Leandro Alvares
Falar que o setor de motocicletas está em ritmo constante de crescimento já não representa muita novidade no Brasil.
Por isso, os números positivos divulgados ontem, em São Paulo, pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas e Similares) foram ligeiramente secundários em relação a outros dois assuntos discutidos na coletiva de imprensa: o desenvolvimento responsável e o incentivo às práticas de segurança.
De acordo com a entidade, o país necessita de ações sérias, grandes investimentos e uma política rigorosa referente à qualidade, durabilidade e suporte técnico aos produtos adquiridos pelos consumidores. “Precisamos de mais ações voltadas às práticas de segurança e conscientização quanto à importância da manutenção dos equipamentos”, disse Paulo Takeuchi, presidente da Abraciclo.
Em uma pesquisa realizada por dois meses nas estradas, a Abraciclo constatou pelo menos um tipo de problema em todas as motos que passaram por uma revisão básica de componentes.
“Melhorar esse quadro atual é uma de nossas metas, especialmente no que diz respeito aos acidentes com motos”, destacou Moacyr Alberto Paes, diretor executivo da associação. “Podemos adiantar inclusive que já existe um projeto novo para melhorar o processo de habilitação para motos. Ele só precisa ser aprovado pelo governo”, revelou.
Segundo o presidente Paulo Takeuchi, o mercado de duas rodas brasileiro pode atingir um nível de maturidade nos próximos anos. “Acredito que até 2012, desde que trabalhemos com seriedade para o crescimento do setor não ser passageiro, e sim seguro”, ressaltou.
Novos recordes
O primeiro trimestre de 2008 registrou um incremento de 23,7% na produção de motos sobre os primeiros três meses do ano anterior. De janeiro a março, foram produzidas 540.202 novas unidades, 100 mil a mais que o atingido neste período em 2007.
Os números referentes à produção do mês de março deste ano apontam 184.790 unidades, contra as 157.549 motocicletas produzidas no mesmo mês de 2007, o que representa um crescimento de 17,3%.
Em relação ao mês de fevereiro, quando foram produzidas 168.177, março apresentou um acréscimo de 9,9%, atingindo a produção de 184.790 equipamentos. As montadoras ainda contabilizaram um acréscimo de 9,3% nas vendas ao atacado se comparado a fevereiro, quando foram comercializadas 159.357 motocicletas.
“Os resultados apresentados no primeiro trimestre de 2008 podem até mesmo assinalar a superação dos prognósticos iniciais de crescimento projetados pela entidade em seu balanço de encerramento do ano passado. A perspectiva de crescer acima dos 12% previstos pode vir a se tornar realidade”, disse Takeuchi.
As exportações em março contabilizaram 8.278 unidades vendidas, um decréscimo de 22,1% se comparadas ao mesmo mês em 2007, que registrou a comercialização 10.626 motos. Em relação às vendas externas de fevereiro, março teve uma queda de 22,3%. Para a Abraciclo, nada fora do previsto, considerando-se a desvalorização da moeda nacional frente ao dólar.
Com base nos números acumulados, a entidade estima que o segmento encerrará o ano com um total de 1.940.000 motos produzidas, um aumento de 11,5% em relação ao acumulado em 2007.
Os dados divulgados pela Abraciclo são baseados no desempenho de suas seis montadoras afiliadas: Dafra, Harley-Davidson, Honda, Kasinski, Sundown e Yamaha.