A eletrônica nas motos chegou quando?

Vale a leitura para ter uma noção do que foi essa evolução! Quando prestamos atenção, já era tarde!

Por Trinity Ronzella

Voltamos no tempo para ver por onde a eletrônica começou a assumir o comando.

Quais foram as 10 pioneiras a receber “vida própria” se tornando mais sofisticadas com a eletrônica assumindo parte do protagonismo?

Conhecemos o jargão “comendo pelas beiradas” e, com a eletrônica nas motos não foi diferente. Vieram mansas, pegando um comando aqui, outro lá, equilibrando isso, pressionando aquilo e, quando nos demos conta, já tinha ido!

Espero que não aconteça o mesmo que ocorre com os carros. Enfiam tanta tecnologia dentro dos carros e, ao mesmo tempo, se perguntam porque o motorista fica tão distraído.

Mas a tecnologia é a evolução, impossível de frear e inevitável!

Da mesma maneira que a tecnologia avançou no século XX na parte mecânica com suspensões melhoradas, motores mais leves, freios a disco, refrigeração líquida entre outros, estamos passando agora pelos avanços digitais! Isso sem falar dos elétricos. Nosso mundo das duas rodas está mudando, e rápido!

Mas esses avanços se originaram alguns anos antes de chegarem até nós, quando chegam causam um impacto considerável! Vamos exemplificar:

 

Ano de 1980. 

Para a imensa maioria que andava de moto nessa época ou apenas gostava, chegava ao nosso alcance as incríveis e "gigantes" CB400! Foi uma revolução no mundo das duas rodas tupiniquim! Tínhamos afogadores e torneirinha de combustível com reserva…Quem lembra?

Foto: Divulgação

Ao mesmo tempo, a japonesa Kawasaki lançava a KZ1000 com injeção eletrônica, para tentar estender um pouco mais a “vida útil” do modelo, frente às fortes concorrentes Suzuki GS1000 e a CB900F da Honda.

Mesmo não sendo um sucesso comercial, foi eficaz e serviu como teste para a GPz1100B1, que obteve muito mais sucesso em 1981.  A Honda só teve uma injetada em sua linha de produção em 1981 com a CX500 Turbo. Detalhe, tinha transmissão em eixo cardã.

Foto: Divulgação

 

Ano de 1988, o ABS chega!

Dez anos após os primeiros carros da Daimler-Benz surgirem com o Sistema de Frenagem Anti-Bloqueio, a BMW oferece a primeira vez nas motos. Vindo na K100RS / K1, apesar de rude e pesado comparando com os carros, foi o pontapé inicial para que a concorrência fizesse o mesmo. Em 1992 a Honda trouxe  na ST 1100 Pan European e a Yamaha fez o mesmo na FJ1200.

  

 Foto: Divulgação - BMW K1                                                                Foto: Divulgação - BMW K100RS

 

Estamos em 1991.

Os painéis digitais que predominam nos modelos atuais para quem se lembra, surgiram  há um tempinho. Se levarmos em consideração a inexistência das facilidades de hoje, as informações demoravam a chegar no Brasil e estávamos muito bem. Só para lembrar, o Google começou em janeiro de 1996 como um projeto de pesquisa de Larry Page e Sergey Brin, quando ambos eram estudantes de doutorado na Universidade Stanford, na Califórnia, Estados Unidos.

Sem considerar painéis que continham  alguns detalhes digitais apenas, a primeira moto que ofereceu um painel com todas informações digitais (velocidade, odômetro, odômetro parcial, temperatura, conta-giros e combustível, foi a Bimota Tesi 1D. As Bimota sempre chamaram a atenção por ser “diferentona" das outras e, esse modelo específico apresentou esse painel que na época, não agradou muito.

 

 Foto: Divulgação - Painel Bimota Tesi 1D

Alguns modelos tinham algumas informações digitais como a NR750 em 92, a SB6R da própria Bimota um ano antes tinha um LCD menor, a Honda RC 45 de 94 tinha um medidor de temperatura enfim, muitas motos tinham relógios digitais mas, eram apenas detalhes.

 

Foto: Divulgação - Painel Honda NR750

 

Saltamos para 2006.

O primeiro acelerador Ride-by-Wire foi divulgado pela Yamaha quando detalhou sua R6. Com motor quatro cilindros e 599cc e injeção eletrônica, ainda tinha quatro válvulas de titânio por cilindro, no conta-giros, a linha vermelha começava nos impressionantes 17.500 rpm e trazia uma potência de 133 cv a 14.500 rpm. 

Foto: Divulgação

O acelerador ainda não era exclusivo Ride-by-Wire, contava com cabos, mas, eles enviavam a informação para um computador que calculava a abertura ideal da válvula do acelerador, que era acionado por um motor elétrico. A própria marca japonesa não aproveitou totalmente o potencial do sistema  e batizou de Acelerador Controlado por Chip Yamaha (TCC-T). Foi onde iniciou-se a evolução para o que temos hoje em dia.

 

2007, mais novidades.

Em 1990 a Honda trouxe  ST 1100 Pan European e, dois anos depois veio a ST1100A com o ABS e controle de tração, rudimentar para nossos atuais padrões, mas era TCS também.

Mas, o sistema que funciona através da ação no ECU (Eletronic Control Unit) da moto, com os sensores detectando a diferença de velocidade entre as rodas dianteiras e traseiras, somados a uma IMU (Unidade de Medição Inercial) calculando o ângulo de inclinação da moto, foi desenvolvido pela Bosch no início dos anos 90 na Ducati 1098R para corrida, em 2007. Tinham oito configurações diferentes de controle de tração e foi rapidamente utilizado também pela concorrência.

Foto: Divulgação - Ducati 1098R

 

Ainda em 2007, surgiram os primeiros modos de potência…

Com o Ride-by-Wire criado em 2006 pela Yamaha e as UCUs, um mundo de possibilidades surgiu na eletrônica. O ganho de potência foi mais um benefício que surgiu.

   

Foto: Divulgação - Suzuki GSX-R1000                                                Foto: Divulgação - Suzuki B-King
                          
 

A Suzuki, uma das primeiras a disponibilizar esse recurso em alguns modelos de 2007. Batizado de SDMT (Suzuki Drive Mode Traction), equipou a GSX-R1000 com três modos: um mais esportivo, outro  “normal” e a terceira opção  mais “relax”. Eles eram trocados por um botãozinho milagroso no punho direito que deixava a moto do jeitinho que o piloto queria!

Outro modelo que veio com essa tecnologia foi a “monstra" B-King. Nela eram modo A e B, um com potência total e outro para piso molhado.

 

Um ano a mais, 2008!

Chega a BMW R 1200 GS com o incrível sistema ESA ( Electronic Suspension Adjustment) e também em mais outros modelos da marca. É um ajuste de suspensão através de um botão que alterava a pré-carga do amortecedor traseiro por meio de algumas configurações definidas. Hoje temos por exemplo: um passageiro, um passageiro com bagagem, dois passageiros e dois passageiros com bagagem.

    Foto: Divulgação

Obviamente o mercado absorveu isso e outros fabricantes fizeram o mesmo, mas, a marca alemã foi pioneira novamente  na sua versão HP4 com um ajuste mais fino ainda na S1000RR. Não pulando etapas, apenas citando, em 2013/14, a BMW conseguiu  evoluir a ponto de ajustar o amortecimento de retorno e compressão do amortecedor automaticamente, enquanto pilotava.

Na GS surgiu o Dynamic ESA, com uma ECU dedicada  que “conversava” com outras configurações e sensores da moto.

 

Estamos em 2010!

Estamos falando de 12 anos atrás! Quando a Ducati trouxe na Multistrada 1200 S os primeiros modos de pilotagem totalmente integrados!

Essa moto realmente deixou muita gente doida por ela! Ela como dizemos hoje em dia, “causou”!

Foto: Divulgação

 

Mesmo vindo com um belo quadro, o incrível motor Testastretta V-Twin reajustado, seus modos de eletrônica ajustáveis, os mapas de potência do motor, controle de tração e suspensão eram incríveis mas, o que essa 1200 S fazia muito bem era combinar tudo isso em quatro modos de pilotagem predefinidos que transformava a moto de acordo com a necessidade do piloto. Parece que estamos falando de algo comum, mas em 2010 isso foi algo incrível!

Nesse ponto a concorrência é super saudável, quer ver?



2014, ano da KTM surpreender!

Lembrando: modos de potência, controle de tração, modos de condução, ajuste de suspensão, acelerador eletrônico já é o suficiente? Não!

Agora é a vez do ABS em curvas introduzido pela KTM no modelo 1190 Adventure, via Bosch.

Foto: Divulgação

ABS na reta? Fácil… e na curva? Dá até para pensar em bruxaria mas na verdade, é um combo de IMUs (Inertial Measurement Unit) mais programas sofisticados que deixaram o mercado como encontramos hoje. Quase todas as motos de última geração vêm equipadas com essa tecnologia.

Em tempo, a Continental, rival alemã da Bosch desenvolveu um sistema próprio logo depois, e forneceu para a BMW S1000XR.

 

2016 chegou mais colorido!

Salvo engano (que pode acontecer obviamente) a Ducati trouxe em 2015 na Multistrada 1200 S o primeiro painel TFT e, a cada ano eles se tornam maiores e mais sofisticados (complicados também).  Nessa versão eles eram monocromáticos e pareciam um versão do LCD. Mas a Monster 1200 R deu cor a isso e ficou tudo colorido. O TFT ( Thin Film Transistor) é basicamente uma versão mais sofisticada e refinada do LCD. Mais visibilidade, nitidez, sofisticação e recursos extras. Além de mais algumas coisas que não citei.  Se pensarmos nos painéis digitais da Bimota de 1991 e do primeiro relógio digital lançado, o Seiko Astron em 1969, hoje, 53 anos depois, temos o inimaginável! Incrível a evolução.

Foto: Divulgação

 

A evolução no mundo acontece mesmo quando estamos dormindo. Se acordado já está difícil de acompanhar, melhor ficar ligado, pois os próximos anos creio que serão mais surpreendentes ainda! 

De 2016 para hoje, o que mudou? Tá acompanhando?

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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