Entrevista: Anfamoto vê soluções para o mercado de motos
Orlando Leone, presidente da associação de motopeças acredita no potencial do setor das duas rodas no país
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aladim Lopes Gonçalves
A Anfamoto (Associação Nacional dos Fabricantes e Atacadistas de Motopeças) é uma entidade que representa as empresas do setor e promove eventos importantes como o Salão das Motopeças. A associação tem como presidente Orlando Cesar Leone, que tem contribuído para uma maior discussão na sociedade a respeito de questões importantes, como a criação de faixas de motos nos grandes centros urbanos, redução de impostos para equipamentos de segurança e capacete, certificação do Inmetro para maior qualidade no setor de motopeças, entre outras pautas.
MOTO.com.br: Conte um pouco de sua formação e trajetória profissional.
Orlando Leone: Comecei minha trajetória profissional em 1973, quando meu pai já atuava nesse ramo. Desde então fui formando meu grupo, inicialmente com a Monte Carlo que fazia peças usinadas e estampadas, depois veio a MC indústria de injeção plástica, e futuramente as lojas, a concessionárias e a importadora. Hoje o Grupo Montanna, com 25 anos de mercado, cerca de 420 colaboradores, abrange todo o segmento de motopeças. A Anfamoto foi inserida nesse contexto em 1980, meu pai novamente na história, foi um dos fundadores da Associação. Eu acompanhava o Sr. Ivo Vancini, em todas as reuniões, apoiava os projetos, praticamente cresci junto com a Anfamoto até que me tornei Presidente em 2000. Também atuei em outras associações, como diretor do Centro Comercial de São Paulo e Vice-Presidente da ANFIC.
MOTO.com.br: Qual a sua avaliação de momento para mercado nacional de motopeças?
Orlando Leone: O crescimento do segmento reflete a expansão do setor de duas rodas. A maior parte da produção dos fabricantes de motopeças, componentes e acessórios é voltada para atender à frota de aproximadamente 20 milhões de motocicletas atualmente em circulação. Um crescimento expressivo na última década já que em 2002 a frota era de aproximadamente 4,6 milhões. As perspectivas de crescimento para 2013 são bastante positivas. O ano começou bem e atingiu uma alta de 15% em relação ao primeiro bimestre de 2012. Este número se deve à queda nas vendas de motos novas, o que aumentou a manutenção das que já estão no mercado e os subsídios do governo para crédito do setor, que permite um maior avanço de pequenas empresas. Desde 2000, o crescimento anual do setor era de dois milhões de unidades. Para este ano esperamos um diminuição de 25% deste número, ou seja, um milhão e meio. Esta mudança no quadro do varejo das motocicletas é devido a maior seletividade por parte das instituições financeiras na oferta de crédito ao consumidor. Como resultado deste quadro, a manutenção das motos antigas aumenta e o setor de motopeças se aquece. A utilização de motocicletas é cada vez maior, os usuários querem agilidade para se locomover nos grandes centros urbanos, onde a frota de veículos também aumentou, ajudando o usuário a escapar dos grandes congestionamentos. Em São Paulo, por exemplo, uma série de serviços públicos são prestados de moto, como o SAMU, a CET, PM, Bombeiros, entre outros. Também O meio de transporte também é fonte geradora de renda como alternativa aos que não se recolocam no mercado de trabalho, especialmente em momentos de crise, conotando o crescimento expressivo do mercado de entregas rápidas. O comportamento do consumidor brasileiro mudou bastante nos últimos anos. É mais exigente, prima por produtos com melhor preço, mas também com melhor qualidade. A oferta é grande inclusive com a facilidade de comprar pela internet. Não posso deixar de mencionar que a qualidade do produto nacional é muito boa, porém sofre para se equipar ao preço dos importados. A formação dos preços também se relaciona com os aspectos de competitividade e esse nós ainda não superamos. Essa necessidade é ainda maior nos segmentos que atuam mais próximos do consumidor final.
MOTO.com.br: A Anfamoto está engajada na discussão de vários projetos que envolvem o motociclista. Como estão essas discussões com entidades e órgãos governamentais?
Orlando Leone: A Anfamoto durante reunião com o Secretario dos Transportes Jilmar Tatto, questionou sobre o projeto da Nova Luz. O mesmo informou que está em estudo. Estamos acompanhando, pois temos interesse em tudo o que se refere ao segmento de duas rodas e que possa melhorar a condição de circulação das motocicletas e motociclistas, bem como a segurança no trânsito. Com relação ao projeto das motofaixas, sabemos que é uma das alternativas de planejamento viário para aumentar a segurança no trânsito, principalmente para motociclistas. Evita-se também que os motociclistas trafeguem entre as faixas diminuindo o número de acidentes. Na cidade de São Paulo são duas, a da Rua Vergueiro e da Av. Sumaré. No inicio da gestão do Prefeito Gilberto Kassab foram anunciadas a implantação de motofaixas em oito vias. Por não apresentar o resultado esperado, o projeto foi abandonado. A Anfamoto aguarda reunião com o Secretario da Fazenda para tratarmos do pedido de isenção do ICMS para capacetes, esse pedido tem como base a arrecadação atual que é entre R$ 10 e 14 milhões, esses dados são estimados por falta de dados oficiais, queremos sensibilizá-los que frente aos mais de R$ 27 milhões gastos com internações de vitimas de acidentes de moto em 2011, deixar de arrecadar não representaria tanto. Estamos também em constante contato com as três esferas do poder para que sejamos ouvidos e para que tenhamos voz junto ao poder público. Para 2014 já estou agendando alguns encontros com autoridades para tratar do segmento.
MOTO.com.br: A Anfamoto produz ações e atividades importantes para o setor. Qual o papel desses eventos para o mercado?
Orlando Leone: O Salão Nacional e Internacional das Motopeças e a mostra tradicional da Anfamoto, realizada a cada dois anos em São Paulo – SP. É um evento estritamente voltado para negócios. A próxima edição será em agosto de 2014, com quatro dias de mostra, mais 100 expositores, 200 marcas representadas e esperamos dez mil visitantes. O Salão Itinerante é a versão reduzida do evento que ocorre em São Paulo, realizado em algumas capitais do Brasil e em cidades do interior, tem como objetivo reunir empresas de todo Brasil e levar aos profissionais e empresários dessas regiões oportunidades de negócios, lançamentos e novidades. Frequentemente realizamos duas edições por ano do Itinerante.
MOTO.com.br: Quantas empresas fazem parte da Anfamoto hoje?
Orlando Leone: Atualmente cerca de 250 empresas compõe nosso quadro de associados. Temos nesse segmento empresas de um funcionário até multinacionais, então fica difícil precisar qual fatia desse mercado já atingimos. Temos expectativa de até o fim de 2014 dobrar esse número. Podem se associar fabricantes, distribuidores, atacadistas, lojistas e representantes de motopeças e acessórios. Ao participar da Anfamoto os associados terão oportunidade de ampliar sua rede de contatos e de integrar a mais completa entidade do setor de motopeças. Podem participar de comitês, reuniões, eventos e projetos nos quais sejam de interesse, tem também desconto na aquisição de anúncios na Anfamoto em Revista e desconto na aquisição de estandes nos salões promovidos pela entidade. Somos associados a diversas entidades que também concedem benefícios extensivos aos nossos associados.
Fotos: Divulgação
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