Ano novo em duas rodas

Em 2009, nova lei de emissões de poluentes deve provocar uma enxurrada de novidades.

Por Leandro Alvares

Arthur Caldeira

A crise do setor financeiro mundial foi um verdadeiro banho de água fria no mercado de motos brasileiro. As vendas despencaram e o crescimento do mercado, antes previsto em cerca de 20% em 2008, deve fechar o ano em torno dos 15%.

Ainda assim, um bom aumento nas vendas, porém uma frustração para as fábricas que investiram na ampliação da sua capacidade produtiva.

Especialistas já prevêem que em 2009 o mercado de duas rodas deve continuar crescendo, mas agora em ritmo mais lento: pouco abaixo dos 10%. Alguns outros especialistas vêem nas motocicletas um setor bastante promissor em época de crise — por terem menor valor agregado são uma opção barata de transporte para quem precisa se locomover. Resta esperar para ver.

Revolução interna

Conjunturas econômicas a parte, em 2009 o setor de duas rodas vai passar por uma revolução no Brasil. Isso porque a partir de 1º de janeiro do próximo ano, todas as motos fabricadas no país terão de atender a uma nova lei de emissão de poluentes, a terceira fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (Promot).
 
Uma revolução que, aliás, já começou em 2008. Em maio, a Honda trouxe a nova CB 600F Hornet equipada com injeção eletrônica. Ainda no primeiro semestre, apresentou a custom Shadow 750 também com a alimentação eletrônica mais eficaz e catalisadores.

No segundo semestre de 2008, foi a vez de a Yamaha mostrar a nova YBR 125 Factor. Mas, ao invés de usar a injeção eletrônica, a marca japonesa economizou e optou por um carburador mais moderno, mas que deixou sua 125 cc mais “fraca”, porém mais econômica.

Em setembro, a Honda mostrou a Biz 125 Fuel Injection, a primeira motocicleta de baixa cilindrada do Brasil a vir equipada com injeção eletrônica de combustível. Agora em dezembro, mostrou a campeã de vendas, CG Titan 150, com a tão desejada injeção equipando um modelo com visual novo e polêmico.

Os leitores mais atentos notaram que muitas motos ficaram de fora dessa lista de mudanças para atender ao Promot 3. Com toda razão. A crise no último trimestre fez os estoques das fábricas de motos aumentarem e as vendas caírem. Cautelosas, as montadoras adiaram muitos lançamentos. Porém, uma coisa é certa: o que ainda não mudou vai ter de mudar.

A dupla de 250cc da Honda — Twister e Tornado — será obrigada a mudar. Atualmente equipadas com carburador, não passam nos testes de emissão de poluentes. Alguns apostam apenas na injeção, outros falam em motor maior e injetado. Resta esperar para conferir. Segundo os concessionários Honda, só em fevereiro chega a nova Twister.

Outra que deve ser aposentada é a Honda NX 4 Falcon que, aliás, já está fazendo hora extra com oito anos de mercado. Basta prestar atenção nas promoções das revendas para “desovar” a trail de 400cc.

Queima de estoque também estão fazendo as revendas Yamaha com a linha de 250cc, Fazer e Lander, modelos 2008. Mesmo com injeção eletrônica, ambas não atendem à nova lei. Porém, as mudanças serão poucas — apenas um catalisador resolveria o problema.

Já no caso da custom Drag Star 650, sua morte está anunciada. Carburada, ela vai sair de linha em 2009. Dizem que a recém lançada Midnight Star XVS 950 vai substituí-la.

Lançamentos

Por falar em lançamentos, 2009 promete. A Suzuki, que faz segredo sobre as mudanças em sua linha de 125cc (Yes, Intruder e Burgman), já apresentou suas armas para o próximo ano no segmento de média cilindrada: apostou na GSX-F 650 e também na V-Strom DL 650.

A Yamaha promete que vai trazer a nova XTZ 660 Ténéré. Os aventureiros já economizam alguns reais e sonham com a nova big-trail. Outra promessa antiga é um scooter vendido oficialmente pela Honda. Será? Os motociclistas paulistas adorariam o SH 125 injetado para enfrentar os congestionamentos.

Prometido também está o lançamento da primeira moto bicombustível do mundo: a Amazonas AME C1, uma custom que poderá rodar com álcool ou gasolina em função da tecnologia Delphi. Resta saber se, em um veículo naturalmente econômico como a moto, valerá a pena rodar com álcool e pagar mais pela moto? O preço da moto de 300 cc deve girar em torno de R$ 16.000.

Difícil responder a essa pergunta sem saber o consumo da moto flex rodando com álcool. Assim como é difícil prever o que vai acontecer com as motos chinesas. Sundown, Traxx, Dafra, Kasinski e companhia não revelaram quais estratégias usarão para atender ao Promot 3.
 
Há duas (ou mais) opções: adotar a injeção eletrônica, o que encareceria o preço final e prejudicaria a competitividade dos produtos chineses; ou “amarrar” o motor e instalar catalisadores, estratégia que deixaria as motos chinesas com um desempenho ainda pior.

Bom Ano Novo a todos os motociclistas! Pois no segmento de duas rodas 2009 promete!


Fonte:
Agência Infomoto

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