem o conceito “Street Sport'', o que significa motos esportivas, mas racionais, voltadas para o uso nas ruas.

Também foi apresentada, a V-Strom 650XT, uma bigtrail média com rodas raiadas e pensada para pilotos com vocação para o off-road. Visualmente, a moto mistura elementos da atual geração da 650cc, como o duplo farol e o “bico'' sobre o para-lama presente no modelo de 1000cc, ambos à venda no Brasil. Outra novidade foi o facelift da semi-carenada Bandit 1250 S, com aletas maiores ao lado do radiador e com freios ABS. A superesportiva GSX-R 1000 também recebeu os freios antitravamento e foi exposta em uma roupagem alusiva ao protótipo que marca o retorno da Suzuki à MotoGP em 2015, com os pilotos Aleix Espargaró e Maverick Viñales. Fechando o pacote de novidades está o scooter Address, com motor monocilíndrico de 113 cm³.

Com exceção do Address, todos os modelos acima foram confirmados para o Brasil pela J.Toledo Suzuki, representante da marca no País. A previsão de chegada das novas motos é para o segundo semestre do ano que vem.

BMW
“Em casa”, a BMW apresentou, enfim, os três modelos que já havia confirmado para essa edição do Intermot. O destaque fica por conta da nova R 1200 RS, uma moto semi-carenada com para-brisa ajustável e vocação para viagens mais longas. A sport-touring traz transmissão final por eixo-cardã no monobraço traseiro e faróis semelhantes aos da S 1000 RR. O novo motor boxer de dois cilindros opostos com refrigeração líquida, que já equipa outros modelos da marca, pode gerar até 125 cv de potência.

Outra moto que recebeu a nova geração do propulsor boxer foi a naked R 1200 R, assim como controle de estabilidade e modos de pilotagem. No quesito estética, a moto ficou mais moderna e com linhas parecidas com as da Concept Roadster, a radical naked conceito revelada pela marca no meio do ano. Outro detalhe herdado do modelo conceitual foi a suspensão dianteira composta por garfo telescópico invertido (upside-down), que substitui o tradicional sistema Telelever.

Mas, a estrela do estande mesmo foi a reformulada S 1000 RR. A nova geração da superesportiva bávara recebeu alterações na geometria para ficar mais estável. O motor de quatro cilindros em linha de 999 cm³ foi retrabalhado e agora passa a despejar até 199 cv de potência máxima. E, segundo a BMW, a S 1000 RR ainda “emagreceu'' quatro quilos e pesa agora 204 kg em ordem de marcha. No visual, ela conserva traços característicos, como as entradas de ar em forma de guelras de tubarão do lado direito e os faróis continuam assimétricos, porém com contornos mais ovalados.

Kawasaki
A Kawasaki conseguiu superar as expectativas em sua apresentação para a imprensa presente no Intermot. A aguardada Ninja H2 apareceu em sua versão “R'', uma superbike restrita às pistas. Segundo a Casa de Akashi, a moto traz um motor com turbo compressor de quatro cilindros em linha de 998 cm³ capaz de gerar impressionantes 300 cv de potência máxima. A Kawasaki também reiterou que a versão de rua da Ninja H2, prevista para ser mostrada no mês que vem no Salão de Motos de Milão, Itália, será um pouco mais mansa, mas ainda assim com mais 200 cv.

Visualmente, a moto impressiona. A Kawasaki usou sua expertise em outros departamentos, como aeronáutica, por exemplo, para deixar a moto com linhas que parecem saídas de um daqueles aviões caça invisíveis ao radar. Esse conceito é reforçado pela pintura preta com detalhes em verde e as “asas” na dianteira ao lado do para-brisa. A Ninja H2R ainda conta com um estiloso monobraço traseiro.

Outra novidade foi a família Versys. Tanto o modelo de 650, quanto o de 1000cc receberam novo visual, mais próximo dos modelos com vocação touring da marca, como a Ninja 650 e a Ninja 1000. As motos também ganharam atualizações no chassi e nos propulsores. Embora conservem as arquiteturas de dois cilindros paralelos de 649 cm³ e quatro cilindros em linha de 1043 cm³, respectivamente, potência e torque de ambos foram aumentados.

Ducati
Mais conhecida por suas potentes esportivas, a Ducati resolveu reviver em Colônia um sucesso dos anos 1970, a Scrambler. A ideia da marca italiana foi reinterpretar um ícone. “Projetamos e construímos a Scrambler como se nunca tivéssemos parado de fazê-la”, declarou Cristiano Silei, vice-presidente de vendas e marketing da empresa italiana.

Com visual que relembra as motos fora-de-estrada dos anos 70, a “nova” Scrambler terá quatro versões: a Icon, disponível nas cores vermelha e amarela, que faz uma releitura moderna do modelo original; a Urban Enduro na cor verde é destinada aos entusiastas do fora-de-estrada; o modelo Full Throttle para quem curte corridas; e a Classic para os fãs dos anos 70. Todas compartilham o motor de dois cilindros em “L” com 803 cm³ e refrigeração a ar, antes utilizado na Monster 796. O toque de modernidade fica por conta da suspensão invertida, balança traseira em alumínio e freios com sistema ABS.

Para incentivar a personalização e um estilo de vida diferenciado, a fábrica criou uma vasta lista de acessórios e também de lifestyle de acordo com cada versão. A assessoria de imprensa da Ducati do Brasil já confirmou a chegada da versão Icon ao País no ano que vem. Ainda não se sabe, entretanto, valores ou mesmo a data certa de quando ela aterrissa por aqui.

Honda
A Honda apresentou o modelo 2015 da crossover VFR 800X Crossrunner para o mercado europeu. Orientado para viagens mais longas por trechos de asfalto, o modelo recebeu atualizações visuais e ajustes mecânicos no motor V4 de 782 cm³, que aumentou a potência entregue para 106 cv a 10.250 rpm. Reestilizada, a moto traz um novo conjunto óptico, formado por dois faróis, que a distanciam visualmente da VFR 1200X Crosstourer, com quem se parecia mais em sua geração anterior.

Além das novidades visuais, a VFR 800X recebeu suspensões com curso mais longo. No quesito eletrônica, a nova Crossrunner traz o controle de torque selecionável (HSTC), que percebe quando a perda de tração na roda traseira é iminente e reduz a força transferida para manter a aderência. Freios ABS, lâmpadas LED, aquecedores de manopla e piscas que desligam automaticamente também são itens de série.

A família Forza também ficou maior na Alemanha com o lançamento de um novo scooter de 125cc. De acordo com a montadora, além de praticidade e estilo o Forza 125 oferece conforto e proteção aerodinâmica para incursões em estradas, o que explica o para-brisa alto e o assento em dois níveis. O propulsor é um monocilíndrico de 124,9 cm³ capaz de gerar 14,2 cv de potência máxima e equipado com o sistema idling stop do PCX 150.

Completando o estande estava a miniesportiva CBR 300R. Sucessora do modelo com 250cc, a moto tem visual alusivo à CBR 1000RR Fireblade e já está disponível no mercado europeu. O motor é de um cilindro com 286 cm³ capaz de gerar até 30,8 cv de potência máxima a 8.500 e existe grande expectativa de sua chegada ao Brasil. Contudo, nada foi confirmado oficialmente pela Honda do País ainda.

Aprilia
No Salão de Motos de Colônia, a Aprilia, que pertence ao Grupo Piaggio, apresentou a Caponord 1200 Rally, versão mais radical e tecnológica da bigtrail italiana. Estradeira por vocação, a nova versão está apta a encarar qualquer tipo de terreno. A moto traz roda raiada de 19" na dianteira, alforjes rígidos em alumínio, para-brisa mais alto, protetores do motor e de mão, além de luzes em LED e tanque de combustível com capacidade para 24 litros.

A nova aventureira da Aprilia está equipada com um motor de dois cilindros em “V”, com 1200 cm³ de capacidade cúbica. E também boa dose de tecnologia embarcada: acelerador ride-by-wire com três tipos de mapeamento do propulsor, controle de tração, piloto automático e sistema de freios ABS que pode ser desabilitado em uma situação de piso de terra. Ainda no quesito eletrônica, se destaca a suspensão semi-ativa, sistema desenvolvido pela própria marca. A nova Aprilia Caponord 1200 Rally começa a ser vendida na Europa a partir de janeiro.

Moto Guzzi 
A italiana Moto Guzzi apresentou V7 II, segunda geração do modelo clássico, que será oferecida em três versões: II V7 Stone, com características da década de 1970; II V7 Special, que carrega gráficos inspirados na S3 V750, de 1975; e a V7 Racer II, que encarna o espírito esportivo da Moto Guzzi. Entre as novidades mecânicas estão a nova caixa de marchas (seis velocidades) com embreagem de acionamento mais suave e o motor 10 mm mais baixo, inclinado 4° para frente. Já a ergonomia melhorou, principalmente para pilotos mais altos, com o rebaixamento das pedaleiras em 25 mm. Freios ABS e controle de tração também foram incorporados na nova geração da V7, que chega ao mercado europeu a partir de novembro.

Yamaha
Já a Yamaha investiu no conceito retrô com duas versões da naked XJR 1300. O modelo traz o tanque em azul característico da marca dos três diapasões e a tampa da bateria recebeu acabamento em alumínio imitando o “number plate” das motos de competição de antigamente. O restante da moto é pintado de preto.

A versão Racer é ainda mais alusiva aos modelos de competição, com uma semi-carenagem frontal e para-brisa. O “look” foi inspirado pelo projeto Yard Built, no qual diversos customizadores criam versões das motos da Yamaha a convite da própria marca. Na parte mecânica, ambas conservam o mesmo motor de quatro cilindros em linha de 1.251 cm³ refrigerado a ar e trazem agora suspensão traseira Öhlins, com ajuste a gás. As duas XJR 1300 recebeu ainda uma nova rabeta, mais moderna e curta, com os piscas fixados nas laterais do suporte de placa.

O toque de modernidade do estande ficou por conta da MT-07 Moto Cage, uma versão da naked bicilíndrica inspirada nas stunt bikes usadas em shows de manobras. Além de detalhes em vermelho, a moto traz barras de proteção no motor que se assemelham a uma gaiola – daí o nome – também pintadas na cor escarlate. A mecânica, todavia, se mantém a mesma. O modelo chega às concessionárias europeias em novembro desse ano.

Triumph
Durante o Intermot, a Triumph não apresentou nenhuma novidade. Na verdade, foram edições especiais de modelos já existentes. Caso da Bonneville, que ganhou três novas versões, a Newchurch, a Spirit e a T214. Todos os modelos são equipados com o mesmo motor de dois cilindros de 865 cm³ de capacidade, mas cada um tem suas características únicas.

A mais moderna entre elas é a Newchurch, que traz rodas de liga leve na cor preta com listras vermelhas. O esquema de cor conta com a mistura de vermelho e branco, inspirada no Tridays Triumph, que acontece na cidade alemã de Neukirchen (que significa New Church – Nova Igreja – em alemão). Em seguida, vem a Bonneville Spirit, uma motocicleta baseada na versão preta da “Bonnie” T100. No entanto, a Triumph acrescentou diversas peças cromadas, como as rodas, para-lamas, espelhos retrovisores e guidão, enquanto o farol veio da série Scrambler da marca britânica e do para-lama traseiro curto, que foi herdado da Thruxton. Tanto a Spirit quanto a Newchurch estarão disponíveis na Europa na primavera de 2015.

Já a Bonneville T214, que relembra o recorde de velocidade de 214.4 mph (cerca de 345 km/h) atingido por um streamliner com motor Triumph – é a única que sairá em uma série limitada a 1.000 unidades em todo o mundo.

A empresa britânica apresentou também a Street Triple RX, uma versão ainda mais esportiva de sua naked de 675 cc. A nova máquina recebeu o subquadro traseiro e toda a estrutura da parte de trás da Daytona 675, quickshift de série e também ganhou rodas vermelhas. O motor sofreu algumas modificações internas e agora, na Europa, produz cerca de 108 cavalos de potência.

KTM
A KTM apresentou algumas novidades para o mercado mundial. A primeira é a 1290 Super Adventure, que segundo a companhia se encaixa no segmento das motocicletas touring de luxo. A nova máquina é equipada com o mesmo motor bicilíndrico em “V” dispostos a 75° de 1.301 cm³ da bestial naked 1290 Super Duke. O novo modelo é equipado também com o controle de estabilidade (MSC), freios ABS combinados, controle de tração (MTC), suspensão WP semi-ativa e piloto automático para maior conforto em longas viagens. A KTM 1290 Super Adventure vem também com um farol no qual a luz segue a trajetória da moto nas curvas de série e tem tanque com capacidade para 30 litros.

Outro destaque da marca austríaca foi uma supermotard elétrica. A Freeride E SM é equipada com o mesmo motor elétrico de 21,5 cv de potência máxima de suas irmãs trail e de motocross, que a KTM afirma ser equivalente aos modelos de 200 cm³ com motor de combustão interna. Tanto o motor quanto a ECU são refrigerados a líquido para manter o desempenho. A Freeride E SM também é homologada para o uso nas ruas e traz lanternas, piscas e suporte de placa.  

Fotos: Arthur Caldeira


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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