Alguém já deixou a moto cair de bobeira?

Uma série de episódios engraçados que podem servir de aprendizado aos motociclistas.

Por Leandro Alvares

Flávio Makoto Nemoto

Ando de moto há mais ou menos dois anos e meio. Graças a Deus nunca tive nenhum acidente envolvendo terceiros. Claro que já caí ou deixei a moto cair de bobeira, por isso vou relatar alguns desses episódios. Escrevo apenas para evitamos algumas bobeiras, afinal aprendemos com o relato de outras pessoas. Aí vão alguns casos:

Quando fiz a primeira revisão, deixei a bichinha cair no chão. Parei a moto num vão entre a calçada e a avenida e não dava pé. Resultado: caí de lado. Não aconteceu nada, mas foi hilário. Se a moto estivesse ligada, era só dar uma aceleradinha boba para frente que daria pé.

Na segunda vez eu quase caí. Tinha comprado uma capa de chuva nova e as calças eram muito compridas. A barra enroscou na pedaleiras quando estava parando, mas por sorte percebi e andei muito devagar alguns metros a mais. Nesse curto espaço de tempo consegui soltar a barra da calça... Ufa!

Em outra feita, estava com minha máquina recém comprada e precisava calibrar os pneus. Parei, só que com a pedaleira mal apoiada. Quando coloquei o bico na roda dianteira, a moto foi para o chão. Que raiva! Quebrei o suporte que segura o retrovisor esquerdo e a embreagem. Bom, eram 18h em Sampa, escolhi um caminho alternativo só com ruas secundárias e levei a moto praticamente a 30 km/h até chegar a minha casa.

Não aconteceu absolutamente nada com o tanque nem com a parte traseira. O conserto ficou em R$ 20 com meu mecânico de confiança. Aprendizado: deveria ter checado, ao parar a moto, se o suporte estava bem calçado no chão.

Uma vez fui pescar com a família e resolvi seguir todos com minha custom. Eles foram por uma estrada de terra e o bobão foi acompanhando a turma. De repente afundei a roda dianteira numa parte em que havia um banco de areia. A moto foi parando, parando, parando até que a roda dianteira afundou totalmente na areia.

Foi engraçado que eu estava acompanhando a todos a mais ou menos 10 Km/h. Quando a roda afundou na areia, fui parando até cair de bobeira. Enfim, dava para ter evitado. Era só ter escapado por um dos lados que evitaria o banco de areia... Pura inexperiência.

Primeiramente, eu nem devia ter pegado a estrada de terra com moto custom. Por sorte, a pedaleira avançada segurou todo o peso da moto e não tive nenhuma avaria na máquina. Vivendo e aprendendo.

Faltando uns 100 metros para chegar em casa depois de ter participado de uma corrida, estava há mais ou menos 10 Km/h quando precisei frear, pois um carro cruzaria a minha frente. Quando apertei o freio dianteiro, minha roda dianteira simplesmente deslizou e caí devagar. Felizmente, o veículo que iria cruzar tinha percebido e parou imediatamente.

Bom, tinha óleo no asfalto e não havia muito que eu pudesse fazer. Na verdade, até havia, pois como estava andando devagar talvez pudesse ter olhado melhor para o asfalto. Este foi o incidente mais grave e, por sorte, a pedaleira avançada segurou novamente a moto. E de novo só a pedaleira que ficou toda ralada.

No sexto caso, minha esposa e eu estávamos chegando em casa, aguardando o portão ser aberto. O acesso ao meu condomínio é pouquinho íngreme, por isso soltei a embreagem para entrar só que esqueci de acelerar (neste dia não sei porque não acelerei...). Resultado, a moto morreu e fomos eu e minha esposa para o chão. Coitada da minha esposa, pois desta vez foi a perna dela que segurou a moto. Não aconteceu nada, porém foi um susto e depois que tudo passou achei a cena hilária. O aprendizado é que quando andamos no dia a dia nós temos uma aceleração para arrancar. Quando estamos garupado, é necessário acelerar um pouco mais, pois a moto tem que arrancar com mais peso. Enfim, foi mais uma bobeira minha.

Quando comprei a minha primeira moto, fui logo mostrá-la a um velho colega de infância. Ela nem estava emplacada e a cor mal tinha sido lançada pela montadora. Mostre-a, ele babou e disse que queria dar uma voltinha. Passei a moto para ele, e eu jurava que ele sabia andar de moto. Resumindo, ele deu a partida, soltou de maneira brusca a embreagem, ela deu um forte tranco e ele deixou a moto ir para o chão.

Ele até que tentou segurar com força. mas não teve jeito. A moto sem placa e tirada aquele dia da concessionária fora batizada com um arranhão na rabeta traseira. Enfim, a culpa não foi do meu colega, mas minha mesmo porque pensava que ele sabia andar de moto.

O aprendizado é que quando emprestar a moto, seja para qualquer um, certifique-se antes se a pessoa realmente sabe andar. Vendi esta moto quase três meses depois porque olhava para aquele risco e aquilo me perturbava. Primeira moto e ainda 0 Km, já viu... Pelo menos para mim tem que estar impecável. Como é humilhante você na fila do Detran para emplacar a máquina e todos olhando para o risco perguntando como fiz aquilo.

Estou com 37 anos e guio a moto com a maior prudência aqui no trânsito de São Paulo. Como se não bastasse o dia a dia, ando de moto aos finais de semana com minha esposa. Durante semana, ela é um meio de transporte sem igual. Uma pena que a imagem da moto está associada aos milhares de inconsequentes que querem chegar dez minutos mais rápido a algum ponto.

Mesmo com uma moto de 250cc, eu ando muito tranquilo dentro dos corredores. De carro levaria mais de uma hora para fazer o trajeto de casa rumo ao trabalho. De moto, mesmo andando muito pianinho, levo apenas 30 minutos.

Com o tempo que ganho com a moto consigo correr no parque do Ibirapuera, vou a academia, frequento escola de idiomas, consigo fazer cursos extracurriculares (esporadicamente), vou ao centro com minha esposa aos sábados.... É um excelente meio de transporte.

Seria legal que todos se respeitassem neste trânsito selvagem. Por isso, continuo achando que país de primeiro mundo é pais de primeiro mundo (Itália, Espanha, França, Bélgica, Estados Unidos, Japão, entre outros). Dá muito gosto de ver como o trânsito flui nesses lugares e como há respeito.

Cabe a nós, motoristas e motociclistas, dar o exemplo. Vamos pensar um pouco nisso.

O “motonauta” Flávio Makoto Nemoto participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Moto Repórter

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