Acessório ajuda a vender, mas não valoriza moto usada

Venda de motocicleta equipada pode implicar na perda de dinheiro e demora para encontrar comprador

Por Aladim Lopes Gonçalves

Carlos Bazela

Seja um bauleto para facilitar a vida de quem transporta volumes de um canto a outro, ou mesmo uma ponteira de escape para deixar a moto com visual esportivo, realizar modificações na motocicleta pode ainda ser um diferencial que ajude na hora da revenda. Mas, quem está pensando em cobrar a mais por isso, é bom rever a tática. “Ajuda a vender, mas não incrementa o valor”, afirma Humberto Cury, consultor de vendas da B.G. Motos, revenda multimarcas de São Paulo (SP).

Segundo Cury, a perda é de pelo menos 70% - quando não de 100% - do valor investido e especialmente cruel para os modelos de baixa cilindrada. “Em moto pequena não se coloca nada. Até bauleto, só mesmo motoboy tem interesse em já comprar com ele”, comenta Cury. Entretanto, o consultor revela que um acessório certo e condizente com a motocicleta ajuda na hora de passá-la para frente. “Tem que ser acessório original e no mesmo padrão da moto. No caso de uma BMW R 1200 GS, por exemplo, as malas têm que ser as rígidas, as prateadas”, enfatiza.

Marcos Monteiro, gerente de Planejamento Comercial da Honda, que está atualmente desenvolvendo uma linha de acessórios originais para a linha CB 500, concorda. “Os acessórios têm um papel importante nessa relação moto x valor de revenda. No mercado Trail, acessório é um diferencial e agrega valor na revenda, como por exemplo, malas e equipamentos para viagem”, conclui o executivo, mas sem entrar em detalhes sobre a questão do comprador pagar a mais por eles ou não.

Nem Harley escapa
Mesmo com os modelos da Harley-Davidson, famosa por incentivar a personalização de suas motos – o que, inclusive, gerou à empresa receita de 169,3 milhões de dólares em 2013 em todo o mundo – o cenário é o mesmo. “Ter acessório na moto é tão bom quanto ruim” comenta Antonio Pimenta, da Phd Pimenta, na Zona Norte de São Paulo, que trabalha com modelos da marca de Milwaukee desde 1983.

De acordo com Pimenta, além do proprietário não poder cobrar a mais por eles, os acessórios podem fazer com que a moto demore mais para achar um comprador. “A gente coloca os acessórios de acordo com o nosso gosto, com a nossa cabeça. Então, precisa esperar aparecer alguém com a mesma cabeça para querer comprar”, explica ele.

Já entre os equipamentos que podem ajudar na revenda, Antonio Pimenta indica que a prioridade são os utilitários, como protetor de motor e encosto para a garupa. “O sissy bar acaba sendo útil, afinal o público da Harley-Davidson costuma ter mais de 35 anos e levar a namorada ou a esposa na garupa”, comenta.

Equipar ou não?
Para o motociclista que pretende investir em modificações para deixar a moto com a “sua cara”, ambos os lojistas são unânimes no conselho. “O ideal é comprar um acessório que o dono possa retirar do modelo vendido e instalar em uma próxima moto”, comenta Humberto Cury da B.G Motos. Ele também enfatiza que, quando for substituir peças, o ideal é sempre guardar os itens originais para equipá-los ou, pelo menos, oferecê-los junto com a moto na hora da revenda, para que ela fique o mais próximo do produto original.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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